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Por que Guarapari foi eleita a Capital Nacional da Biodiversidade Marinha?

O professor Agnaldo Martins, do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), conversa com a BandNews FM ES

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Em entrevista à BandNews FM Espírito Santo, o professor Agnaldo Martins, do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), comentou sobre o reconhecimento de Guarapari como a Capital Nacional da Biodiversidade Marinha. Segundo ele, embora o título tenha surpreendido muitos, os pesquisadores que atuam na região já sabiam da diversidade única presente no litoral sul do estado.

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Martins explicou que Guarapari está situada em uma zona de transição entre as regiões subtropicais e tropicais, o que permite a coexistência de espécies características de climas mais frios e mais quentes. “Ela acumula uma diversidade das regiões subtropicais, regiões um pouco mais frias, que tem mais ao sul, e as regiões tropicais, que inclui os Abrolhos. Então, ela tem todas as espécies, em geral, muitas espécies, né?”, afirmou.

Guarapari e a pesquisa científica

O título de Capital Nacional da Biodiversidade Marinha reforça a relevância científica de Guarapari. Segundo Martins, a cidade atrai pesquisadores desde a criação do curso de oceanografia da Ufes, em 2000. Ele destaca que o número de estudos aumentou significativamente nos últimos anos. “Com isso, foi chegando muito mais gente para fazer pesquisa, né? Foi acumulando mais pesquisadores e tem atraído muita atenção, tanto o litoral sul como o norte do Espírito Santo”, afirmou.

Além da pesquisa, a cidade também é ponto estratégico para a pesca, mas enfrenta desafios relacionados à sustentabilidade. A pesca artesanal e a falta de regulação adequada foram citadas como ameaças à biodiversidade. Martins comentou: “O problema é a pouca regulação da pesca, né? A poluição, a contaminação, vários tipos de contaminantes que chegam na água, o plástico, agora que está começando a aumentar muito, né?”.

Preservação e desafios para Guarapari

O professor destacou que há uma proposta para criar uma área de proteção ambiental no sul do Espírito Santo, abrangendo parte do município. Ele explicou que a criação dessa área poderia ajudar a organizar as atividades econômicas, conciliando produção e proteção ambiental. “Não é uma área que fecharia só para toda atividade econômica, mas é uma área que ajudaria a organizar melhor as atividades produtivas, compatibilizando com a proteção ambiental”, comentou.

Martins ressaltou que o título é mais do que simbólico e pode incentivar ações de preservação. Ele acredita que a nova designação pode sensibilizar autoridades e mobilizar a sociedade para a proteção do ambiente marinho. “Acho que ele é importante, que ela traz essa sensibilização, né? Tanto da população, que pode pressionar os órgãos governamentais, como também do próprio governo, de que é um lugar importante ali e que podem surgir medidas para preservar essa biodiversidade.”

Mudanças climáticas e pesca desordenada

Embora as mudanças climáticas representem uma ameaça de longo prazo, Martins alertou que a pesca desordenada e a poluição trazem impactos imediatos e mais graves. Ele defendeu que é essencial regular as atividades locais para evitar a perda da biodiversidade. “A mudança climática a gente pode se adaptar, e os organismos também podem se adaptar, porque tem um tempo para isso. Agora, a pesca, por exemplo, desordenada, ou a poluição, uma atividade desordenada, pode destruir em pouco tempo grande parte da biodiversidade local.”

O professor concluiu destacando a importância de medidas práticas para converter conhecimento científico em ações de preservação. A expectativa é que o título inspire novas políticas e projetos, alinhando desenvolvimento econômico e sustentabilidade em Guarapari.