Coluna André Andrès
Três bons vinhos nacionais abaixo de R$ 40
Vinícolas tradicionais têm belas opções a partir de R$ 30. O rosé da Miolo ostenta o título de “Melhor do Mundo”. Há exagero nisso, mas o vinho é muito bom
Há um equívoco fundamental quando se fala em vinhos de preço mais ível: compará-los a rótulos mais caros. Os tintos e brancos devem ser compreendidos em sua amplitude, ou seja, não se pode buscar num Pinot Noir nacional, por exemplo, a qualidade de um vinho produzido na Borgonha. Mesmo porque a proposta dos vinhos mais básicos, do “dia a dia”, não é alcançar pontuação espetacular dada por críticos conhecidos mundialmente, e, sim, ganhar mercado e ajudar a sustentar os projetos mais elaborados e caros de seus produtores. Mas é bastante possível encontrar boa qualidade em vinhos “bons de bolso”, e, em alguns casos, levar para casa garrafas capazes de ostentar em seu rótulo o título de “melhor do mundo” em sua categoria (há um certo exagero nisso, mas daqui a pouco falamos sobre esse assunto). Enfim, esse terreno das garrafas de baixo custo é ótimo para se dedicar a uma das tarefas mais prazerosas do mundo do vinho: explorar, testar e buscar novidades. Se algo der errado, e o caldo for muito ruim, você não perdeu muito dinheiro. E a solução é continuar a busca para encontrar algo realmente compensador. Para ajudá-lo nessa tarefa, seguem três sugestões para serem exploradas com mais segurança…
Aurora Chardonnay – A vinícola Aurora é conhecida por sua capacidade de fazer vinhos extremamente populares, como o Sangue de Boi, e também rótulos sempre citados entre os melhores do país, como o Millésime Cabernet Sauvignon. Os brancos produzidos pela cooperativa são muito bem feitos. É o caso desse Chardonnay. O seu “primo”, saído das vinhas de Pinto Bandeira, é excelente, mas custa o dobro do preço. Para o dia a dia, para abrir os trabalhos de forma descompromissada, para acompanhar uns petiscos de peixe, esse Chardonnay está de ótimo tamanho. Tem uma acidez equilibrada, e isso torna o vinho mais gastronômico, ou seja, mais apropriado para acompanhar os pratos. Muito frutado no nariz e na boca, com muitos toques de frutas cítricas. Muito bom para sua faixa de preço: R$ 30.
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Miolo Seleção Rosé – Ostenta no seu rótulo a medalha de “Melhor Rosé do Mundo”, conquistada em 2019 no “7º Rio Wine & Food Festival”. O título de melhor rosé da competição pode ter sido merecido, mesmo porque o festival é organizado por Marcelo Copello, autoridade no assunto. É um excelente rosé, mas não é, certamente, o melhor do mundo. O Crios Rosé de Malbec, feito por Susana Balbo na Argentina, por exemplo, lhe é superior. O Crios, no entanto, é mais caro. Talvez a melhor definição para este Miolo é a seguinte: é um dos melhores vinhos rosés dentro de sua faixa de preço. É muito fresco, de coloração muito bonita, e é resultado de ótima combinação de Cabernet Sauvignon e Tempranillo. Também vai muito bem com frutos do mar. Custa R$ 39.
(Esqueci de dizer: por ter se tornado famoso como “melhor do mundo”, o rosé da Miolo é um pouco difícil de achar nas lojas e supermercados. Por isso, quando encontrar, leve mais de uma garrafa, se possível, porque talvez leve tempo para encontrar outra)
Salton Intenso Merlot – Vamos falar do Merlot, mas fica uma sugestão: toda a linha Intenso da Salton vale ser provada. Há quem seja apaixonado pela leveza do Intenso Pinot Noir, por exemplo. E o Intenso Licoroso é um vinho de sobremesa sensacional. Esse Merlot, assim como ocorre com os outros 11 rótulos da linha Intenso, é um vinho “didático”, ou seja, exibe as características básicas da uva. Isso acontece porque ele a pouco tempo em madeira (seis meses, para ser exato). O resultado é um tinto com muito aroma de frutas vermelhas e um pouco de baunilha e chocolate. No paladar, ele exibe toques um pouquinho mais adocicados. Perfeito para acompanhar uma carne grelhada. Bem gostoso. E custa apenas R$ 39. Vale a pena.
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