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Guia ajuda indígenas a lidar com isolamento por causa da covid-19

Preparado por psicólogos e assistentes sociais, o material tem versões em português, guarani, kaingang e xokleng

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Cerca de 163 indígenas no país já contraíram covid-19. Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Assistentes sociais e psicólogas do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Interior Sul, em Santa Catarina, elaboraram um material de apoio psicológico, em português, guarani, kaingang e xokleng com sugestões para minimizar os efeitos negativos na saúde emocional dos indígenas durante a pandemia provocada pela covid-19. Segundo boletim epidemiológico divulgado diariamente pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), foram registrados até a quarta-feira (06) 12 óbitos de indígenas no país por causa do novo coronavírus. Existem 163 casos confirmados, 263 casos foram descartados, há 64 casos suspeitos e 97 pacientes foram recuperados.

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O documento chamado Bem Viver – Em Tempos de Isolamento Social também oferece informações sobre cuidados básicos de higienização e prevenção.

O guia traz dicas para reduzir a ansiedade entre os povos indígenas. “Procure assistir noticiários apenas uma vez ao dia. Geralmente a edição da manhã é capaz de consolidar tudo o que precisamos saber para ficarmos atualizados. O excesso de informações poderá gerar ansiedade, medo e nervosismo.”

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Outra sugestão é manter os cuidados com o corpo. “Tente praticar exercícios, mesmo que dentro de sua casa; usando de uma boa alimentação, com alimentos produzidos na sua aldeia, plantados e colhidos da mãe terra, mantendo a alimentação tradicional, dentro de cada etnia. Prefira frutas e verduras ao invés de alimentos industrializados; e evite o consumo de álcool. Sua saúde física e mental agradece”, destaca o documento. Usar o tempo para aprender também é indicado. “Pense como uma oportunidade de parar e aprender coisas novas, estar próximo de quem ama e olhar para si com cuidado.”

O material de apoio psicológico também indica a preservação da cultura e espiritualidade nos momentos da pandemia. “Mantenha a sua fé, sua espiritualidade; pois ela é a força que vem de dentro de cada um de nós. Continue, mesmo que em sua casa, a cultivar a cultura, ensine seus filhos o artesanato, as danças e a língua. Faça uma horta com ajuda da família, com o cultivo de chás e ervas medicinais. A cultura nos une, nos faz perceber que temos raízes e a espiritualidade nos torna fortes e esperançosos. Busque atendimento com Pajés, Rezadores, Kujás e Sábios (as) da sua etnia, no sentido de fortalecer sua mente, espiritualidade e corporeidade através das rezas, rituais e/ou uso de ervas e remédios preparados e orientados pelos maiores sabedores da sua cultura.”

Outras ações

A Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Sesai, vinculada ao Ministério da Saúde, lançaram nesta semana a Campanha Empresa Solidária para receber doações privadas para complementar as ações no enfrentamento, prevenção e controle da pandemia provocada pelo novo coronavírus (covid-19).

“Os povos indígenas dependem economicamente dos recursos naturais para sustento das suas comunidades. Com a continuidade das medidas de isolamento social, os indígenas vêm sofrendo com a impossibilidade de sair de suas aldeias, sem receber turismo e comercializar artesanatos, produtos e alimentos”, diz nota da Sesai.

Para doar é preciso ter Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e se inscrever no edital da Funai até às 18h de 15 de maio. O edital visa dar legalidade e transparência ao processo de doação. Também é preciso informar que tipo de doação será feita e em qual unidade da Federação deverá ser entregue.

Serão aceitos alimentos não perecíveis, itens de higiene e limpeza, roupas, cobertores, agasalhos, insumos e ferramentas agrícolas, sementes, materiais para pesca e máscaras e luvas para proteção individual. As doações serão entregues nas unidades da Funai.

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A Sesai é responsável atendimento de atenção primária e articulação com o Sistema Único de Saúde (SUS) para os atendimentos de média e alta complexidade para indígenas que vivem em aldeias. No caso de  indígenas que moram em cidades, os atendimentos são feitos diretamente pelos estados e pelos municípios onde residem.

Agência Brasil