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Política

‘Ordens absurdas não se cumprem, temos que botar um limite’, diz Bolsonaro

Em tom de ameaça, o presidente criticou ação do Supremo contra o ‘gabinete do ódio’: ‘Acabou, porra’

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Um dia depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) fechar o cerco contra o “gabinete do ódio” no inquérito das fake news, o presidente Jair Bolsonaro adotou um tom de ameaça ao tratar sobre medidas tomadas pela Corte, publicou o jornal Estadão. Em declaração em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que não itirá “decisões individuais” e que “ordens absurdas não se cumprem”. “Acabou, porra!”, esbravejou o presidente.

“Não dá para itir mais atitudes de certas pessoas individuais, tomada de forma quase que pessoais certas ações”, disse ele. “Ordens absurdas não se cumprem e nós temos que botar um limite nessas questões”, afirmou aos jornalistas presentes no local. Ele se recusou a responder a perguntas sobre a qual ordem se referia e encerrou a fala após a insistência nos questionamentos.

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Em uma operação determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do polêmico inquérito das fake news, a Polícia Federal apreendeu ontem documentos, computadores e celulares em endereços de 17 pessoas suspeitas de integrar uma rede de ataques a integrantes da Corte e convocou oito deputados bolsonaristas a depor. Considerada “abusiva” pelo Palácio do Planalto, a ação da PF estremeceu ainda mais a relação entre magistrados e o governo, que avalia um contra-ataque.

Bolsonaro afirmou que “invadir casas de pessoas inocentes” e submetê-las a humilhações é “inissível”. O chefe do Executivo classificou o dia de ontem como “triste” e alertou que seria o último do tipo. “Não foi justo o que aconteceu ontem”, afirmou.

No despacho que ordenou a operação, Moraes definiu o gabinete do ódio, grupo de assessores do Palácio do Planalto liderados pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), como “associação criminosa”, mas não incluiu o filho do presidente ou servidores do governo entre os alvos da operação de ontem, apenas aliados próximos, como o blogueiro Allan dos Santos, do site bolsonarista Terça Livre. As referências ao grupo, no entanto, indicam que eles podem ser alvo numa fase futura da investigação.

“Inventaram o nome ‘gabinete do ódio’, uns acreditaram e outros foram além e abriram processo no tocante a isso. Não pode um processo começar em cima de um factoide, em cima de uma fake news”, afirmou Bolsonaro ao comentar a ação de ontem, mas sem citar Moraes nominalmente.

Segundo o presidente, “a historinha de querer criminalizar o ódio” é uma forma de censurar as mídias sociais, que o elegeram. Ele citou ainda é que “não existe pessoa mais humilhada” que ele nas redes sociais e nem por isso “levantou uma só palavra no sentido de controlar quem quer que seja”. “Respeitamos os demais Poderes, mas não abrimos mão de que nos respeitem também.”

Ontem, após a operação, Bolsonaro convocou uma reunião de emergência com ministros no Palácio do Planalto para discutir uma reação do governo ao Supremo. Uma das medidas tomadas foi um habeas corpus preventivo para o ministro da Educação, Abraham Weintraub. Integrante da ala ideológica do governo, Weintraub foi convocado pelo Supremo para prestar depoimento na Polícia Federal após dizer que, por ele, magistrados da Corte deveriam ser presos. O depoimento também faz parte do inquérito das fake news, a mesma investigação que tem como alvo apoiadores do governo.

A estratégia de enfrentamento à Corte foi traçada pelo presidente com o ministro da Justiça, André Luiz Mendonça, que assina o habeas corpus. Uma das medidas também discutidas na reunião foi a possibilidade de o governo entrar com ações individuais contra ministros por abuso de autoridade.

Após o encontro, Bolsonaro publicou uma série de tuítes dizendo que “cidadãos de bem” tiveram “seus lares invadidos” por exercerem seu “direito de liberdade de expressão”.