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30 empresas de olho nos briquetes produzidos no Espírito Santo

O briquete desenvolvido no estado tem o potencial de reduzir em até 10% as emissões de gases de Efeito Estufa (GEE) no alto-forno

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Usina de briquete na Vale

Primeira usina de briquete é inaugura em Vitória. Foto: Patrícia Battestin

A primeira Usina de Briquetes de minério de ferro do mundo é capixaba. Ela foi inaugurada nesta terça-feira (12) na Unidade Tubarão da Vale, em Vitória. “Tinha que ser capixaba. A Vale nasceu aqui. É um marco inagurar essa primeira planta aqui”, disse o presidente de Vale Eduardo Bartolomeo, que veio ao Espírito Santo para participar do evento.

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O produto desenvolvido pela mineradora tem o potencial de reduzir em até 10% as emissões de gases de Efeito Estufa (GEE) no alto-forno. A expectativa é que no futuro, possibilite a produção de aço de zero emissão, quando o hidrogênio verde estiver disponível.  “Estamos oferecendo um produto que apoiará nossos clientes, os fabricantes de aço, a se adequarem às metas de redução de emissões que estão sendo adotadas por governos em todo o mundo, contribuindo para o combate à mudança climática”, explica Eduardo Bartolomeo.

Uma segunda planta em Tubarão já está em andamento e tem inauguração prevista para o início de 2024. Juntas, elas terão capacidade de produzir 6 milhões de toneladas por ano – resultado de um investimento de R$ 1,2 bilhão e que gerou 2.300 empregos no pico das obras.

Mercado

Mais de 30 empresas já demonstraram interesse em receber carregamentos de briquete em 2024. Por se tratar de um produto inovador, a produção dos dois primeiros anos será destinada a testes nas instalações desses clientes. A maioria dos interessados é da Europa e do Oriente Médio, mas houve pedidos de clientes de todo o mundo, inclusive do Brasil, garantindo a demanda por mais de um ano. Em 2024, as duas plantas de Tubarão irão produzir cerca de 2,5 milhões de toneladas. A produção crescerá gradativamente até atingir os 6 milhões de toneladas por ano.

“O interesse demonstrado pelos clientes nos deixa confiantes de que o briquete veio para revolucionar a produção de aço”, explica o vice-presidente executivo de Soluções de Minério de Ferro, Marcello Spinelli. “A descarbonização da siderurgia se dará em etapas. Na primeira, nossos clientes estão buscando formas de aumentar a eficiência operacional na rota de alto-forno, reduzindo o gasto de energia e, consequentemente, diminuindo emissões de CO2. Nesse estágio, o briquete já faz diferença. E na etapa final, quando o hidrogênio verde estiver disponível, o briquete contribuirá para a produção de aço de zero emissão, o que será feito por meio da rota de redução direta, considerada mais ‘limpa’ que a do alto-forno”.

O que é briquete de minério de ferro

O briquete é produzido a partir da aglomeração a baixas temperaturas de minério de ferro de alta qualidade utilizando uma solução tecnológica de aglomerantes, que confere elevada resistência ao produto final. Anunciado pela Vale em 2021, o produto emite menos particulados e gases como dióxido de enxofre (SOX) e o óxido de nitrogênio (NOX) quando comparado aos processos tradicionais de aglomeração, além de dispensar o uso da água em sua fabricação.

O desenvolvimento do briquete teve início no Centro de Tecnologia de Ferrosos (CTF) da Vale, em Nova Lima (MG), há cerca de 20 anos. A ideia de aglomerar minério de ferro por meio da briquetagem não era nova, mas os pesquisadores tinham dificuldade de garantir que o produto mantivesse a integridade no alto-forno. A Vale desenvolveu uma solução de aglomerantes que resolveu esse problema. Foram realizados testes em laboratório, depois em fornos de pequena escala e finalmente os testes industriais no alto-forno, que comprovaram a performance e valor do produto.

No momento, a Vale está desenvolvendo a versão do briquete para a rota de redução direta. Testes experimentais foram realizados com sucesso e a empresa já iniciou o primeiro teste industrial, em um reator na América do Norte.