fbpx

Coluna Vitor Vogas

Os planos de Renzo para o PSD nas maiores cidades nas eleições 2024

A candidatura em Colatina: “Quero o apoio de Guerino. Por que não?” E mais: as portas do PSD escancaradas por ele para Gandini e para Marcelo Santos

Publicado

em

Renzo Vasconcelos com Gilberto Kassab. Crédito: Reprodução Facebook

O ex-deputado estadual Renzo Vasconcelos assumiu em março a presidência estadual do Partido Social Democrático (PSD) com uma missão confiada a ele pelo cacique nacional da legenda: fazê-la crescer no Espírito Santo, filiando candidatos e elegendo um bom número de prefeitos e vereadores no ano que vem.

> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!

“Crescer” propriamente não será um problema. O PSD não tem mais para onde diminuir. Dono de uma das maiores bancadas na Câmara Federal, o partido do centro-direita vive hoje, no Espírito Santo, situação semelhante à do MDB: nacionalmente é um partido de grande porte, bem estruturado, com bom volume de recursos do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral em função da expressiva bancada na Câmara. Já em nível estadual, teve um resultado pífio nas eleições de 2022, beirando um quadro de terra arrasada.

Receba as notícias da coluna no grupo de Whatsapp do Vítor Vogas.

Hoje, no Estado, o PSD só tem um prefeito (o da pequena Água Doce do Norte) e nenhum deputado estadual nem federal. “O PSD é um partido grande em âmbito nacional, mas aqui no Espírito Santo não acompanhou esse crescimento nacional. Kassab fez uma aposta em mim, para trazermos novos nomes e lideranças fortes do Estado”, conta Renzo. Sua meta? “Ter o PSD na próxima eleição, ou quem sabe em 2026, entre os cinco maiores partidos do Estado.”

Para isso, Renzo faz planos ousados, que incluem o lançamento de candidatos competitivos às prefeituras de algumas das maiores cidades capixabas em 2024… começando pela sua candidatura a prefeito de Colatina.

Colatina: por que desta vez vai?

“Sou pré-candidato a prefeito de Colatina”, começa Renzo, matando de cara qualquer dúvida. Depois de ter sido vereador da cidade por um mandato, de 2013 a 2016 (pelo Cidadania, então PPS), ele se prepara para concorrer pela primeira vez ao Executivo de sua cidade, onde sua família é dona de um “império econômico” que inclui fazendas (istradas por ele), um hospital e uma faculdade particular.

Em eleições adas, ele e seu pai, Pergentino Júnior, estiveram ao lado dos hoje deputados federais Paulo Foletto (PSB) e Josias da Vitória (PP). Na última municipal, em 2020, apoiaram o atual prefeito, Guerino Balestrassi (Podemos). Por que dessa vez Renzo decidiu se candidatar? A resposta contém as primeiras críticas a Guerino:

“Escuto muito a população. As pessoas começaram a pedir que a gente colocasse o nome porque Colatina precisaria de alguém que parasse de falar em futuro, mas pensasse nas coisas de hoje, trabalhasse no hoje, renovasse hoje, mudasse hoje. E eu sou assim. Acho que Colatina quer isso.”

A simbiose com Erick Musso: “gratidão”

No contexto local, a principal força aliada a Renzo é o Republicanos, presidido no município por seu pai, Pergentino Júnior. Já o presidente estadual é o ex-chefe da Assembleia Erick Musso, fiador dessa aliança entre o Republicanos e o PSD – a qual se estende para vários municípios.

No ano ado, Renzo disputou a eleição a deputado federal pelo Partido Social Cristão (PSC) e ajudou a levar a sigla para a coligação de Erick na disputa pela vaga no Senado. Renzo apoiou pessoalmente a candidatura de Erick. Nenhum dos dois teve êxito nas respectivas candidaturas. Mas ficou, para Renzo, a expectativa de retribuição:

“Acho que gratidão virou virtude de homem. Você tem obrigação. E o Erick deve ter alguma gratidão por mim.”

Renzo diz contar com “apoio incondicional” do seu pai nessa empreitada. “Eu só sou político porque tenho o meu pai do lado. Graças a Deus, diferentemente de alguns políticos, tenho um pai que consegue me dar o e político que eu preciso para disputar as eleições. Então, se hoje estou pré-candidato a prefeito, é porque tenho o apoio dele.”

Sobre Meneguelli: “Quero o apoio dele”

Logicamente, na posição de comando hoje ocupada por Pergentino, fica mais fácil para Renzo garantir o apoio do Republicanos. Ocorre que o vice-presidente do mesmo partido em Colatina é ninguém menos que o deputado estadual e ex-prefeito Sérgio Meneguelli, que, em tese, pode se animar a tentar recuperar o cargo.

“Espero contar com ele. Fui vereador com Sérgio Meneguelli, fui um dos colaboradores da campanha dele para deputado estadual e, sem dúvida alguma, o apoio dele é muito importante para o que quer que seja. Se ele for candidato, é um direito dele. Mas torço pelo apoio dele e trabalharei para ter o apoio dele.”

Sempre se fiando na relação com Erick, Renzo dá a entender que, se Meneguelli quiser ser candidato a prefeito, dificilmente o logrará pelo Republicanos: “Internamente, eles precisam dialogar isso melhor. Mas acho que, com a relação que tenho com Erick Musso em nível estadual, não terei dificuldade em ter o Republicanos em meu palanque”.

Para bom entendedor, se Meneguelli quiser ser candidato a prefeito, terá de buscar outra sigla, correndo talvez o risco de perder o mandato na Assembleia Legislativa. “Acho que temos que sentar e conversar. Falta o diálogo a algumas pessoas. A minha diferença é essa”, ameniza Renzo.

Sobre Lucas Polese: “Natural que ele me apoie”

Renzo afirma que o deputado estadual Lucas Polese (PL), também de Colatina, não disputará para prefeito. Ele espera também contar com o apoio desse outro conterrâneo e do PL: “Com certeza. O nosso diálogo é muito bom. Acho que é natural”.

Sobre Guerino Balestrassi: “Quero seu apoio. Por que não?”

Já com Guerino Balestrassi, Renzo afirma não ter relação política alguma no momento. O atual prefeito também é pré-candidato declarado à reeleição, mas o presidente estadual do PSD diz não o considerar um adversário:

“Não sou adversário de ninguém. Não entrei na vida pública para constituir adversários nem inimigos. Eu penso diferente. Ele dizia que pensava igual a mim e está mostrando que pensa diferente. Então tenho minhas dificuldades políticas, mas não o considero meu adversário.”

Diferente em quê? Aí vem a segunda crítica: “Acho que a gente precisa construir o hoje e escutar a população, saber que está num cargo de representatividade popular. Quando você ganha escutando o povo e depois começa a fazer o que vem na cabeça sem escutar o povo, isso me torna um pouco distante”.

Entretanto, para surpresa deste colunista, Renzo diz que buscará o apoio eleitoral do próprio prefeito: “Hoje não tenho relação com o Guerino e tudo o que eu quero é uma relação respeitosa com ele. E vou procurar o apoio até dele”.

Uai! Mas do próprio Guerino?!?

“Por que não? Vai que ele retribuiu a ajuda que dei à eleição dele na vez ada, em 2020! Pode acontecer”, responde Renzo.

Calma.

Em política nada é impossível, mas será que Renzo considera mesmo plausível essa “retribuição”? Ele responde: “Sim, considero. Eu nunca tinha andado com ele, sempre tinha apoiado Da Vitória e Foletto, mas lancei e andei com ele em 2020, separado do Da Vitória e do Foletto. Então por que dessa vez não pode acontecer o apoio do Guerino a mim?”

Apesar do distanciamento e da absoluta falta de relação política, Renzo afirma que, “sem dúvida”, tomará a iniciativa de procurar o prefeito para abrir esse diálogo.

Sobre Casagrande: “Sempre o apoiei”

Atualmente, Renzo considera-se aliado do governador Renato Casagrande (PSB). Aliás, não só “atualmente”. “Ele teve o meu apoio em todas as suas campanhas a governador, desde 2010. Em 2022, fiz inclusive vídeo declarando apoio a ele e fui para a rua.” Isso somente no 2º turno, vale ponderar.

Quanto a Guerino, o atual prefeito não só é aliado do governador como foi coordenador em Colatina da campanha dele à reeleição no ano ado. Então estamos falando, a princípio, de um duelo entre dois aliados de Casagrande.

Vitória: “Gandini terá o que quiser”

Renzo confirma não só o convite como também uma conversa muito bem avançada para que o deputado estadual Fabrício Gandini se filie ao PSD e concorra pelo partido à Prefeitura de Vitória.

Ex-presidente estadual do Cidadania, Gandini entregou o cargo em julho e quer sair da agremiação a fim de viabilizar a candidatura. Para isso, já até entrou com ação no TRE-ES pedindo autorização para se desfiliar sem perder o mandato na Assembleia.

Renzo e Gandini foram não só colegas na Assembleia como correligionários no Cidadania. O presidente do PSD no Estado garante a Gandini portas escancaradas, tapete vermelho e “tudo o que ele quiser”, se ele de fato a ficha de filiação.

“Tenho uma relação antiga com o Gandini. Tive uma relação muito boa com ele na Assembleia. Ele me falou do seu interesse em largar a sigla com interesse em disputar a Capital. O Gandini tem interesse em vir para o PSD. Ele tem a plena vontade de vir, mas precisa primeiro resolver as condições partidárias dele. Torço para que as coisas se resolvam logo para, rapidamente, o PSD já ter uma representatividade na Assembleia. E, se ele de fato vier para o partido, tenho compromisso em Vitória com o que ele quiser.”

Segundo Renzo, se confirmada a filiação de Gandini, o deputado poderá levar com ele outros membros do Cidadania. “Não tenho esse tipo de diálogo com ele, mas é natural que leve. É natural que os aliados caminhem juntos.”

O presidente do PSD em Vitória é o empresário e produtor de eventos Nelinho Miranda.

Serra: fechado com Muribeca

No maior colégio eleitoral do Estado, Renzo já definiu: “Vamos caminhar com o Pablo Muribeca”. Filiado ao Patriota, que está em processo de fusão com o PTB, o deputado estadual tende a migrar para o Republicanos, com quem o PSD tem acordo na Serra, em mais uma tabelinha de Renzo com Erick Musso.

Renzo não descarta a ida de Muribeca para o PSD, mas reconhece a preferência do partido de Erick: “O Pablo pode ir para o Republicanos ou para o PSD. A porta está aberta também, mas não necessariamente entrarei nessa disputa se for para desagregar com o Republicanos”.

Outros municípios

Em Linhares, nova dobradinha com o Republicanos. O PSD, garante Renzo, apoiará a reeleição do prefeito Bruno Marianelli (Republicanos), cria política do ex-prefeito Guerino Zanon, que permaneceu no PSD após ter perdido no 1º turno a eleição para governador em 2022.

Em São Mateus, o PSD lançará para prefeito o empresário Marquinhos da Cozivip, prestador de serviços para a Petrobras.

Em Cariacica, Renzo diz já ter fechado apoio à reeleição do atual prefeito: “Vamos caminhar com Euclério”. Em Vila Velha, o presidente estadual do PSD diz ter “diálogo muito próximo” com o prefeito Arnaldinho Borgo (Podemos).

Sobre Marcelo Santos: “Não vejo dificuldade alguma”

Quem não será candidato a nada em 2024, mas também está em busca de um novo partido, é o presidente da Assembleia, Marcelo Santos (Podemos).

Postulante a uma cadeira de deputado federal em 2026, Marcelo está à procura de uma sigla que ele possa controlar no Espírito Santo, ou, no mínimo, ajudar a construir, levando consigo seus muitos aliados de norte a sul do Estado e montando suas chapas proporcionais e majoritárias.

Em recente entrevista a este espaço, o próprio Marcelo confirmou essa pretensão e, espontaneamente, citou o PSD como um destino que lhe interessa e que é compartível com o seu projeto, até porque, na sua visão, seus planos não se chocam com os de Renzo: um é candidato a prefeito em 2024, enquanto o outro só está mirando em 2026.

Dando uma senhora abertura a Marcelo, Renzo diz concordar com a avaliação do presidente da Assembleia:

“Marcelo tem um respeito muito grande por mim. Eu conversei com ele. Acho ele um líder importante no Espírito Santo. Não à toa é o presidente da Assembleia. E eu gostaria de tê-lo nos quadros do PSD também.”

Mas cabem os dois no PSD?!?

“Não vejo dificuldade. Concordo que nossos projetos não entram em conflito.”

Mas a eventual chegada de Marcelo não poderia representar para Renzo algum risco de ser derrubado, se o presidente da Assembleia já chegar para tomar-lhe o partido e assumir o controle do PSD no Estado?

Renzo repete que não vê dificuldade e acrescenta que não nutre esse tipo de vaidade de necessariamente ser o presidente estadual do PSD:

“Não vejo dificuldade nenhuma. Esse tipo de vaidade não me brilha os olhos, não. Estou nomeado pelo Kassab como presidente estadual com a incumbência de trabalhar para aumentar o partido no Espírito Santo, e farei isso. Não tem partido grande sem que a gente traga e divida a liderança com alguém. Não vejo dificuldade em dialogar isso com Marcelo nem com ninguém. É óbvio que, enquanto me for confiada a presidência, trabalharei para a sigla ficar mais forte.”

Olha aí, Marcelo!