Solidariedade
CVV: conheça o serviço de ligações gratuitas que salva vidas
Escutar o sofrimento e entender a dor do outro com calma e aceitação, sem fazer julgamentos, é uma estratégia que pode ser eficaz na prevenção do suicídio
A ajuda pode estar a apenas uma ligação de distância. Como uma espécie de pronto-socorro emocional, com atendimento 24 horas, gratuito e sigiloso. Escutar o sofrimento e entender a dor do outro com calma e aceitação, sem fazer julgamentos, é uma estratégia que pode ser eficaz na prevenção do suicídio. Falar pode curar. E ouvir com empatia pode salvar vidas. O silêncio também é feito de muitos pontos e vírgulas. Para quem está do outro lado, a espera não angustia. Essa é a rotina dos voluntários do Centro de Valorização da Vida (CVV).
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O CVV é uma organização sem fins lucrativos, filantrópica, que presta serviço e apoio emocional por meio de voluntários, de forma gratuita e com total sigilo. Criado em São Paulo na década de 60, o CVV foi se expandindo aos poucos, e chegou ao Espírito Santo. Há mais de 30 anos, voluntários capixabas se colocam à disposição nas linhas e conseguem, com todo respeito, acolhimento e confiança, ajudar a aliviar as dores “do coração”, e até mesmo evitar um suicídio.
Ana, voluntária, há seis anos dedica algumas horas de sua semana para escutar pessoas de todo o país, que é algo tão simples, mas que faz falta a muitas pessoas. “Os voluntários que se juntam ao CVV não são profissionais da saúde mental e não oferecem aconselhamento nem terapia. O foco das ligações é dar atenção a quem precisa de espaço para falar. Somos treinados para ouvir e deixar que a pessoa fale sobre aquilo que ela precisa”, destaca.
Para se tornar voluntária, Ana ou por um curso de formação, em que a instituição é apresentada e são discutidos os principais tipos de demanda endereçadas ao CVV. As principais frentes de atuação são apoio emocional em atendimento por telefone, e-mail, chat ou presencialmente. Além disso, também tem a atuação na comunidade com a realização de ações de autoconhecimento, com capacitações, cursos, rodas de conversa e de escuta.
A voluntária ressalta que, durante os atendimentos, quem atende não pode opinar, julgar ou dar qualquer conselho a quem está ligando. A maior parte das pessoas que ligam para o CVV está em busca de uma escuta em um momento de angústia ou sofrimento. Como são ligações sigilosas, Ana não compartilhar o que ouve. O atendimento é totalmente aleatório e pode durar o tempo que for: alguns minutos ou até mesmo horas.
“Eu me sinto realizada quando ao final da conversa a pessoa do outro lado da linha diz o quanto aquela conversa foi importante para ela. Faz todo o sentido eu estar ali e me dá forças para continuar. É bom poder ser ouvidos para quem busca um auxílio. É gratificante saber que a sua escuta fez a diferença na vida do outro. Algo tão simples, que faz toda a diferença. Nós somos um amigo que está aqui a qualquer hora e isso não tem pagamento”, diz Ana.
Para ser voluntário do CVV é necessário ter mais de 18 anos de idade e vontade de ajudar pessoas. Precisa participar de um curso de capacitação e seleção em ambiente presencial ou virtual. “Antes de tudo, para ser um voluntário, a pessoa precisa ter calor humano, ter tempo disponível e buscar autoconhecimento. É fundamental se conhecer para depois conhecer e ajudar o outro. Não estão ali médicos, terapeutas e nem mesmo psicólogos. São pessoas normais, que sabem ouvir, buscam compreender e esbanjam empatia”, frisa Ana.
O CVV de Vitória soma 36 voluntários que atendem ligações de todo o país. O número de atendimentos cresceu durante a pandemia do coronavírus. Por ano, o país registra mais 3 milhões de ligações. Esse aumento na demanda trouxe a necessidade de remodelar o sistema de atendimento. As ligações, que costumavam ser atendidas nas sedes, precisaram ser remodeladas e agora podem ser feitas à distância, de forma remota.
Em tempos de incertezas, Ana lembra que é extremamente importante se manter atento ao sinais e saber o momento certo de procurar ajuda. É essencial saber diferenciar uma tristeza proveniente apenas do contexto atual de uma tristeza profunda. Ainda, faz um apelo para que as pessoas prestem atenção não só aos próprios sinais, como também aos sinais das pessoas próximas.
O CVV de Vitória fica na avenida Alberto Tôrres, 153, em Jucutuquara, próximo ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes). Para mais informações, o telefone é (27) 3223-4111. O atendimento 24h é oferecido por meio do 188.
Atualmente, os próprios voluntários que se unem para arcar com os custos da sede do CVV. Caso alguém queira ajudar com doações, pode fazer transferências por meio do PIX 28.414.902/0001-93 da Mantenedora do CVV Vitória: GAF – Grupo de Apoio Fraterno.
