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Mortes violentas no Espírito Santo crescem em ritmo maior que no Brasil

Dados do Anuário da Segurança Pública mostram que assassinatos cresceram 18% no estado, enquanto no país o aumento foi de 7,1% no primeiro semestre de 2020

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Homicídios tiveram queda em 2019; mas 1º semestre de 2020 já registra nova alta. Foto: Jorge Villalobos/FreeImages

Homicídios têm alta no  1º semestre de 2020 já registra nova alta. Foto: Jorge Villalobos/FreeImages

O número de mortes violentas no Espírito Santo cresceu 18% no primeiro semestre de 2020, ao comparar com o mesmo período de 2019. Nos seis primeiros meses deste ano foram registrados 642 assassinatos, enquanto no ano ado foram 542. O ritmo de aumento foi maior que o do país, que teve acréscimo de 7,1% em assassinatos no mesmo período. Os dados são do Anuário Brasileiro da Segurança Pública 2020.

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Entre as categorias de mortes violentas, o maior aumento de casos ocorrem em lesões corporais seguidas de morte, com mais 50%, ando de seis para nove mortes. No Brasil, ocorreu queda de 7,9% desse tipo de crime.

Já as mortes em decorrência de intervenção policial, em serviço ou fora, cresceram 44%, ando de 18 casos nos primeiros seis meses de 2019 para 26 em 2020. O número de homicídios dolosos subiu 19%, ando de 498 para 593 também considerando o primeiro semestre de 2020. O único crime que teve redução foi de latrocínio, roubo seguido de morte, que teve queda de 30% no Espírito Santo, ando de 20 para 14 casos. No Brasil a queda foi inferior, de 13,6%.

Segundo aponta o Anuário Brasileiro da Segurança Pública, os homicídios voltaram a crescer mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus, depois de terem tido redução entre 2018 e 2019 de 17% no Brasil e de 11% no Espírito Santo. De acordo com os pesquisadores, os homicídios têm crescido no Brasil desde o último trimestre de 2019, o que caracteriza o 9º mês seguido de crescimento nas mortes violentas no Brasil.

Nesta edição, os pesquisadores usaram o termo “grupo de risco”, em alusão à covid-19, para falar sobre a principal característica das vítimas de mortes violentas intencionais. Eles apontam que o principal grupo de risco continua sendo os homens negros. “Para se ter uma ideia, o banco de dados que informa o perfil das vítimas referente aos fatos de 2019 indica que para cada mulher branca vítima de MVI no Brasil, 22 homens negros morreram em decorrência da violência letal. Entre homens negros e brancos, a proporção cai consideravelmente: para cada homem branco, morreram aproximadamente 3 homens negros em 2019. Já na comparação mulheres brancas e mulheres negras, a diferença cai ainda mais. Para cada mulher branca vítima de MVI, foram vitimadas 1,8 mulheres negras”, diz a pesquisa.

O secretário de Estado da Segurança, Alexandre Ramalho, disse que o aumento de homicídios neste primeiro semestre foi puxado pelo crescimento dos casos no mês de março, quando foram registrados 139 homicídios. “Destoou completamento do que vinha acontecendo. Conseguimos frear nos meses subsequentes”, diz.

Em relação ao aumento de casos, ele diz que o ano ado foi o melhor da série histórica em 24 anos, fechando o ano com menos de 1 mil homicídios, índice considerado mais difícil de atingir. Ele justifica o aumento de 2020 pela pandemia e também pela guerra do tráfico. “Aumento do desemprego, escolas vazias e miséria falando mais alto. E uma querra muito forte começou no tráfico, com as gangues querendo ocuparem espaços para vender melhor seu produto e aí usam a morte para tirar seu oponente”, justifica.

Mulheres

Os homicídios praticados contra mulheres também cresceram no primeiro semestre de 2020 no Espírito Santo. Foram 48 casos contra 42 no mesmo período do ano ado, um acréscimo de 14,3%. Já o número de feminicídios, em que a mulher é assassinada pelo fato de ser mulher, caiu 20%, de 15 para 12 casos no mesmo período.

Em relação a casos de violência doméstica, o único aumento foi no número de casos de lesões corporais (+2,2%). Foram 1.121 casos nos seis primeiros meses de 2020 contra 1097 no mesmo período de 2019. O registro de outros tipos de crime caiu, como ameaça (-20%), estupro (-18%) e estupro de vulnerável (-32%). O estudo aponta que o número de ligações para fazer denúncias à polícia também caiu 4,2% no estado, ando de 5.801 para 5.559.

Segundo explicam os pesquisadores do Anuário, como a maior parte dos crimes cometidos contra as mulheres no âmbito doméstico exigem a presença da vítima para a instauração de um inquérito, as denúncias começaram a cair na quarentena em função das medidas que exigem o distanciamento social e a maior permanência em casa. “Além disso, a presença mais intensa do agressor nos lares constrange a mulher a realizar uma ligação telefônica ou mesmo de dirigir-se às autoridades competentes para comunicar o ocorrido”, detalham.

ES tem maior queda em roubos e furtos do país

Ao contrário dos crimes contra a vida, os crimes contra o patrimônio tiveram redução de 44% no período avaliado pelo anuário no Espírito Santo, o maior registrado no país, que teve média de -24% dos casos. No estado, a maior diminuição foi de roubos a pessoas nas ruas, com redução de 49% dos casos. Em seguida, a maior queda foi de roubos a estabelecimentos comerciais, com menos 41% de casos. Em relação a roubos e furtos de veículos, a queda foi de 21% em relação ao primeiro semestre de 2019. Roubos a residências também caíram 27%.

Para o secretário Alexandre Ramalho, a pandemia em si contribuiu para a redução dos índices, já que muitas pessoas deixaram de circular nas ruas, o comércio ficou fechado, mas também destacou o trabalho dos policiais, que com a pandemia também estavam com efetivo maior nas ruas, para evitar aglomerações nos setores istrativos da polícia. “Não tivemos saques nem grandes arrombamentos, a Polícia Civil e a Polícia Militar desempenham bem as suas funções”, avaliou.