País
Visão360: Veja o que se sabe sobre o vazamento de óleo no litoral do Brasil
Surgimento das manchas aconteceu no final de agosto e já atingiu nove estados do Nordeste

Voluntários retiram óleo de praia em Morro de São Paulo, na Bahia. Foto: Arquivo pessoal/João Moraes
Bem próximas do litoral do Espírito Santo, as manchas de óleo já representam um grande desastre ambiental no país. O surgimento das manchas de óleo nas praias dos nove estados do Nordeste começou no final do mês de agosto, até então, sem origem identificada. Em análise, com base nos balanços divulgados pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), até o momento, mais de 250 localidades foram atingidas.
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Abrangência da mancha
A primeira mancha de óleo foi registrada no dia 30 de agosto, nas praias de Jacumã e Tambaba, no município de Conde, na Paraíba. O que parecia ser poluição, acabou se tornando mais abrangente nos dias seguintes. Já na segunda semana, seis estados do Nordeste já registravam a presença do óleo. Quinze dias depois, as manchas se concentraram em maior quantidade no Rio Grande do Norte. Após 22 dias, já eram sete os estados afetados. E na quinta semana, nove estados já tinham sido atingidos.
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Aproximadamente 12 unidades de conservação registraram ocorrência do material. As áreas afetadas são delimitadas para contribuir com a preservação da fauna e flora. O Ibama informou que tartarugas, aves e peixes foram encontrados cobertos de óleo, alguns deles já estavam mortos. A saúde dos voluntários, que ajudam na limpeza, já foi afetada também. Tontura, náuseas, dores de cabeça e reações alérgicas estão entre os sintomas relatados por parte dos voluntários de mutirões para remover o óleo das praias. Nesta segunda-feira, um turista de Minas Gerais ficou com manchas no corpo após tomar banho de mar em Ilhéus (BA). Ele foi internado em um hospital. Exames foram realizados no paciente para confirmar ou não a suspeita de relação com o óleo. Os resultados ainda não foram divulgados.

Voluntários e operários fazem limpeza de mancha de óleo que chegam às praias de Itapuama e praia de Xareu em Cabo de Santo Agostinho, litoral sul de Pernambuco. Foto: Ademar Filho/Futura Press/Estadão Conteúdo
Investigação
Na última sexta-feira (1º), a Polícia Federal deflagrou a Operação Mácula para apurar a origem e a autoria do derramamento de óleo. Duas empresas ligadas a companhia grega Delta Tankers, proprietária do navio Bouboulina, foram apontadas pelos investigadores como possíveis responsáveis pelo derramamento no mar.
A Polícia Federal informou que a partir da localização da mancha inicial de petróleo cru, a aproximadamente 700Km da costa brasileira, foi possível identificar o navio petroleiro que navegou pela área suspeita entre os dias 28 e 29 de julho. A embarcação, de bandeira grega, atracou na Venezuela em 15 de julho, lá permaneceu por três dias, e seguiu rumo a Cingapura, pelo Oceano Atlântico, vindo a aportar apenas na África do Sul. O derramamento investigado teria ocorrido nesse deslocamento.
No Espírito Santo
Até segunda-feira (4), a mancha de óleo já havia atingido a Costa do Atlântico, em Nova Viçosa, na Bahia, distante 50 Km da divisa com o Espírito Santo em linha reta. Por aqui, as manchas devem chegar, num primeiro momento, em pequenos fragmentos, mais fáceis de serem coletados e menos tóxicos. Depois de alguns dias, segundo o professor Marcos Teixeira da Ufes, podem chegar manchas maiores. A maior preocupação dos pesquisadores é com as áreas de mangue, onde a limpeza é mais difícil.
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O superintendente do Ibama no estado, Diego Libardi, explica que o Espírito Santo está em alerta e que três mecanismos são estudados para evitar a contaminação de mangues e rios. A ideia é usar redes de pesca de camarão, que têm malha mais fina; mantas de contenção, e pesca com barcos, para retirar o óleo das superfícies. O Corpo de Bombeiros já disponibilizou 120 alunos do curso de formação para atuar na limpeza das praias. Equipes dos municípios de Serra, Vitória, Vila Velha participaram de uma capacitação para saber como proceder com a chegada do óleo. Nesta terça-feira (5) será a vez do Exército e Marinha. O Ibama avalia estender a capacitação aos municípios do litoral do sul nos próximos dias.
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Diante da possibilidade de chegada do óleo que atinge praias do Nordeste ao litoral Norte do Espírito Santo, os municípios de Conceição da Barra, São Mateus e Linhares se preparam para recolher o material com 200 tambores de metal. Os recipientes foram doados por uma empresa de Linhares. 43 quilômetros de praias de Conceição da Barra foram filmados e fotografados em apenas dois dias. O trabalho de monitoramento com drone foi iniciado na praia de Riacho Doce, que faz divisa com a Bahia. A ideia é documentar a atual situação das praias.
Ainda no norte do Espírito Santo, equipes de Conceição da Barra, Linhares, São Mateus e Aracruz também aram por treinamento.

‘Pior ainda está por vir’, diz Bolsonaro sobre manchas de óleo. Foto: Pedro de Paula/FotoArena/EstadãoConteúdo
