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Solidariedade

Voluntário do Projeto “Caminhar”, Toniato leva ajuda a presos

Ele leva palavras de amor e fé aos internos, possibilitando que eles reflitam e acreditem em uma nova vida longe da criminalidade

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Célio Antônio - Toniato

Célio Antônio – Toniato

Perseverança é a característica marcante de Célio Toniato. Casado e com dois filhos, dedica-se voluntariamente há mais de 10 anos a dar conselhos e apoio emocional e espiritual aos presos. E, se está “atrás das grades” é para ajudar os detentos a recomeçar a vida. E com o apoio Igreja Missão Praia da Costa, ele coordena o Projeto “Caminhar” em Unidades Prisionais do Espírito Santo. Ele leva palavras de amor e fé aos internos, possibilitando que eles reflitam e acreditem em uma nova vida longe da criminalidade.

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Dentro do Projeto “Caminhar”, internos têm a possibilidade de participarem do programa “Celebrando a Recuperação”. Com duração de 9 meses, o programa usa 12 os e oito princípios bíblicos para promover a recuperação das pessoas, visando a superação de dependências, hábitos negativos e problemas emocionais. Durante os encontros, aspectos como saúde emocional, relacionamentos, vícios e compulsões são trabalhados com os participantes para que eles possam ter uma vida mais equilibrada e saudável. A iniciativa é realizada em aproximadamente 25 mil igrejas, em mais de 30 países.

“Eu tenho me doado para que eles possam reconhecer o amor de Deus. E o ‘Celebrando a Recuperação’ é uma ferramenta do Projeto ‘Caminhar’. Ele é feito para tratar e curar pessoas. São oito princípios de recuperação baseados nas em-aventuranças de Jesus Cristo. Cada unidade prisional seleciona de 20 a 40 internos que tem encontros semanal comigo por 9 meses. E nesses encontros eu sento, escuto, abraço, converso e até mesmo brigo. Nós criamos laços. São 2h30 por semana que estou com ele. Acabo criando relacionamento, acabo me envolvendo com a família, ajudando com material escolar, quando necessário, ou mesmo cesta básica”, conta Toniato.

Acreditar nos detentos está na sua essência, uma vez que presencia de perto a falta de oportunidade, principalmente para aqueles que já cumpriram sua pena. Durante os encontros, a a conhecer não só aqueles que estão cumprindo pena, mas também suas famílias. E assim, além de conseguir emprego para inúmeros deles, o voluntário ainda organiza campanhas de arrecadação de alimentos e se dispõe a auxiliar a família daqueles que mais necessitam.

“Eu me envolvo em todos os projetos realizados nas unidades prisionais. Começamos o projeto “Tocando a Liberdade”, que oferece oficinas de violão e canto aos detentos. Esse é um instrumento de estímulo ao desenvolvimento de habilidades sociais, autoestima e autovalorização. Também implantei oficina de argila. Agora estamos planejando uma oficina para produzir bicicletas ornamentais. Também faço evangelização nas galerias. Acredito que o conhecimento da palavra e o amor do Pai que produz a mudança no ser humano”, lembra o coordenador.

Muitas pessoas mudaram de vida por meio dos projetos. A atuação do voluntário durante todos esses anos dentro dos presídios, impactam diretamente na reinserção social dos reeducandos. Sebastião foi um grande exemplo de que o amor e a dedicação podem curar. Toniato lembra que acolheu o preso em sua casa, durante uma “saidinha”, e aquele gesto tocou Sebastião. Dias se aram e, ainda preso, ele quis ser batizado na Missão Praia da Costa. Pouco tempo depois, já em liberdade, o ex-detento conseguiu voltou para sua terra, com a ajuda do voluntário e pastores.

“Tem muitos criminosos lá dentro, mas também tem muitos inocentes. O que eu faço é olhar para eles além do crime que cometeram. Para mim, são seres humanos em busca de um recomeço”, frisa Toniato. E assim, de braços abertos, e com as palavras de Deus, ele consegue tocar muitos que estão dispostos a mudar. “Essa é minha missão. Foi Deus quem me colocou lá dentro para eu levar a palavra Dele. Uma vez que você se abre para Deus, não tem volta”.

A reinserção dos egressos — como são chamado os ex-presos — por meio de oportunidades no mercado de trabalho e educação continua sendo um desafio em todo o país. Uma das complicações é o preconceito da sociedade em relação ao preso. Também pesa a ineficácia de políticas públicas fora das prisões, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). As organizações da sociedade civil têm sido um caminho alternativo para a inclusão social dos libertos.

“Dar oportunidade aos internos é uma luta diária dos agentes, diretores das unidades e até mesmo a Secretaria da Justiça do Espírito Santo, do Grupo de Trabalho Interconfessional do Sistema Prisional (Ginter). Tem grupos de assistentes sociais para conseguir emprego para eles. O Estado tem levado cursos a quase todas unidades prisionais, dando oportunidade de mudança. É um trabalho muito bom. O que falta é a iniciativa privada abrir as portas para essas pessoas. Depois que eles saem, que se vêem sem oportunidade de emprego”, desabafa Toniato.

VOLUNTÁRIO

A história de Célio Toniato com o voluntariado no sistema prisional começou há mais de 12 anos. Foi quando o filho primogênito adoeceu que ele se abriu para a espiritualidade. E de lá para cá, o empresário sisudo deu lugar a um homem temente a Deus.

“Meu filho quase morreu. Ele foi diagnosticado com hepatite e os médicos já não sabiam o que fazer. Mas Deus colocou pessoas no meu caminho que abriram meus olhos para a fé. E então eu comecei a me abri para Deus. Meu filho foi curado. Foi um verdadeiro milagre. Mesmo assim, eu ainda estava reticente. Poucas semanas depois, eu já não dormia, e então, em uma noite, eu realmente falei com Ele e me entreguei à vontade Dele. Foi então que eu escrevi o Projeto ‘Caminhar’. E de lá para cá, estou nessa missão”, lembra Toniato.

Ele que era um grande empresário na Grande Vitória, ou a se dedicar exclusivamente ao Projeto ‘Caminhar’. Desde então, se dedica de corpo e alma a dar conselhos e apoio emocional e espiritual aos presos.

Hoje, um dos maiores desafios, é lutar contra o preconceito enraizado na sociedade e conseguir emprego aos ex-presos e até mesmo aqueles que estão em regime sem-aberto. “Se eu tivesse que pedir uma ajuda, seria isso, o apoio de empresários e quem puder para que dêem oportunidade para essas pessoas”, ressalta o voluntário.