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Duas mulheres contra o conservadorismo na Câmara de Vitória

Camila Valadão (Psol) obteve 5.625 votos, a segunda maior votação da Capital e do Espírito Santo; Karla Coser (PT) se candidatou pela primeira vez e se elegeu com 1.961 votos

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Karla Coser e Camila Valadão. Foto: Reprodução/Facebook

Karla Coser e Camila Valadão. Foto: Reprodução/Facebook

 

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A assistente social Camila Valadão (Psol), 36 anos, rompeu barreiras e conseguiu ser a primeira vereadora negra da Câmara Municipal de Vitória. E ela chega ao Legislativo montada em 5.625 votos, a segunda maior votação da capital e do Espírito Santo, perdendo somente para o vereador reeleito, Denninho Silva (Cidadania). Suas pautas podem não ser idênticas às de futura nova colega no Legislativo, mas certamente ela e a advogada Karla Coser (PT), 30 anos e 1.961 votos, terão muito a conversar porque têm vários pontos em comum: vão encarar o primeiro mandato, são jovens, de esquerda e prometem defender a representatividade das mulheres e da minoria na Câmara.

Para Camila Valadão, essa foi uma eleição histórica, não só para o partido, mas para a política estadual. “Para nós o resultado foi uma grande vitória. Elegemos uma mulher negra na capital, com uma das maiores votação do estado. A esperança venceu as máquinas, no sentido de que somos um partido pequeno, sem grandes estruturas, que fez uma campanha com muito financiamento colaborativo e com a militância. Foi uma campanha que mobilizou a esperança. Isso mostra que há um projeto político reivindicando representatividade na Câmara Municipal”, disse.

A vereadora eleita frisa que uma das pautas é democratização dos espaços de definição de políticas públicas para as mulheres, políticas de equidade racial, de combate ao racismo, proteção da cidadania e dos direitos de pessoas LGBTQI+. “Imagino que teremos muitos enfrentamentos, afinal, historicamente essa Câmara de Vitória tem um perfil muito conservador e o nosso mandato vai confrontar muitas dessas pautas conservadores. Nós temos um compromisso com a população LGBTQI+, vida das mulheres e, muitas vezes, essas pautas chocam com o que determinados partidos defendem. Acho que serão quatro anos de muito trabalho, enfrentamento e desgaste nesse sentido”, comenta Camila Valadão.

Karla Coser (PT) vai numa linha parecida. A filha do ex-prefeito João Coser (ainda na disputa pelo Executivo da Capital) pretende transformar Vitória em uma cidade para mulheres, mais humana e sustentável. Karla entrou para política influenciada pela carreira do pai. A partir do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Direito na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) foi que ela entendeu que por meio de iniciativas públicas é possível enfrentar a violência contra a mulher.

Antes de lançar sua candidatura, Karla foi se preparar para a empreitada. “Minha mudança de área foi justamente por enxergar que no Legislativo eu poderia transformar efetivamente a vida das pessoas. Com essa decisão, participei do RenovaBR, que é uma escola de formação política que prepara pessoas comuns de diversas origens e ideologias para renovar a democracia brasileira. Cerca de 1.400 pessoas foram qualificadas em todo Brasil. Eles nos ajudam a entender como funciona uma campanha política, qual é a verdadeira função do vereador, o que podemos propor e o que não propor e quais são os limites da função. Foi uma experiência enriquecedora e engrandecedora, que me ajudou muito a saber quais desafios me esperam para os próximos quatro anos”, conta.

Entusiasta dos movimentos sociais, a petista acredita que a transformação começa com eles. Ao lado de Camila Valadão, em quem diz se inspirar desde que iniciou os os na política, a vereadora quer trazer mudanças para a vida das minorias. “E eu tenho certeza que seremos aliadas, afinal, somos duas mulheres, feministas, de esquerda e temos propostas em comum. Tenho certeza que vamos caminhar juntas para transformar a vida das pessoas. Eu defini três eixos de campanha que serão os norteadores: uma cidade para mulheres, humana e sustentável”, lembrou. A frase é de Karla Coser, mas poderia ser dita por Camila Valadão. Afinal, a proximidade entre as duas vai muito além do fato de serem duas jovens em seu primeiro mandato na Câmara Municipal de Vitória. Engajadas, ligadas a movimentos sociais e muito ativas, elas certamente vão se empenhar para que suas vozes e as vozes das mulheres sejam ouvidas pela sociedade. Terão trabalho, mas também darão trabalho a quem tentar calá-las…