Coluna Vitor Vogas
Ferraço assume PP em Cachoeiro e partido se aproxima do PL de Magno
Deputado afirma que partido tem forte possibilidade de apoiar Júnior Corrêa (PL) a prefeito. Seu vice-presidente será Zezé da Cofril, pai de Júnior

Theodorico Ferraço. Foto: Assembleia Legislativa
Prefeito de Cachoeiro de Itapemirim por quatro mandatos, o deputado estadual Theodorico Ferraço está prestes a assumir a presidência do Progressistas (PP) no maior município do sul do Espírito Santo. O veterano deputado ficará com o comando da Executiva Municipal Provisória, tendo como vice-presidente o empresário José Carlos Corrêa.
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Zezé, como todos o chamam, é o presidente da Cofril, um dos principais frigoríficos de suínos do Espírito Santo. Mais importante: é ninguém menos que o pai do vereador José Carlos Corrêa Cardoso Júnior, o Júnior Corrêa, pré-candidato a prefeito da cidade pelo Partido Liberal (PL), sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A composição da nova direção municipal provisória ainda não foi registrada oficialmente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mas, segundo o próprio Ferraço, já está tudo acertado entre ele e os principais líderes e dirigentes do PP no Espírito Santo, incluindo o deputado federal e presidente estadual do partido, Josias da Vitória, o também deputado federal Evair de Melo e o ex-presidente estadual da sigla Marcus Vicente.
Ferraço confirma que essa nova formação, com Zezé na sua vice-presidência, sinaliza uma forte tendência de aliança local entre o PP e PL e de apoio do seu partido à candidatura de Júnior Corrêa, pelo flanco da direita cachoeirense.
O vereador e pré-candidato a prefeito tem perfil acentuadamente bolsonarista. Em 2022, obteve um bom resultado nas urnas para deputado federal, alcançando 37.756 votos. Ficou como 1º suplente de Gilvan (PL) na Câmara dos Deputados. No mesmo pleito, Bolsonaro foi muito bem votado em Cachoeiro na disputa presidencial: 69,4% contra 30,6% de Lula no 2º turno. Ferraço afirma que eles não querem saber de “radicalismos”.
“O Júnior Corrêa é um jovem político em ascensão. Teve excelente votação para federal. Sou amigo do pai dele há mais de 50 anos, e o avô dele foi meu vereador quando fui prefeito de Cachoeiro pela primeira vez [de 1973 a 1977]. Se o Júnior tiver viabilidade, conforme sempre teve, caminhamos para um bom entendimento com o PL. Há uma forte possibilidade de nós o apoiarmos, sem radicalismos. Mas vamos aguardar os próximos acontecimentos. Vamos ver a viabilidade dele e ouvir o Diretório Municipal. Se depender de mim, não vejo problema nenhum”, adianta Ferraço.
O deputado afirma que ainda não conversou sobre o cenário eleitoral de Cachoeiro com o senador Magno Malta, presidente estadual do PL e vereador do município (onde começou sua carreira política) de 1993 a 1995. Por outro lado, ele tem conversado muito sobre o processo eleitoral com Da Vitória, líder máximo do PP no Estado. Segundo Ferraço, Da Vitória é simpatizante da ideia de formação de uma aliança com o PL em Cachoeiro: “Ele está dentro da união e do entendimento do PP no município”.
Essa informação é importante porque suas significações transcendem a “capital secreta do mundo”. Além das implicações sobre o contexto eleitoral de Cachoeiro, a aproximação do PP com o PL na maior cidade do sul do Espírito Santo é mais um importante indício do movimento do partido de Da Vitória e Evair de Melo em direção ao PL e também ao Republicanos em nível estadual – e na direção contrária à coalização montada em torno do governador Renato Casagrande (PSB).
O PP faz parte do governo Casagrande, com lugar no 1º escalão (o comando da Sedurb, com Marcus Vicente). Mas, à medida que se aproxima do PL e do Republicanos, o partido se distancia progressivamente do movimento liderado pelo governador, em termos políticos e eleitorais.
PL e Republicanos não estão na base de Casagrande. Sob a direção de Da Vitória e com o olhar no pós-Casagrande, em 2026, o PP tem estreitado a relação com esses dois partidos, visando à formação de uma frente política de direita, a qual já tende a se materializar na formação de algumas alianças estratégicas de norte a sul do Estado nas eleições municipais do ano que vem.
Cachoeiro pode ser um deles.
Contexto local: outras pré-candidaturas
Em Cachoeiro, os deputados estaduais Allan Ferreira (Podemos) e Bruno Resende (União Brasil) e o secretário de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho de Vitória, Diego Libardi, firmaram uma aliança eleitoral de centro-direita. Segundo os três, o compromisso é que só um deles seja candidato a prefeito, com o apoio dos outros dois.
Enquanto isso, o ex-prefeito Carlos Casteglione (PT) planeja lançar nova candidatura. É aliado do governador, que tem o PT em sua base e em seu governo.
Por sua vez, o atual prefeito, Victor Coelho (PSB), aliado e correligionário de Casagrande, cogita lançar à sucessão sua secretária de Obras e de Manutenção e Serviços, Lorena Vasques Silveira.. Não descarta, porém, dialogar com os dois deputados da base de Casagrande, Allan e Bruno Resende, e até vir a apoiar um dos dois – desde que esse eventual acordo não inclua Diego Libardi, adversário local do prefeito.
Pai do vice-governador Ricardo Ferraço (MDB), Theodorico Ferraço afirma que sua posição segue sendo de “total independência” em face do governo Casagrande.
Quem sai
Ferraço assumirá a presidência do PP em Cachoeiro no lugar do vereador Diogo Lube. “Desde a última campanha, ele estava meio afastado do partido, mas, se depender de mim, continua no PP. Eu o convidei para continuar no Diretório Municipal, e ele aceitou”, relata o deputado.
