Dinheiro
Indústria capixaba teve recuo de 46,96% nos últimos 10 anos
Em dezembro de 2022, a produção industrial capixaba apresentou queda de 6,8% na comparação com novembro de 2022

Indústria. Foto: CNI/Miguel Ângelo/Direitos Reservados
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Na direção oposta ao discurso de tom triunfal adotado por grande parte dos empresários e políticos do estado, o setor industrial do Espírito Santo amargou um recuo de mais de 46% nos últimos dez anos. Dois fatores são apontados como fundamentais para esse mau desempenho: a maturação dos campos de petróleo no litoral capixaba e a queda na mineração em decorrência das tragédias em Mariana (MG) e Brumadinho (MG). Em números exatos, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta uma queda de 46,96%. É o pior resultado alcançado pelos estados brasileiros.
A tendência negativa foi mantida em dezembro de 2022: a produção industrial capixaba apresentou queda de 6,8% na comparação com novembro de 2022, na série livre dos efeitos sazonais. E no acumulado do ano de 2022, frente ao acumulado de 2021, o resultado da indústria foi de retração de 8,4%, uma das reduções mais intensas do país.
Os números mostram que o Espírito Santo tem experimentado quedas sucessivas: redução de 6,8% em dezembro de 2022 na comparação com novembro de 2022; queda de 21,9% na comparação com dezembro de 2021; recuo de 39,54% desde dezembro de 2018; e a maior redução, de 46,96%, percebida nos últimos 10 anos.
O diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira, relembra que nos anos 2000, o Espírito Santo vivia uma forte expansão da produtividade de petróleo e gás. Na época, o estado era responsável por aproximadamente 15% da produção do país, chegando a ser o segundo maior produtor, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro.
Em 2012, no ano de comparação, o Espírito Santo vivia uma forte expansão na produção de petróleo e gás. Esse cenário puxava a produção industrial do estado. Ao longo dos anos, os poços do estado atingiram uma maturação, reduzindo a capacidade produtiva. Aliado a isso, veio *a crise na Petrobras e cortes profundos nos planos de investimentos da empresa*. Desde 2015, vivemos a desaceleração do petróleo e gás, o que impacta nessa comparação dos 10 anos”, detalha Lira.
O pico da produção de óleo e gás no Estado foi em 2016 – 168,7 milhões de barris equivalentes. Em 2021, a extração total ficou em 89,4 milhões de barris. Queda de 47% numa janela de apenas cinco anos.
Além da maturação dos campos de petróleo, o Espírito Santo lidou com os impactos econômicos, sociais e ambientais provocados pelas tragédias de Mariana (MG) – em 2015 -, e Brumadinho (MG) – em 2019.
“A Samarco – uma das maiores indústrias no Espírito Santo – deixou de operar na época do desastre, retomando as atividades nos últimos anos. Isso impacta também nos fornecedores de insumos. O impacto não ficou somente à Samarco. O mesmo se deu com a Vale, que foi impactada pela tragédia em Brumadinho”, explicou Lira.
Mesmo diante de um cenário de queda, o diretor-presidente do IJSN frisa que o Espírito Santo a por um momento de diversificação da base produtiva. O estado, que ao longo da história teve uma indústria fortalecida por commmodites, ou a apostar na qualificação e diversificação da indústria. Em 2022, o Espírito Santo foi responsável por 90% da exportação brasileira de rochas ornamentais.
Atualmente, o estado ou a sediar empresas que produzem bens finais, como a Itatiaia, WEG, Marcopolo. Para Lira, esse trabalho vem sendo fortalecido pelo trabalho em conjunto do governo do Estado, poderes executivos municipais e Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes).
CENÁRIO NACIONAL
O Brasil apresentou uma variação nula da indústria (0,0%), de novembro para dezembro, na série com ajuste sazonal. Dez dos 15 locais pesquisados pelo IBGE apresentaram taxas positivas. As maiores altas foram em Mato Grosso (5,8%) e Amazonas (5,6%).
Na média móvel do trimestre terminado em dezembro, houve aumento em cinco dos 15 locais pesquisados frente ao trimestre encerrado em novembro. Frente a dezembro de 2021, houve quedas em 11 dos 15 locais pesquisados.
Na série com ajuste sazonal, na agem de novembro para dezembro de 2022, dez dos 15 locais pesquisados mostraram taxas positivas. As expansões mais acentuadas foram de Mato Grosso (5,8%) e Amazonas (5,6%), com ambos marcando o segundo mês seguido de crescimento na produção, período no qual acumularam ganhos de 8,9% e 5,8%, respectivamente. Ceará (4,3%), Paraná (3,9%), Pernambuco (2,7%), Rio Grande do Sul (1,0%), Rio de Janeiro (0,8%), Santa Catarina (0,7%), Região Nordeste (0,6%) e Pará (0,5%) completaram o conjunto de locais com índices positivos em dezembro de 2022.
Por outro lado, Espírito Santo (-6,8%) e Minas Gerais (-4,9%) apontaram as reduções mais intensas nesse mês, com o primeiro local eliminando o crescimento do mês anterior (7,3%) e o segundo interrompendo dois meses consecutivos de expansão na produção, período em que acumulou ganho de 3,8%. Goiás (-3,7%), São Paulo (-1,2%) e Bahia (-0,6%) mostraram os demais resultados negativos em dezembro de 2022.
No acumulado do ano de 2022, frente ao acumulado de 2021, a redução na produção nacional (-0,7%) alcançou oito dos quinze locais pesquisados, destacando-se o Pará (-9,1%) e Espírito Santo (-8,4%). Ceará (-4,9%), Santa Catarina (-4,3%), Paraná (-4,2%), Pernambuco (-2,3%), Minas Gerais (-1,3%) e Região Nordeste (-1,0%) completaram o conjunto de locais com queda acumulado no ano na produção.
No sentido oposto, Mato Grosso (19,4%) apontou o avanço mais elevado no índice acumulado do período janeiro-dezembro de 2022. Rio de Janeiro (4,6%), Amazonas (3,8%), Bahia (2,4%), Goiás (1,4%), Rio Grande do Sul (1,1%) e São Paulo (0,2%) mostraram as demais taxas positivas no índice acumulado no ano.
