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Por que o ES continua registrando mortes diárias por covid-19?

São Paulo e outros estados tiveram dias sem registrar mortes da doença

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Ethel Maciel. Foto: Divulgação

Ethel Maciel. Foto: Divulgação

Pela primeira vez desde o início da pandemia, o estado de São Paulo não registrou nenhum óbito em decorrência da covid-19. A marca foi registrada na última segunda-feira (8) e se repetiu no dia seguinte (9) no Acre, Amapá, Ceará, Goiás, Roraima, Santa Catarina e Sergipe. Mas o fato do cenário não se repetir também no Espírito Santo não é um sinal negativo, explica a epidemiologista Ethel Maciel, professora titular da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). De acordo com ela, o estado capixaba vem reduzindo, sim, tanto os índices de mortes quanto de novas contaminações.

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“É excelente a notícia de um estado não ter óbitos. Mas a média móvel dos últimos 14 dias de São Paulo está em torno de 73 óbitos. Se compararmos as populações, chegamos mais ou menos na média móvel do Espírito Santo. Não estamos tão diferentes assim”, frisa Ethel.

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Para essas comparações, inclusive, é importante observar o índice de mortalidade da doença para cada 100 mil habitantes. No Espírito Santo, esse número é de 323,6, abaixo da média registrada em toda a região Sudeste, que é de 328; e ainda menor se comparado ao índice de São Paulo, de 332,2, segundo o Covid-19 Brasil, do Ministério da Saúde.

Outro ponto destacado pela epidemiologista que explica este cenário é a questão da cobertura vacinal. De acordo com ela, São Paulo já superou a taxa de 70% da população vacinada com as duas doses dos imunizantes. Enquanto isso, no Espírito Santo, o índice não chegou sequer a 60%.

Um último fator apontado pela professora é justamente uma comparação de dois períodos distintos da pandemia que registraram a mesma marca de mortes pela doença. “No pico da segunda onda chegamos ao número de mil óbitos em um intervalo de 13 dias. Esse foi o menor espaço de tempo para essa quantidade perdas. Agora, nas últimas semanas, foi o contrário. Demoramos 113 dias para chegar aos mil óbitos. Isso é o impacto da vacina, reflete que estamos caminhando para um controle. Mas, para isso, precisamos aumentar a nossa cobertura vacinal”.

Ouça a entrevista

Carnaval

Segundo Ethel Maciel, todos os estados e pessoas, de forma geral, estão relaxando nos cuidados contra a doença. Mas diante da flexibilização de muitas atividades econômicas, a epidemiologista frisa que é importante as pessoas se lembrarem que a pandemia não acabou, principalmente com a chegada dos grandes eventos como as festas de fim de ano e o carnaval.

“Muitas pessoas sobrevivem economicamente de eventos como o carnaval. Por isso, presidentes de escolas de samba de Vitória me convidaram para uma conversa com o objetivo de orientá-los em como reduzir a transmissão e eu topei. Podemos orientar a todos sobre como fazer suas atividades com mais segurança, para que elas possam preservar suas vidas”, disse a professora.

Principais cuidados

É evidente que muitas atividades foram retomadas, principalmente aquelas que envolvem o convívio social como festas. Pelas regras das autoridades sanitárias, algumas medidas devem ser cumpridas. As fiscalizações, no entanto, são discretas e não têm o mesmo peso dos eventos. Por esse motivo, Ethel explica que as pessoas precisam aprender a dimensionar os riscos.

“Seria uma hipocrisia da parte das autoridades retomar condições de trabalho, por exemplo, em detrimento das atividades de lazer. Por isso, as escolhas devem ser conscientes. As pessoas devem se perguntar: vale a pena fazer isso?”, indaga a epidemiologista que destaca ainda dois pontos importantes a serem considerados antes de qualquer decisão.

“O local desse evento é fechado ou aberto? Locais fechados com outras pessoas oferece mais risco. Se puder escolher, escolha sempre o local aberto. Caso não seja possível, continue usando a máscara, preferencialmente aquelas mais filtrantes, como a máscara cirúrgica que é mais ajustada ao rosto ou a máscara Facial Filtrante tipo 2 (PFF2), orienta a professora.

Concentração de esforços

Por fim, Ethel Maciel destaca que os esforços, principalmente daqueles que ocupam papéis de liderança, devem se concentrar na ampliação da cobertura vacinal. “Se cada dia convencermos outra pessoa a tomar a vacina estaremos ajudando o Espírito Santo e o mundo a sair dessa pandemia”