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Coluna Vitor Vogas

Do Capitão ao Marujo: os posts de Ramalho com afago forte em Assumção

Na greve da PMES, os dois estiveram em lados opostos. E mais: Coser cada vez menos “João Paz e Amor”; Majeski filiado ao PDT e lançado a prefeito

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Coronel Ramalho e Capitão Assumção

Ao longo dos últimos dias, o deputado Capitão Assumção (PL), feito de ioiô no movimento “Moraes manda prender, Assembleia suspende decisão, Moraes manda soltar”, recebeu manifestações de solidariedade de várias partes. A mais surpreendente delas veio de quem menos se esperava, ou de quem mesos se esperaria até um mês atrás: o ex-secretário estadual de Segurança Pública Alexandre Ramalho (sem partido).

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Prestes a se filiar ao PL para se candidatar a prefeito de Vila Velha, Ramalho fez um post há poucos dias “hipotecando solidariedade” ao deputado e capitão da reserva da PMES, preso por ordem de Moraes por descumprimento de medidas cautelares também decretadas pelo ministro.

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“Presto minha solidariedade ao deputado estadual Capitão Assunção pela injusta prisão sofrida. Esse país com tantos criminosos soltos e nós temos que presenciar o cercamento da liberdade de um parlamentar. Força e Honra!”, publicou Ramalho, marcando Magno Malta no post. Além de grande aliado de Assumção, o senador é o presidente estadual do PL e é com quem Ramalho está tratando pessoalmente de sua iminente filiação ao partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Já nessa sexta-feira (8), após a libertação de Assumção, Ramalho repostou vídeo de Magno Malta celebrando a soltura do deputado. Na legenda do post, o coronel da reserva da PMES citou a Bíblia: “Quando se faz justiça, o justo se alegra, mas os malfeitores se apavoram” (Provérbios 21:15).

Em política nada é impossível, e Ramalho tem total direito de defender as prerrogativas parlamentares do possível futuro colega de partido. Mas o afago dele em Assumção entra instantaneamente para a galeria dos “momentos que você nunca imaginou que um dia presenciaria na política capixaba”. Beira o realismo fantástico.

E não só pelo fato de que Assumção se firmou nos últimos cinco anos como o maior opositor do governo Casagrande no Estado, enquanto Ramalho fez parte do mesmo governo até 31 de janeiro e faz (ou fazia) parte do grupo político liderado pelo governador.

Não, não apenas por isso.

Precisamos falar da traumática greve da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES) em fevereiro de 2017.

Tudo bem que se queira defender a “liberdade de expressão” (cláusula pétrea da Constituição Federal) e a inimputabilidade de um parlamentar por seus votos e opiniões (direito protegido pelo artigo 53 da lei maior deste país). Mas a mesma Constituição Federal diz expressamente: militares não podem fazer greve nem se organizar em sindicatos, por deterem o monopólio do uso legítimo da violência em nome do Estado. Ponto.

Apesar disso, em fevereiro de 2017, parte expressiva dos policiais militares do Espírito Santo realizou o movimento grevista de tristíssima lembrança, cruzando os braços por mais de 20 dias e deixando de joelhos a sociedade capixaba. Sob todos os aspectos, a greve foi absolutamente ilegal. Rompeu com a Constituição, com a legalidade e com a mesma ordem social que os policiais têm o dever de defender.

Um dos agitadores e líderes do movimento, reconhecido e condenado como tal em 1ª instância pela Justiça Estadual, foi o Capitão Assumção.

No polo oposto estava o Coronel Ramalho, ombreando com o então comandante-geral da PMES Nylton Rodrigues, na defesa intransigente da legalidade, do retorno dos PMs ao cumprimento de seu dever funcional e constitucional de protegerem a sociedade.

Na verdadeira defesa da lei e da ordem, Nylton foi enorme naquele momento crítico da história capixaba. E Ramalho virou um símbolo nesse mesmo sentido. Simbolicamente, representou o oposto de Assumção durante esse triste evento histórico.

Agora, quem diria, o coronel pode dividir o palanque com o capitão grevista…

Do Capitão ao Marujo…

Ainda ontem, Ramalho publicou no Instagram um vídeo em que parabenizou toda a equipe da Sesp, comandada por ele até janeiro, pela prisão de Marujo, o criminoso mais procurado do Espírito Santo. Cumprimentou seu sucessor, Eugênio Ricas, o comandante-geral da PMES, Coronel Douglas Caus, o delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda, e todos os delegados e policiais envolvidos na captura.

João Coser relembra Pazolini x Estéfane

E, já que estamos falando de postagens no Instagram, o deputado estadual João Coser (PT) pegou carona ontem no Dia Internacional da Mulher para lançar novo petardo no prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos). O vídeo publicado por ele descreve o crime, tipificado há pouco tempo, de “violência política de gênero”.

No meio do vídeo, um “plot twist”. A narradora diz: “Com imagens, infelizmente, é ainda mais fácil de explicar”. E corta para a cena de novembro de 2022 em que Pazolini retira um microfone da mão de sua vice-prefeita, Capitã Estéfane, durante um ato solene num centro de vivência da terceira idade em Jardim Camburi.

Como já constatado aqui, sob a direção do marqueteiro Fernando Carreiro, a pré-campanha de Coser tem adotado um estilo cada vez menos “João Paz e Amor”.

Majeski no PDT

Mais pré-candidato que nunca a prefeito de Vitória, o ex-deputado estadual Sergio Majeski filiou-se oficialmente ao Partido Democrático Trabalhista (PDT). A dele se deu em ato público na noite da última quarta-feira (6), na Câmara de Vitória. No mesmo evento, o partido lançou a pré-candidatura de Majeski, com a presença do presidente estadual do PDT, Weverson Meireles.

Vereadores da Serra livres

Na Serra, três vereadores escaparam nesta semana de processo de cassação aberto contra eles na Câmara Municipal. Anderson Muniz (Podemos), Darcy Junior (PRD) e Professor Artur Costa (Solidariedade) receberam só uma advertência do presidente da Casa, Saulinho da Academia (PDT), que arquivou o processo.

Relembre o caso I

O processo tinha como objetivo apurar eventuais irregularidades na autointitulada “Operação Peixada”, uma batida feita pelos vereadores, acompanhados do deputado estadual Pablo Muribeca (Republicanos), no Sine da Serra em novembro de 2023.

Segundo os parlamentares, a operação foi feita para apurar o direcionamento irregular de vagas de emprego para beneficiar politicamente aliados do prefeito Sergio Vidigal (PDT), entre eles Renato Ribeiro, que ocupa o cargo de secretário-adjunto de Trabalho, Emprego e Renda da Serra.

Relembre o caso II

Discordando da ação dos vereadores, a Prefeitura da Serra e o secretário-adjunto enviaram uma denúncia à Câmara Municipal, apontando quebra de decoro e abuso de poder. O plenário aprovou a criação de uma Comissão Processante formada por três vereadores, com a missão de apurar as possíveis irregularidades.
Após 90 dias, a comissão concluiu que não havia justificativa para a perda do mandato dos três, sugerindo a aplicação da pena mínima: apenas uma advertência. Foi o que fez Saulinho.

Advogado de Armandinho celebra Marcelo Santos

O advogado do vereador afastado de Vitória Armandinho Fontoura (Podemos), Carlos Zaganelli, enalteceu a postura do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (Podemos), pelas gestões até a votação plenária da última quarta-feira (6) que culminou com a suspensão da ordem de prisão do Capitão Assumção determinada por Alexandre de Moraes.

Solto em dezembro de 2023, Armandinho foi preso no dia 15 de dezembro de 2022, no mesmo dia e na mesma operação em que Moraes impôs medidas cautelares a Assumção como o uso de tornozeleira eletrônica.

A nota do advogado: “bom exemplo”

“A Assembleia Legislativa do Espirito Santo, capitaneada pelo seu presidente Marcelo Santos, deu o bom exemplo que o Brasil esperava para demonstrar que a democracia começa com o cumprimento das leis, em especial a Constituição Federal, e a opinião é livre”, declarou Zaganelli. “Se ela [a opinião] ofendeu ou agrediu alguém, que o interlocutor seja então processado nos exatos termos da lei, com amplo direito ao contraditório, ampla defesa e dentro do estrito e devido processo legal. Nada além e nada aquém disto”.

A saída triunfal de Assumção

Ao atravessar o portão do Quartel de Maruípe perto da meia-noite de quinta para sexta-feira, Capitão Assumção segurava uma Bíblia e gritou: “Deus é bom! Glória a Jesus!”. Na camisa e no boné que vestia, havia a frase “Evangelho sem Fronteiras”. O senador Magno Malta puxou um Pai Nosso e apoiadores entoaram o grito de “o Capitão voltou”.

Janela escancarada

Está oficialmente inaugurada a temporada de troca-troca partidário. Foi aberta na última quinta-feira (7) a janela para que vereadores em fim de mandato possam mudar de sigla sem incorrer em infidelidade partidária. Vai até o dia 5 de abril. Será, como sempre, aquele salve-se quem puder: todos buscando melhores acomodações para concorrer à reeleição em outubro.