Dinheiro
Bolsonaro confirma aval para Guedes discutir novo imposto
Ministro da Economia convenceu o presidente a liberar a discussão pública da volta do tributo com o argumento de que não se trata da antiga MF, porque não haverá aumento da carga tributária
O presidente Jair Bolsonaro confirmou neste domingo, dia 2, que deu o aval para o ministro da Economia, Paulo Guedes, debater com o Congresso a criação de uma ‘nova’ MF, em contrapartida à redução ou extinção de outros impostos. Bolsonaro citou como exemplo a redução de percentuais na tabela do Imposto de Renda ou a ampliação da isenção, a desoneração da folha de pagamento ou a extinção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Segundo ele, não haverá aumento da carga tributária.
“O que eu falei com o Paulo Guedes, você fala MF, né, pode ser o imposto que você quiser, tem que ver por outro lado o que vai deixar de existir. Se vai diminuir a tabela do Imposto de Renda, o percentual, ou aumentar a isenção, ou desonerar a folha de pagamentos, se vai também acabar com o IPI”, disse ao ser questionado se teria dado o aval para Guedes discutir uma nova MF com o Parlamento. O presidente conversou com jornalistas ao parar numa padaria no Lado Norte, em Brasília, durante eio de moto acompanhado do ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.
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Com o estrago da covid-19 no mercado de trabalho, Guedes convenceu o presidente a liberar a discussão pública da volta do tributo com o argumento de que não se trata da antiga MF, porque não haverá aumento da carga tributária.
Neste domingo, Bolsonaro ponderou, no entanto, que se a população entender que não é necessário mexer nesses tributos, a saída é “deixar como está”. Para o presidente, não se trata nem mesmo de o Congresso entender ou não que um novo imposto deva ser criado, já que o Executivo e o Parlamento são “subordinados ao povo”. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é o maior crítico do retorno de um tributo nos moldes da MF.
“Então eu falei para ele (Guedes), quando for apresentar a vocês, botar os dois lados da balança. Se o povo não quiser, vou nem falar Parlamento, nós e o Parlamento somos subordinados ao povo. Se o povo achar que não deve mexer, deixa como está. Agora, tem o dono da padaria aqui, a dificuldade que é contratar gente com esse emaranhado de leis que temos pela frente, direitos”, disse.
Guedes tenta convencer o presidente a aceitar o envio do projeto com a possibilidade de aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), hoje em R$ 1,9 mil por mês, uma promessa de campanha de Bolsonaro, e viabilizar o Renda Brasil, o programa social que o governo desenha para substituir o Bolsa Família. Guedes quer enviar o projeto com o novo tributo ainda em agosto.
Questionado sobre quando a segunda fase da proposta de reforma tributária deve ser enviada pelo governo, Bolsonaro respondeu não saber. “Todo mundo falando sobre tudo. Ela só vai para o Congresso depois de minha. Não tem aumento de carga tributária, tem para substituir imposto. Se for aumentar, pessoal não aguenta mais pagar imposto não”, disse.
Cloroquina
Diagnosticado com covid-19 no início de julho, e agora, segundo ele, já testado negativo, o presidente conversou com apoiadores durante o eio, usando máscara. No comércio, o presidente falou com o funcionário de uma farmácia sobre como estão as vendas da hidroxicloroquina, remédio defendido por Bolsonaro para o tratamento do novo coronavírus – apesar de até o momento não ter comprovação científica de sua eficácia. Segundo o funcionário, a “demanda” pelo remédio é maior que a oferta. “É porque o insumo vem da Índia e parece que está meio fechado lá”, respondeu Bolsonaro.
