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Da compra à criação: os cuidados antes de domesticar um silvestre
O segundo episódio da série mostra a história de uma universitária que tem em nove pets dentro de casa

Ouça o segundo episódio:
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O Espírito Santo é um dos estados onde, proporcionalmente, mais se concentra criadouros de animais silvestres e exóticos do Brasil. Segundo o Ibama, a região sudeste é responsável por mais de 60% dos estabelecimentos de venda comercial desses bichos em todo o território brasileiro. E em Vitória a gente conheceu uma pessoa que, olha, pode ser a que tenha a maior concentração de animais por metro quadrado.
São dois ratos, um papagaio, uma cobra, e ainda três gatos e dois cachorros. Todos dentro de um apartamento. Mas, calma, cada um tem seu espaço na casa da Daniela Teles, que é estudante de medicina veterinária. Isso já explica muita coisa, não é mesmo?
“Aqui em casa a gente divide as tarefas. Os animais que eu cuido são as minhas ratas e a minha serpente, o Salazar, uma píton bola. As ratas são bem tranquilas, a Brie e a Gouda. Quem cuida dos cachorros e dos gatos são a minha mãe e a Norma, que trabalha aqui em casa. Quem cuida do papagaio é a Norma também, porque ele aceita mais. Às vezes é meio bravo”, conta.
O Chico, que tem 17 anos, o papagaio bagunceiro da Daniela, está entre os animais mais comprados para se ter em casa. Quase 70% dos estabelecimentos comerciais legalizados no Brasil trabalham exclusivamente com a venda de pássaros, de acordo com o Ibama.
E entre as espécies de aves mais vendidas como pets, além do papagaio-verdadeiro, como o Chico, estão o curió, bicudo, periquitos, canário-da-terra, papa-capim, trinca-ferro-verdadeiro, rosela, arara-canindé, tuim-peruano e papagaio-cinzento.
Mas, ter um pássaro desse em casa dá trabalho.
“O Chico, com certeza, é o que dá mais trabalho. O papagaio demanda muita atenção, não é só trocar água de comida que está tudo certo. Eles gritam muito e fazem bagunça, que eu gosto muito, mas dá trabalho”, relata a universitária.
Se o papagaio é mais difícil de cuidar, na casa da universitária também vive um animal que é o oposto do Chico. O Salazar é uma píton, o caçula da família. A serpente, que ainda nem completou um ano, não faz barulho e nem pede comida a todo o instante. Inclusive, comer é algo esporádico na vida dele.
“Ele de longe é o animal mais tranquilo e mais fácil que eu tenho e olha que eu já tive muitos animais. Eu alimento ele de 15 em 15 dias, mais ou menos, e troco o pote de água a cada dois dias. É tudo muito fácil e prático com serpentes”, relata.
O caso da Daniela é de uma família multiespécie, isso porque ela possui vários animais que são, até mesmo, predadores uns dos outros. Mas, nem por isso, deixam de viver em harmonia. O biólogo comportamentalista Marlos Brum destaca que esse fenômeno é comum, sendo possível adestrar esses bichos para viverem juntos no ambiente doméstico.
“Chamamos isso de família multiespécie. Temos algumas restrições, que são bem óbvias, como ter uma cobra e um rato, porque a cobra se alimenta, naturalmente, de ratos. Até é possível, mas precisa de muito treino para tentar contornar extintos básicos muito fortes”, explica o biólogo.
Como ter o aos pets não convencionais
Interessante ter um papagaio ou uma cobra em casa, não? O o a eles, muitas vezes, é simples. Pode vir em forma de um presente, capturado em um sítio, ou até mesmo achado perto de uma mata. O que nem todos sabem é que essas duas formas estão erradas. Animais silvestres e exóticos só podem ser vendidos. E, ainda, por lojas autorizadas pelo Ibama.
Vindos de criadouros legalizados, é sinônimo de que eles am por avaliação de saúde periodicamente, possuem microchips ou, então, anilhas identificadoras que permitem acompanhamento por parte das autoridades responsáveis.
A compra pode ser feita em qualquer criadouro do país, desde que legalizado. Isso permite até mesmo o deslocamento seguro deles. Atualmente, no Espírito Santo, são 15 criadouros legalizados, a maioria exclusiva de aves.
Quem tiver interesse em comprar esses bichos, não precisa entrar em contato com o Ibama. Toda parte burocrática é feita nos próprios criadouros, de acordo com a Beatriz Resende, que é bióloga do Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema).
“Se a pessoa quiser comprar, não precisa procurar nenhum órgão ambiental. Só precisa perguntar se o estabelecimento tem autorização. Caso a loja não saiba responder, pode procurar o Iema para consultar se existe autorização para espécie que deseja comprar”, orienta.
Para entrar em contato com o Iema, basta ligar no número (27) 3636-2574. Dessa forma, quem estiver na dúvida se o criadouro é legalizado ou não, pode buscar informações antes de efetuar a compra.
No Brasil, quase 70% dos criadouros são exclusivos de avifauna. O segundo maior tipo de criação é de herpetofauna, que são de répteis e anfíbios, responsável por 13% dentre os estabelecimentos de venda legal no país, de acordo com o Ibama.
Aqui no Espírito Santo tem outra forma de ter um animal silvestre ou exótico em casa, que é pelo programa Guardião de Fauna. Neste caso, é por adoção desses bichos que não têm condições de voltar à natureza após ar pelo processo de reabilitação.
“A pessoa se inscreve e entra na fila de interessados. O animal que é tratado aqui e não tem condições de soltura, precisa ir para um cativeiro. Então, a gente procura outras categorias como um zoológico e, se não conseguir, a gente manda para o guardião de fauna, que é uma pessoa física que vai cuidar desses animais”, explica Beatriz Resende.
Quem quiser se inscrever no programa, pode mandar um e-mail para guardiã[email protected].
No próximo episódio…
Não é todo mundo que consegue cuidar de nove animais dentro de um apartamento, como a Daniela. Mas, sempre tem um ou outro que também surpreende. No próximo episódio da série de reportagens, vamos conversar com o dono da maior coleção de serpentes do Brasil. E não acaba por aí: você vai conhecer o Davi. Ele toma mamadeira, ama amendoim e até anda de stand up nas praias da Serra.
Ouça o primeiro episódio: Mercado registra aumento na busca por pets diferentes no Espírito Santo
