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Pesquisa mostra que coronavírus circulava no Espírito Santo desde 2019

Primeiro caso de covid-19 no país foi registrado em 26 de fevereiro de 2020. O diagnóstico foi pulicado na revista científica Plos One

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Anticorpos do novo coronavírus foram encontrados em uma amostra de sangue colhida no Espírito Santo no dia 18 de dezembro de 2019, mais de dois meses antes da confirmação oficial do Ministério da Saúde sobre o primeiro caso de covid-19 no país. O estudo que confirma o diagnóstico foi publicado na última quarta-feira (6) na revista científica Plos One e apresentado nesta terça (12) pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes; e o diretor do Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo), Rodrigo Ribeiro Rodrigues.

O fato foi descoberto pelos cientistas do Lacen durante pesquisa que analisava uma relação entre o novo coronavírus e a alta de casos de dengue e chikungunya, doenças que possuem características semelhantes à covid-19, como a febre.

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Em agosto de 2020, a Sesa publicou uma portaria que estabeleceu a obrigatoriedade de testagem para o novo coronavírus de todas as amostras de arboviroeses (doenças como a dengue, o zika vírus, a chikungunya e a febre amarela) presentes nas sorotecas do Lacen. Das 7.370 amostras analisadas, coletadas entre 1° de dezembro de 2019 e 30 de junho de 2020, 5.472 tiveram resultado positivo para alguma das duas arboviroses e 210 reagiram positivamente para o anticorpo da covid-19.

“Em algumas localidades, as amostras foram colhidas e reativas para anticorpos do novo coronavírus antes do dia 26 de fevereiro de 2020. Portanto, antes do aníncio oficial do primeiro caso no Brasil”, frisou Rodrigo Rodrigues.

O peso da pesquisa, no entanto, vai além. Segundo o diretor do Lacen, a primeira amostra positiva para anticorpos do novo coronavírus no Espírito Santo foi de coleta realizada no dia 18 de dezembro de 2019. O primeiro caso oficial da doença em todo o mundo foi registrado na China, no dia 8 do mesmo mês.

“Se levarmos em consideração que o IgG (anticorpo) só atinge níveis detectáveis de 15 a 20 dias após a infecção, podemos sugerir que a exposição tenha ocorrida no final de novembro ou início de dezembro. Ou seja, esse caso pode ser anterior ao anúncio oficial da doença pelo governo chinês”, destacou Rodrigues.

Por fim, o diretor do Lacen ainda reforçou a importância da descoberta e garantiu que os estudos estão apenas começando. “Isso demanda novas pesquisas para confirmar de fato a origem desse vírus e quais foram as mudanças em sua evolução. Esse é apenas o primeiro o de uma série de novas etapas que serão necessárias para compreender a dinâmica desse vírus que tem causado tanta dor e tanta perda no mundo”.

Dengue e chikungunya podem mascarar a covid-19

No Brasil, o primeiro caso de novo coronavírus foi confirmado oficialmente em 26 de fevereiro. Segundo Rodrigues, muitos casos da doença podem ter se perdido até essa data entre pacientes que apresentaram alguma suspeita clínica de arboviroses.

“Isso levanta a conclusão de que a ocorrência de surtos concomitantes de dengue e chikungunya podem dificultar o diagnóstico do da covid-19. E esses casos não diagnosticados precocemente podem ter contribuído para a rápida expansão da doença no país entre os meses de março e maio de 2020. Independente da existência de um diagnóstico positivo para uma arbovirose, deve ser sempre considerado a infecção pela covid-19, uma vez que ambas as doenças apresentam sinais e sintomas muito semelhantes”, disse.

Confira o anúncio completo da pesquisa