Dia a dia
Mergulhador capixaba morre na Austrália em operação de tráfico de cocaína
Investigação da quadrilha começou por Força Tarefa da Segurança Pública no Espírito Santo; grupo traficava 179 quilos de cocaína, droga avaliada em mais de R$ 400 milhões

Chegada de Brasileiros no Catar. Foto: Divulgação/PF
Um mergulhador capixaba morreu durante uma operação de tráfico de drogas internacional. O corpo do mergulhador foi encontrado nesta segunda-feira no mar por moradores da região de Newcastle, na Austrália, com equipamentos modernos de mergulho, chamado rebrather, que permite que a pessoa fique muito tempo embaixo d’água sem levantar bolhas para a superfície.
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A imprensa australiana afirma que próximo a ele foram encontrados pacotes impermeabilizados que somaram 54 quilos de cocaína. Segundo a Polícia Federal do Espírito Santo, o mergulhador profissional capixaba teria sido contratado por traficantes internacionais para colocação de uma carga de cocaína no casco de um navio que seguiria para o exterior.
Por conta disso, a Força Tarefa de Segurança Pública do Espírito Santo, composta por policiais federais, rodoviários federais e guardas civis municipais de Vitória, Vila Velha e Serra, ou a atuar na investigação do caso no dia 10 de abril, buscando a identificação do mergulhador capixaba.
A ação de cooperação internacional com a Agência Antidrogas dos Estados Unidos (DEA), Policiais Cataris, Indonésios e Australianos durante os últimos 30 dias resultou na prisão de um australiano, comandante de um veleiro que supostamente transportava a droga e na apreensão de 179 quilos de cocaína na Indonésia e outros 104 na Austrália.
De acordo com a imprensa australiana, o montante do entorpecente chega a valer 120 milhões de dólares australianos, o que equivale a R$ 424 milhões. Outros dois envolvidos estão sendo procurados, entre eles, um brasileiro.

Droga aprendida na Indonésia. Foto: Divulgação/PF
ENTENDA O CASO
A investigação começou no dia 10 de abril, ainda no Espírito Santo, buscando a identificação de um capixaba, mergulhador profissional, que teria sido contratado por traficantes internacionais para a colocação de uma carga de cocaína no casco de um navio que seguiria para o exterior.
Segundo a PF, quando finalmente a equipe responsável pelo caso conseguiu identificar o homem, ele já havia deixado o país em direção ao Catar. Alertados pela PF, os cataris então procederam vigilância por alguns dias, perceberam que um segundo brasileiro, também mergulhador, se juntou ao primeiro e que ambos haviam comprado bilhetes para Bali, na Indonésia.
Novamente, agora com o apoio da DEA (Drugs Enforcement istration), dos Estados Unidos, foi montada uma estrutura de vigilância no aeroporto de Bali, o que permitiu determinar o local onde a dupla estava hospedada. Após quase uma semana de acompanhamento, os homens embarcaram em um veleiro de propriedade de um cidadão francês, na companhia de dois tripulantes australianos, em direção a Austrália.
O acompanhamento em alto mar foi prejudicado em razão da complexa logística necessária, mas enquanto as buscas pelo veleiro continuavam, os oficiais indonésios perceberam que um grande cargueiro havia desligado o equipamento que permite saber a localização dos navios (AIS – Automatic Identification System).
Diante da manobra incomum, a equipe se deslocou para o local de último ponto de registro do navio e encontrou uma carga de 179 quilos de cocaína submersa e amarrada em uma boia marítima. O veleiro e os tripulantes não foram encontrados.
Em razão da região em que a carga de cocaína foi encontrada, foi solicitado aos indonésios o compartilhamento de todos os dados e fatos com as autoridades australianas.
Alguns dias depois, o veleiro foi abordado pela Polícia Federal da Austrália na costa da cidade de Darwin. Na embarcação, que havia deixado a Indonésia, apenas um dos tripulantes australianos foi encontrado, o capitão James Blee. Seu filho, o segundo tripulante, e os brasileiros não foram encontrados.
Os dois países então continuaram as buscas pelo filho de Blee e pelos brasileiros quando, na segunda, moradores da região de Newcastle visualizaram o corpo de um homem nas imediações do porto local. Ele estava inconsciente e trajava roupas e equipamentos modernos de mergulho (rebreather). Apesar das tentativas para socorrê-lo, o homem veio a óbito.
Próximo a ele foram encontrados pacotes impermeabilizados que somaram 54 quilos de cocaína. A partir do local da ocorrência e de outros dados coletados, a polícia australiana conseguiu encontrar outros 50 quilos da droga no interior da estrutura de um navio ali aportado. Também foi possível ligar os tripulantes do veleiro abordado dias antes, bem como o outro brasileiro, à toda droga apreendida.
O capitão do veleiro, James Blee, foi preso e as buscas pelos outros dois homens continuam. Seus nomes devem ser em breves colocados na lista de foragidos internacionais da Interpol. Aqui no Brasil, as investigações continuam para determinar o possível envolvimento de outras pessoas nos crimes cometidos.
