Dia a dia
Saiba como toneladas de lixo podem “virar” cadeiras de rodas no ES
No grupo Fraternidade e Vida, o que é chamado de lixo ganha valor e tampinhas plásticas viram cadeira de rodas

A cidade de Vila Velha produz 591 toneladas de resíduos todos os dias. Foto: Patrícia Battestin
Nesta segunda-feira, 05 de junho, é celebrado o Dia Internacional do Meio Ambiente e Dia Nacional da Reciclagem. A data acende um alerta sobre a destinação do lixo produzido.
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Somente a cidade de Vila Velha produz 591 toneladas de resíduos todos os dias. Uma média de 1,2 quilos por morador. Desta montanha que lixo que chega nos aterros sanitários, apenas 15% é rejeito. Todo o restante poderia ser reaproveitado.
Plástico, alumínio, papelão… Produtos que valem ouro para quem trabalha com reciclagem, são desperdiçados diariamente. Eles poderiam ser fonte de renda de várias famílias e se tornam um problema para o meio ambiente. Parte da solução deste problema, pode ter início dentro de casa.

Marília Debbané, voluntária do Movive. Foto: Patrícia Battestin
“Nós temos que separar secos, material reciclável seco, bem limpinho para os catadores, o que gera emprego e renda para essas pessoas. Isso também protege nossos recursos naturais, que já estão escassos. Precisamos também separar o material orgânico e enviar para os aterros sanitários apenas o rejeito”, disse Marília Debbané, voluntária do Movive.
Do resíduo que é produzido em casa, 35% é matéria prima seca, como plástico, alumínio e papel. Outra parcela valiosa, é o produto reciclável orgânico. Ele representa 50% do lixo doméstico. Por falta de conhecimento, tudo acaba misturado e nada é reaproveitado.
“Quando a gente mistura tudo, nós estamos gerando lixo. E nós temos aquela urgência, coloca num saco preto, manda para o lixo. Só que nós estamos enterrando materiais poderosos, que são resíduos. É muito importante essa consciência, essa atitude. Como destinar? Realmente não temos na maioria das nossas cidades coleta seletiva, infelizmente. Mas a gente pode sim, dar a destinação correta”, reforçou a voluntária.
E não é difícil ver o lixo que é descartado incorretamente jogado nas ruas. Ele está por toda parte. Nos valões, bueiros, nas praias… O resultado desta ação surge com alagamentos, morte de animais marinhos e claro, sujeira e poluição.
“Pela Lei Nacional de Resíduos Sólidos, as prefeituras têm que recolher de forma segregada o material reciclável seco, o material orgânico e o rejeito. Não temos isso ainda acontecendo como a gente sonha. Mas a gente pode fazer a nossa parte. E ai é que entra o nosso dever. Se a gente separar direitinho, a prefeitura também vai ter que se movimentar. Então se todo cidadão começa a separar, ele está exercendo o seu dever e depois podemos cobrar nossos direitos”, completou.
O lixo que vira ajuda ao próximo
Nas mãos certas o que é chamado de lixo ganha valor. No grupo Fraternidade e Vida, por exemplo, tampinhas plásticas viram cadeira de rodas. Uma atitude que para os voluntários vai muito além de assistencialismo. “Você retira o plástico da natureza. A natureza não a mais tanto plástico, um material que não se degrada, ou que demora vários anos para degradar. Então a medida que você pega esse plástico e manda para a reciclagem, você está fazendo um bem para a natureza e um bem para a pessoa que vai ganhar a cadeira de rodas.

O grupo Fraternidade e Vida transforma tampinhas plásticas em cadeira de rodas. Foto: Patrícia Battestin
O grupo precisa vender uma tonelada de tampas para comprar uma cadeira de rodas. É muito plástico que deixa de ir para lugares indevidos. “Nós recebemos qualquer tipo de tampa, de desodorante, leite em pó, pote de sorvete, produtos de limpeza… até carretéis de plástico valem”, disse a voluntária do Grupo Fraternidade e Vida Maria Auxiliadora Neves.
Para colaborar, basta deixar as tampas na Comunidade Santo Antônio, que fica no Parque das Castanheiras; na Comunidade Santa Luzia, na Praia do Ribeiro; ou na Igreja Perpétuo Socorro, na Praia da Costa.
Sabendo da importância da redução do lixo e da manutenção de um bom lugar para as gerações futuras, a Maria José deixou um recado. “Cada um em que fazer a parte dele. Você não pode pensar que o outro não está fazendo. Pense que você está fazendo. Isso faz muita diferença.”
“É urgente, é muito urgente. É uma atitude que nós podemos fazer diferente. Começa a separar, guardar direitinho e destinar corretamente”.
