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Sambão do Povo vai abrigar pacientes de Vitória com covid-19

Os abrigados serão acompanhados por equipes que ficarão 24 horas por dia garantindo o distanciamento social e monitorando a evolução dos quadros clínicos

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Camarotes do Sambão do Povo serão usados para isolar pessoas com covid-19. Foto: Reprodução/PMV

Os camarotes do Sambão do Povo, tradicional local do Carnaval capixaba, vão abrigar deficientes, idosos, moradores em situação de rua e quem esteja em situação de vulnerabilidade diagnosticados com a covid-19, a partir da próxima quarta-feira (24). A previsão é que o Centro de Quarentena, como foi chamado, atenda cerca de 50 pessoas por vez no bairro Mario Cypreste, na capital.

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A medida é para proporcionar um lugar aos moradores do municípios que não conseguem fazer o isolamento social, seja por morarem em ambientes com muitas pessoas, precisarem de cuidados especiais enquanto se recuperam da doença ou serem debilitados.

No espaço, os abrigados serão acompanhados por equipes médicas, de assistência social e cuidadores, que ficarão 24 horas por dia garantindo o distanciamento entre as pessoas e monitorando a evolução dos quadros clínicos. Haverá, também, servidores para limpeza e vigilância do local, cuja contratação deve ocorrer nos próximos dias.

Por não possuir uma estrutura hospitalar de tratamento, como com respiradores, por exemplo, o projeto é destinado apenas para quem estiver com sintomas leves da doença. Mas, caso ocorra alguma complicação, a pessoa será transferida pela própria prefeitura para alguma unidade de saúde na Grande Vitória.

“Para deixar bem claro, não é um hospital. O centro é um para pessoas com covid-19 que precisam fazer isolamento, têm sintomas leves, mas não têm condições de se isolar por causa da vulnerabilidade delas. É uma estratégia para cuidar de quem está infectado e para conter a velocidade que o vírus está se disseminando”, explica o coordenador do Comitê de Gerenciamento das Políticas Sociais dos Impactos Causados Pela Covid-19, Bruno Toledo.

Inicialmente, cada membro terá o à alimentação e higiene pessoal por pelo menos 15 dias, tempo que normalmente demora para os sintomas desaparecerem. Depois desse período, o leito será disponibilizado para outra pessoa, assim gerando uma rotatividade quinzenal. Até o mês de dezembro, data prevista para as atividades no centro serem encerradas, espera-se atender cerca de 600 pessoas.

A triagem das pessoas que estiverem contaminadas será feita pela Semus (Secretaria de Saúde de Vitória), através dos postos públicos de saúde ou hospitais, e em seguida a Semas (Secretaria de Assistência Social de Vitória) vai avaliar quem preenche os requisitos para ficar isolado no local.

Reclamações

Embora o projeto tenha o propósito de frear a pandemia, alguns moradores do bairro reclamam que não houve um diálogo entre prefeitura e comunidade para a instalação do Centro de Quarentena. Adelson Santana, de 50 anos, reclama que só tomaram conhecimento do projeto após as obras serem iniciadas, há, mais ou menos, duas semanas. Segundo ele, o ideal seria instalar o projeto em uma área isolada, para expor o menor número possível de pessoas à covid-19.

“Tento proteger a mim e minha família o tempo inteiro, fico em isolamento social dentro de casa, e agora trazem isso para o nosso lado? Ninguém perguntou o que os moradores achavam. Todo o tipo de gente doente estará trafegando por ali. Nós corremos um sério risco”, diz Adelson, que mora no bairro Mario Cypreste há 20 anos.

Para reverter a decisão da prefeitura, Adelson afirma que será feita uma reunião nesta quinta-feira (18) entre os moradores. E, segundo ele, caso for preciso, pretendem até fechar a região da rodoviária nesta sexta-feira (19).

Questionado sobre o assunto, Toledo itiu que não houve um diálogo incisivo com a comunidade, mas isso ocorreu, segundo ele, porque não havia tempo para fazer audiências públicas. “Nós temos urgência em montar esse centro, e se fôssemos fazer grandes modificação em estruturas, não teríamos tempo hábil que a demanda da pandemia exige. Se não fosse emergência, óbvio que faríamos consultas, reuniões, mas não temos condição de fazer isso. A pandemia está chegando muito forte ao estado. Conversei com alguns líderes comunitários da região, só que eles também têm os próprios limites, então nem tudo chega a todos os moradores”, pontua