Coluna Vitor Vogas
Bruno Lamas (PSB) entra na disputa pela Prefeitura da Serra
Para concretizar a nova candidatura, secretário precisa vencer um primeiro desafio: convencer o PSB, cuja direção estadual hoje prefere apoiar Vidigal

Bruno Lamas é secretário estadual de Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissionalizante. Crédito: assessoria de Bruno Lamas
Já embolada com uma grande quantidade de potenciais candidatos, a eleição para prefeito da Serra ganha, na entrevista abaixo, um novo postulante declarado ao cargo hoje ocupado por Sérgio Vidigal (PDT): o secretário estadual de Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional, Bruno Lamas (PSB). “Estou lançando aqui minha pré-candidatura.”
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Filiado há cerca de 30 anos ao PSB, partido do governador Renato Casagrande, Bruno já exerceu 18 anos de mandatos parlamentares: foi vereador da Serra por três legislaturas (de 2001 a 2004 e de 2009 a 2014) e deputado por duas (de 2015 a 2022).
Na última eleição municipal, em 2020, o então deputado candidatou-se pela primeira e única vez a prefeito da sua cidade. Não foi bem votado, obtendo apenas 5,13% dos votos válidos. Em 2022, não conseguiu renovar o mandato na Assembleia, ficando na 1ª suplência do PSB.
Para concretizar o projeto de nova candidatura, Bruno precisa vencer um primeiro grande desafio: convencer o próprio partido. Na direção municipal do PSB, conta com um trunfo: a presidente é a mãe dele, a ex-vice-prefeita Márcia Lamas. No entanto, a Executiva Estadual do PSB indica preferência pela tese de apoio à reeleição do atual prefeito, Sérgio Vidigal (PDT) – até em retribuição ao apoio deste à reeleição de Casagrande no ano ado.
Preferindo chamar essa tese de “tendência”, Bruno mostra-se seguro de ser capaz de revertê-la dentro da própria sigla, provando-se um nome competitivo. Para isso, espera chegar a pelo menos 10% em pesquisas de intenções de voto até março do ano que vem. “Com todo o respeito à opinião da Executiva Estadual do PSB, da qual inclusive sou membro, a minha atenção está focada na opinião das pessoas.”
Ele também se fia na sua longa relação de fidelidade com o próprio governador: “Se ele votasse na Serra, votaria em mim”. Também aposta na autonomia do partido (“O PSB tem voo próprio”) e na democracia interna (“Não haverá ‘goela abaixo’ no PSB”).
Aos 46 anos, o secretário entra no jogo eleitoral da Serra destilando críticas à istração de Vidigal e ao “modelo de gestão” do atual prefeito, o qual, segundo ele, é o mesmo do ex-prefeito Audifax Barcelos (sem partido) – outro possível nome nesse páreo. Para Bruno, portanto, os serranos assistem há quase 30 anos ao mesmo “modelo de gestão”, termo bastante usado por ele na entrevista, o qual teria fadigado. “A cidade parou no tempo.”
Propondo “uma virada de chave” e “um modelo de gestão diferente e mais moderno”, Bruno apresenta-se como opção para quem procura o “novo” e como alternativa ao revezamento proverbial de Vidigal e Audifax no poder.
Confira abaixo a entrevista completa de Bruno Lamas.
Qual é a sua leitura sobre o cenário pré-eleitoral da Serra?
A Serra é responsável por quase 30% do PIB capixaba. É uma cidade que a de 500 mil habitantes. A população da Serra é uma população operária, que usa os serviços públicos, usa o posto de saúde, a creche etc., diferentemente da realidade de outras cidades, como a Capital. É uma cidade que tem indústria e comércio fortes. Mas é uma cidade que está parada num modelo de gestão há muitos anos.
Como assim?
Na Serra, o mesmo grupo político vem se alternando na gestão da cidade nos últimos anos, com o mesmo modelo de gestão. É um modelo que prioriza paisagismo, praças e jardins. E eu entendo que a cidade precisa de muito mais que isso. Entendo que a Serra precisa ser uma cidade inteligente, que precisa ter ambientes de inovação saudável, relação entre a academia, o público e o privado. E ela não tem. Ela está começando a construir esse ambiente agora. É uma cidade que precisa ter educação em tempo integral na rede municipal, mas não entrega isso à sociedade. O Estado avança muito mais que o município na educação em tempo integral. É uma cidade que não entende o turismo como atividade econômica, ainda mistura turismo com cultura, esporte e lazer…
Na Prefeitura da Serra, essas áreas estão unidas na mesma secretaria. O senhor acha que o turismo merecia uma secretaria própria?
Acho que essa junção está errada. Às vezes eles desfazem isso na nomenclatura, mas na prática não exercitam isso. Turismo tem que ser tratado como atividade econômica. É uma cidade que tem um litoral enorme, praias maravilhosas, montanhas, agronegócio… Além disso, na segurança pública, agora é que começa a se pensar numa Guarda Municipal. Eu já pensava nisso no meu primeiro mandato como vereador, e o atual prefeito zombava da minha ideia. Também é uma cidade que não dialoga para valer com a sociedade em relação ao Plano Diretor Urbano. Você vê Vila Velha e Vitória, que têm orla, se desenvolvendo, enquanto a orla da Serra está adormecida. A cidade já ficou para trás nesse aspecto.
Ficou para trás economicamente?
Economicamente não, porque tem uma indústria muito forte. Você tem empresas de mármore e granito, tem uma ArcelorMittal. Mas não é uma cidade atraente para novos negócios. Continua burocrática para quem quer empreender. É só você observar as empresas que a Serra perdeu. A EDP tirou a sua planta da Serra e foi para Vitória. A Wine fez o mesmo com boa parte da sua planta.
Na sua avaliação, a maior responsabilidade por essa estagnação que o senhor aponta, em termos de modelo de gestão e econômico, pode ser atribuída ao prefeito Sérgio Vidigal?
Eu atribuo ao modelo, que, repito, é o mesmo nos últimos 28 anos, com alternância dos dois últimos gestores no poder. Não estou questionando a pessoa, mas o modelo, que é de pracinhas e jardins. E a Serra precisa de muito mais que isso.
Só para checar se entendi corretamente: o senhor disse e reiterou que o problema está no mesmo modelo de gestão praticado pelo atual prefeito, Sérgio Vidigal, e pelo ex-prefeito Audifax Barcelos. Mas também afirmou que “o mesmo grupo político” vem se alternando na Prefeitura da Serra. O senhor realmente considera que os dois fazem parte do mesmo grupo político?
Eles sempre foram do mesmo grupo político, e essa relação foi interrompida em algum momento. Mas ali é o criador e a criatura. Mas com o mesmo modelo de gestão, com o mesmo pensamento. Se compararmos com o modelo de gestão que tem hoje Vila Velha, percebemos que é diferente. E, se observarmos o apoio que o Governo do Estado oferta a todos os municípios, o investimento em Vila Velha é potente, em Cariacica é potente, na Serra é muito potente, com rodovias, estradas e praças. E aí vem outra questão: estamos no penúltimo ano do mandato do atual prefeito e temos obras inacabadas.
Então o senhor entende que, com o apoio do Governo Estadual traduzido em recursos, era para a Serra estar melhor?
Era para ter mais entregas, mais obras, mais escolas. A velocidade da execução das obras é lenta.
Pode me dar algum exemplo?
A rotatória do Dório Silva, uma obra que o ex-prefeito deixou para o atual, feita só com recursos municipais. Estamos no penúltimo ano do governo, e as vias estão interrompidas.
Aonde o senhor quer chegar com todas essas ressalvas ao atual prefeito e a seu modelo de gestão? O senhor está se lançando pré-candidato a prefeito da Serra?
Estou dizendo que quero entrar nessa disputa e estou dizendo para a cidade da Serra que gostaria muito de ser o prefeito da cidade, que reúno as condições necessárias, entre elas a experiência como gestor público, o conhecimento da cidade, a relação com o governador do Estado, que é uma garantia muito forte para a cidade de que o volume de obras e a relação com o Governo do Estado só vão melhorar. E estou dizendo à cidade que a gente propõe um modelo de gestão diferente do atual.
O senhor está lançando, aqui e agora, a sua pré-candidatura?
É isso aí. E estou dizendo à cidade que gostaria muito de fazer a gestão com um modelo diferente do que vem sendo praticado há 28 anos, uma virada de chave, uma gestão mais moderna.
Diferente em quê?
Vou repetir algumas carências e necessidades da Serra. É uma cidade que parou no tempo, uma cidade onde é difícil empreender, que não explora o seu potencial turístico, que não proporciona uma educação em tempo integral, mais inclusiva e moderna, que tem perdido empresas e investimentos.
Então, respondendo à minha pergunta, é pegar as críticas que o senhor faz e inverter, fazer exatamente o contrário? É isso que o senhor propõe?
É um modelo de gestão mais moderno, com uma parceria muito forte com o Governo do Estado. E o diferencial, posso dizer, é a energia. Entendo que todo projeto de 20, 30 anos, fadiga. E esse projeto fadigou. Vila Velha viveu essa experiência. E a gente não pode culpar quem está. O modelo da Serra fadigou. Há uma fadiga e uma necessidade de virada de chave.
E a população sente isso?
Sente. Ouço isso da população.
Audifax, pelo que apurei, também está interessado em voltar. O senhor acha, então, que a população serrana não quer nem a manutenção de Vidigal nem o retorno de Audifax?
Não. Eu estou dizendo que proponho um modelo diferente para a cidade. Como a cidade vai aceitar isso, vamos observar num outro momento. O Audifax tem todo o direito. Já fez a gestão da cidade, assim como o atual prefeito. Mas a cidade já conhece os dois e precisa conhecer algo diferente.
Mas a cidade também já não conhece o Bruno Lamas?
Esse é o parêntese que eu ia fazer: um modelo diferente, mas com alguém que a cidade conhece na sua essência. A Serra conhece a minha vida, a minha história, a minha família, as minhas bandeiras, o meu jeito de ser, a minha forma de fazer política.
A cidade já o conhece bem como homem público, mas não o conhece como gestor público, tirando, é claro, agens pelo secretariado estadual. O senhor nunca teve experiência alguma como chefe do Poder Executivo. Isso não pode ser uma desvantagem numa cidade que, historicamente, vota precisamente na experiência istrativa, como provam estas últimas décadas?
Eu tenho experiência, porque fazer a gestão de secretarias de Estado é algo robusto. O orçamento das pastas é maior que o de muitas cidades pequenas do Estado. E tenho convicção de que o novo é um diferencial. Alguém que vem para fazer diferente.
Desculpe, mas um “novo” relativo, certo? Um novo na gestão, como chefe do Executivo…
Isso. Apesar de eu ser novo, né? Quarenta e seis anos ainda.
O senhor, então, quer tentar novamente chegar à Prefeitura da Serra. Mas e quanto ao PSB?!? Por acaso isso está combinado com a direção do seu próprio partido? A direção local do PSB, mas principalmente a direção estadual, estão de acordo com esse seu discurso e com a pretensão que o senhor acaba de externar?
O PSB da Serra tem Diretório próprio e Executiva própria, eleitos. Não são provisórios, foram constituídos dentro de um congresso. E esse diálogo já foi feito internamente.
Foi feito na instância municipal, atualmente presidida pela Márcia Lamas?
Na municipal, que é a instância do debate municipal, sobre o pleito municipal. Eu estou há 30 anos no PSB. E o PSB não é um partido que força tomada de decisões, ou, como se diz na política, que “enfia decisões goela abaixo”.
E não haverá “goela abaixo” na Serra?
Nunca foi assim no PSB. Não haverá “goela abaixo”. Eu não vi nenhuma manifestação pública do governador Renato Casagrande de apoio à candidatura a alguém na cidade da Serra. Inclusive comigo ele nunca se manifestou nesse sentido. O governador está focado em governar o Estado e fazer suas entregas. Ele em nenhum momento disse que vai apoiar A, B, C ou D na Serra, até porque existem outras candidaturas, inclusive de pessoas próximas ao governador no que tange à governabilidade.
Começando pelo próprio Vidigal…
Tem deputados da base aliada na Assembleia que exercem mandatos e também se posicionaram como pré-candidatos.
Tudo bem, o governador não está se posicionando a favor de ninguém na Serra, nem contra ninguém. Ao menos até o momento, está mantendo uma postura neutra, republicana e equidistante dos pré-candidatos. Ninguém discute que ele é o maior líder do PSB no Espírito Santo, mas não é ele quem decide sozinho. Por isso quero insistir: e quanto à direção estadual do PSB?
A opinião do governador é importante, mas repito: ele não se manifestou em relação ao pleito na Serra e ele tem muitos aliados, inclusive eu, na posição de pré-candidato. Por outro lado, o atual prefeito, esse sim, se manifesta com frequência, inclusive através do seu veículo, dizendo aos quatro cantos da cidade que não é candidato e que o ciclo dele se encerrou. É mais um motivo para que a minha pré-candidatura seja importante para a cidade neste momento. Eu vejo um prefeito que diz que não será candidato e não consigo enxergar na política terceirização de apoio. Vamos imaginar que haja, por parte do PSB estadual e do próprio governador, uma pré-intenção de devolver a Vidigal o apoio recebido no 2º turno das eleições do ano ado. Devolver o apoio a quem não é candidato? Terceirizar esse apoio? Apontar uma outra pessoa para receber esse apoio?
Mas e se o prefeito for candidato?
Mas ele diz que não é.
Mas e se lá na frente ele for? Não joga por água abaixo o seu projeto?
O PSB tem voo próprio. Inclusive, nas últimas eleições, o PSB vem sendo protagonista na política serrana, vem sendo o partido que ajuda a definir as eleições na Serra. Eu não acredito na interferência goela abaixo. O que teríamos provavelmente é uma eleição sem a presença física do governador do Estado, não só por conta da minha pré-candidatura, mas também de outras pré-candidaturas de aliados da base dele na Assembleia.
O senhor, então, está seguro de que conseguirá se viabilizar?
Sim.
Independentemente da opinião ou da posição da Executiva Estadual?
Estou preocupado com a opinião das pessoas, com a opinião dos serranos. Com todo o respeito à opinião da Executiva Estadual do PSB, da qual inclusive sou membro, a minha atenção está focada na opinião das pessoas. E o que ouço nas ruas, com frequência, é que já ou da hora de um modelo novo de gestão.
Perdoe-me a insistência neste ponto, mas é fundamental aqui. Como o senhor bem frisou, o governador não tem se manifestado para lá ou para cá. Isso é uma coisa. Mas já ouvi do próprio Alberto Gavini, presidente da Executiva Estadual do PSB, que a intenção do PSB estadual é apoiar a reeleição de Vidigal, exatamente por conta dessa questão trazida pelo senhor da reciprocidade, de uma “retribuição” pelo apoio do PDT e do atual prefeito a Casagrande, na verdade desde o 1º turno, na campanha do ano ado, determinante para a vitória dele na Serra. O senhor acredita ser possível reverter essa posição da estadual?
Vamos chamar isso de uma tendência, então? Se é que ela virá a acontecer, é uma tendência. Mas, quando falo que estou atento à opinião das ruas, imagine uma candidatura do Bruno Lamas, aliado histórico do governador, militante do PSB há três décadas, em condições de disputa, com dois dígitos de intenções de voto numa pesquisa séria feita no mês de fevereiro ou março do ano que vem. O que seguraria isso?
O senhor acha que essa é a régua? É uma meta para o senhor provar, inclusive para a direção do próprio partido, que tem uma candidatura viável?
Antes da geopolítica, existe a opinião das pessoas. Às vezes os políticos combinam com A, com B, com C, mas se esquecem de combinar com a população. A minha intenção agora é combinar com a população. Por isso inauguramos agora um ciclo de debates com a cidade. Já fizemos o primeiro e vamos fazer em todos os cantos, mostrando para a cidade a nossa proposta e o nosso modelo. E assim vamos alcançar essa meta. Em março do ano que vem, teremos as coisas mais claras.
Isso lhe dá seis meses para chegar a esses dois dígitos. O que o senhor fará, na prática, a partir de agora, para chegar a esse patamar?
Venho fazendo isso há 23 anos. O que vou intensificar agora é o diálogo com a cidade. É o que estou fazendo aqui agora, com você.
E se o partido, na instância decisória estadual, bater o pé que a melhor estratégia é apoiar Vidigal, e assim tentar barrar a sua pré-candidatura, o senhor vai peitar o partido?
Não. O partido vai ter que explicar à cidade por que um membro do partido não teria esse direito. Eu prefiro aguardar o mês de março e os próximos resultados, pois acredito que, mais importante que qualquer avaliação agora, é a opinião das pessoas, traduzida através de pesquisas e manifestações dos segmentos organizados. Mas, se isso acontecer lá na frente, paciência. Terei mostrado minhas convicções, minhas propostas, meu modelo, aquilo que concordo e discordo.
Para ser mesmo candidato, o senhor tem outro prazo fatal: terá de se desincompatibilizar do cargo de secretário até o começo de abril…
Na nossa conversa, a gente falou muito de março. Também tem a ver com isso.
Esse também é o prazo para o senhor estar filiado ao partido pelo qual concorrerá. O senhor cogita sair do PSB se tiver a sua pretensão barrada pela instância estadual?
Não, em nenhuma hipótese. Não só por ser o 1º suplente de deputado estadual do partido, mas porque me identifico, tenho uma história no PSB e reconheço o governador como meu líder. E tenho espírito republicano.
Na última eleição municipal, em sua primeira tentativa de chegar à Prefeitura da Serra, o senhor, objetivamente, não foi bem votado. Teve um total de 10.899 votos, ou apenas 5,13% dos votos válidos. Diferentemente de agora, o senhor tinha mandato. Na eleição seguinte, em 2022, o senhor não conseguiu renovar o mandato de deputado estadual, ficando como 1º suplente da bancada do PSB na Assembleia. O senhor acredita hoje reunir força eleitoral suficiente para isso?
Acredito, por conta do momento da cidade. A cidade quer. Em eleição, já tive oportunidade de ser o mais votado [para vereador], já tive oportunidade de ser o único deputado eleito da Serra. Na eleição municipal de 2020, estávamos no auge da pandemia, eu vim como candidato do partido do governador, e aquela circunstância atípica prejudicou não só a mim como a todos os candidatos identificados com o governo. O tempo provou e hoje as pessoas reconhecem a eficiência do governador Renato Casagrande na condução da pandemia, respeitando as diretrizes da ciência. Mas, naquele momento, as pessoas não queriam saber. Quando eu andava pelas ruas, só me diziam “vocês fecharam o comércio”. Já a eleição ada, em 2022, foi muito polarizada e diferente: os extremos foram beneficiados. Você tem o deputado federal mais votado do Estado do PT [Helder Salomão] e você tem uma bancada grande de extrema direita. Então o eleitor caminhou muito nos dois extremos. Todos os candidatos que disputaram a eleição no campo da centro-esquerda, com espírito republicano, tiveram mais dificuldade que os extremistas. Mesmo assim, tive quase 17 mil votos. Cada eleição é um momento diferente. Na próxima municipal, a cidade terá oportunidade de ver propostas e histórias.
O senhor acha que essa polarização não vai ecoar na próxima disputa municipal?
Acho que não, e veremos isso nos próximos meses.
Crê, então, que dá para “virar o jogo” e voltar mais forte?
A Serra já viu candidato começar com 1% e ganhar a eleição.
Quem foi?
Audifax.
Mas isso foi na primeira dele, em 2004. Ele de fato era um ilustre desconhecido, mas tinha o apoio do então prefeito, Vidigal, e de toda a máquina municipal. O senhor está indo contra a máquina, é justamente o contrário…
Não. Não sou um desconhecido, sou um conhecido da cidade, com entregas efetivas aos serranos nos meus mandatos de vereador e de deputado. E sou um aliado de primeira ordem do governador Renato Casagrande. Inclusive nos momentos em que ele não exerceu mandato [de 2015 a 2018], eu fui deputado estadual e me mantive leal a ele. Então, ao contrário: eu sou um aliado de primeira ordem. Pode incluir na entrevista: se o governador votasse na Serra, ele votaria em mim.
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