Corrente do Bem: amigas do ES se unem e arrecadam alimentos

Soraya é assistente social e abraça o projeto Corrente do Bem. Foto: Arquivo Pessoal

Com a pandemia do coronavírus, muitas pessoas que já viviam em situação de risco ou extrema pobreza ficaram ainda mais debilitadas. Tentando amenizar o sofrimento dessas famílias, a voluntária Daniela Lacerda, 50 anos, criou o Corrente do Bem para arrecadar alimentos e amenizar a fome de muitas pessoas.

A voluntária conta que o projeto ganhou forma pouco depois da morte da mãe. “Eu perdi minha mãe em fevereiro do ano ado. Eu caí em uma depressão profunda, mas encontrei no “Corrente do Bem” a força que eu precisava para continuar vivendo. Eu vi que podia fazer a diferença na vida de pessoas que precisavam e muito”, lembra Daniela.

Foi ao visitar a região da Grande Terra Vermelha, Vila Velha, e se deparar com a extrema pobreza, que a voluntária começou a mobilizar familiares e amigos para arrecadar alimentos. O trabalho de formiguinha foi crescendo e ganhando forma. Daniela hoje conta com a ajuda de cerca de 10 voluntários e atende cerca de 40 famílias na Fazendinha, em Terra Vermelha.

“Eu vi crianças comendo lixo. É uma realidade muito triste. Eu chegava em casa e chorava. Agora eu transformo essa tristeza em força para ajudá-los. Muitas vezes vejo uma criança reclamando por só ter bife de frango para comer, sendo que ali, na comunidade ao lado, muitas delas não tem nada e recorrem ao lixo. Eu preciso tentar ajudar. E a nossa corrente é totalmente sem fins lucrativos e independente, não somos ligados a nenhum político ou religião”, desabafa a voluntária.

O foco principal do projeto é arrecadar alimentos e doar cestas básicas à famílias em extrema pobreza da Fazendinha, em Terra Vermelha. E neste Natal, a cesta vai especial, para que as famílias possam celebrar com dignidade. Com panetone, linguiça e refrigerante, a data será com mais leveza para pelo menos 40 famílias.

O Corrente do Bem é uma rede solidária, onde amigos se juntaram em prol de minimizar a fome de pessoas em situação de vulnerabilidade social. “Nós não conseguimos fazer nada sozinhos. Nós contamos com a ajuda não só dos voluntários, como também de toda a sociedade que faz as doações. Se cada um tiver a consciência de ajudar como pode, vai fazer a diferença na vida de quem não tem nada”, frisa Daniela.

Como o Corrente do Bem não é uma instituição, mas sim um exército de pessoas em prol do próximo, não há uma sede para reunir as doações recebidas. Mas Daniela conta que a assistente social Soraya, moradora da região, abre as portas da casa para receber tudo que chega e distribui a quem mais precisa.

Mas nem só alimentos arrecada o Corrente do Bem. Tudo que pode não estar em uso na sua casa ou no seu guarda-roupa, pode servir para outra pessoa. Daniela sabe dar um bom destino para a sua doação. Pode ser roupa, material de higiene, alimentos, utensílios, material escolar, o que estiver em bom estado. Para doar, basta entrar em contato com a voluntária no telefone (27) 99636-6620. Caso você prefira fazer a doação em dinheiro, pode fazer por meio do Piay @Daniela.Lacerda12 ou por meio do PIX danicorrentedobem.

Papai Noel

E em todo esse tempo de voluntariado, Daniela ainda se emociona com histórias e pedidos. E dessa vez, a surpresa veio com o pedido da pequena Ana Luiza. Aos 8 anos, na cartinha para o Papai Noel, a menina conta que está aprendendo a ler e quer ganhar livros de história e caderno para fazer continhas. É ou não é de aquecer o coração? E, claro, que Daniela não pensou duas vezes e apadrinhou essa criança.

Cartinha da Ana Luiza ao Papai Noel. Foto: Arquivo Pessoal