Dinheiro
Companhias de cruzeiro suspendem operações no Brasil após surtos de covid
A interrupção vai até 21 de janeiro; Associação Brasileira de Navios de Cruzeiros afirma que decisão foi tomada para buscar alinhamento com autoridades

Pelo menos 166 casos de covid já foram notificados em embarcações atracadas na costa brasileira. Foto: Divulgação Marcelo Martins/Prefeitura de Santos
A Associação Brasileira de Navios de Cruzeiros (CLIA Brasil) anunciou nesta segunda, 3, a suspensão voluntária e imediata das operações nos portos do Brasil até 21 de janeiro de 2022. Nesse período, o grupo informou, em nota, que vai trabalhar em nome das companhias de cruzeiro em operação no País, a MSC Cruzeiros e a Costa Cruzeiros, a fim de alinhar as interpretações e aplicações de protocolos de saúde e segurança com as autoridades do governo federal, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Estados e municípios.
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A decisão ocorreu após surtos de covid-19 nas cinco embarcações em operação nas águas brasileiras. Até a última atualização da Anvisa, deste domingo, 2, todos navios estão nos dois níveis mais graves de cenário epidemiológico, de acordo com a portaria 2.928 publicada pelo Ministério da Saúde.
A associação explica, na nota, que nas últimas semanas as duas empresas de cruzeiros “experimentaram uma série de situações que impactaram diretamente as operações nos navios, tornando a continuidade dos cruzeiros neste momento impraticável”.
Ministério discutia recomendação de suspensão apresentada pela Anvisa
Antes do anúncio da suspensão por parte das empresas, o Ministério da Casa Civil havia informado que as áreas técnicas de diferentes pastas estavam analisando, desde o início do dia, a recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para suspender a temporada de cruzeiros.
Após surtos de covid-19 em ageiros e tripulantes no fim do ano, a agência contraindicou o embarque em navios e impediu o ingresso em um cruzeiro atracado no Porto de Santos.
A discussão sobre a recomendação da Anvisa, segundo a Casa Civil, também envolve representantes de Estados, municípios e empresas de turismo. “Após o posicionamento de todos os envolvidos, técnicos e representantes dos ministérios da Saúde, Justiça e Segurança Pública, Infraestrutura, Turismo e da Anvisa, se reunirão, na Casa Civil, para discussão e possível deliberação sobre o assunto”, informou a pasta, em nota.
A retomada das operações de cruzeiros no Brasil foi autorizada por uma Portaria Interministerial – Casa Civil, Justiça e Segurança Pública, Saúde e Infraestrutura –, de 5 de outubro, que ou a valer a partir de 1.º de novembro. Já são 174 casos confirmados de covid desde a semana ada em cruzeiros. A Anvisa impediu o embarque de 3 mil ageiros no navio MSC Splendida no domingo, 2.
De acordo com a Anvisa, o impedimento ocorreu “devido ao reconhecimento pelas autoridades locais de saúde e pela Anvisa, da existência de transmissão sustentada de covid entre tripulantes”. A notificação, segundo a agência, foi feita no sábado, 1.
A MSC Cruzeiros, responsável pela operação do navio MSC Splendida, informou não ter recebido autorização para realizar o embarque de hóspedes no porto de Santos, onde o navio estava atracado. A companhia não divulgou o número de ageiros que ingressariam no cruzeiro.
O MSC Splendida é um dos navios que registraram casos de covid desde a semana ada – os outros dois são o MSC Preziosa, de responsabilidade da mesma empresa, e o Costa Diadema. O Preziosa chegou ao Rio de Janeiro com 28 casos confirmados do coronavírus – sendo dois tripulantes e 26 ageiros. Neste caso, a Anvisa autorizou o embarque de novos ageiros.
Publicada na sexta-feira, 31, a recomendação da Anvisa pela suspensão dos cruzeiros é baseada no cenário epidemiológico atual da covid, agravado pela chegada da variante Ômicron ao Brasil. No documento, a agência destaca que os dados disponíveis até o momento indicam o potencial de espalhamento da Ômicron, mais rápido do que outras variantes.
A recomendação da Anvisa também considerou que, mesmo diante de Planos de Operacionalização para a retomada da temporada de cruzeiros no âmbito de Estados e municípios, “tem-se observado dificuldades impostas pelos entes locais diante da necessidade de eventuais desembarques de casos positivos”. Os planos estabelecem as condições para assistência em saúde dos ageiros desembarcados em seus territórios e para execução local da vigilância epidemiológica.
