Dia a dia
PF investiga quadrilha no ES que levava brasileiros ilegalmente aos EUA
A investigação é sobre uma agência de viagens que atuaria como intermediária entre brasileiros e coyotes para migrarem aos Estados Unidos por 25 mil dólares

Monte Cristo Rey. Foto: Sesp
A Operação Cristo Rey, deflagrada pela Delegacia da Polícia Federal de São Mateus, investiga uma associação criminosa que levava brasileiros aos Estados Unidos por meio de coyotes, que atravessariam ilegalmente essas pessoas na fronteira do México. Estão sendo cumpridos dois mandados de busca e apreensão em Barra de São Francisco/ES e um outro na cidade de Central de Minas/MG. A quadrilha é investigada por realizar migração ilegal e falsificação de selo ou sinal público.
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O principal investigado nesta operação teve que entregar seu aporte aos policiais e também pagou uma fiança no valor de 50 (cinquenta) salários mínimos. O montante deverá ser recolhido por meio de depósito judicial no prazo de 48 horas, devendo informar o pagamento à Justiça e, no caso de descumprimento, será expedido mandado de prisão em seu desfavor.
A ação contou com a participação de aproximadamente 16 policiais e teve como objetivo além do cumprimento das ordens judiciais, a obtenção de novos elementos de prova para a conclusão das investigações. O nome Cristo Rey é referente ao monte que interrompe o muro entre os Estados Unidos e México.
Denúncia foi feita no ano ado
Em meados de 2021, a Polícia Federal recebeu a notícia de que haveria uma agência de viagens no Município de Barra de São Francisco que atuaria como intermediária entre pessoas interessadas em imigrar para os Estados Unidos e “coyotes” que atravessariam ilegalmente essas pessoas na fronteira do México. Os valores cobrados girariam em torno da quantia de US$ 25,000,00 (vinte e cinco mil dólares americanos).
Os valores cobririam todo o processo de movimentação migratória, incluindo a confecção e retirada de aporte em São Paulo, agens com embarque a partir daquela cidade e chegada nos Estados Unidos. Além disso, os contratos entre a agência de turismo e os interessados traziam os símbolos falsificados da Polícia Federal. A polícia conseguiu coletar inúmeros dados de interesse para a investigação, tais como valores cobrados, pessoas envolvidas no exterior, locais de embarque e permanência da migrantes e estratégias para a entrada ilegal no país norte-americano.
Chamou a atenção dos investigadores a existência de advogados americanos contratados para atuarem nos processos dos migrantes eventualmente detidos e das possibilidades de manipulação das regras migratórias americanas no intuito de se adentrar naquela país.
De acordo com a Polícia Federal, o número de brasileiros tentando ingressar ilegalmente nos Estados Unidos disparou em 2021. Estima-se que 150 brasileiros foram detidos diariamente pelas agências policiais americanas no ano ado, chegando a quase 5.000 por mês. Não há dados que indiquem quantos brasileiros conseguiram realizar a travessia organizada por grupos criminosos conhecidos por “coyotes”.
Os capixabas compõem o terceiro maior grupo nesse universo de detidos, atrás somente dos Estados de Minas Gerais e Rondônia. A Polícia Federal alerta que apesar da mudança no governo americano com a eleição do presidente Joe Biden, as regras migratórias americanas não foram flexibilizadas, a travessia ilegal pela fronteira mexicana, além de cara, é perigosa e traz riscos inúmeros às pessoas.
Além disso, há inúmeros relatos de agressão, estupros, furtos e até mesmo abandono dessas pessoas no deserto americano pelos coyotes. No começo de setembro de 2021, o corpo de uma brasileira de 49 anos foi encontrado durante uma patrulha de agentes norte-americanos em uma área desértica no Novo México, nos Estados Unidos.
