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Médicos afirmam que o sistema de saúde do Espírito Santo está colapsado

A afirmação foi feita durante live com participação do médico intensivista Adenilton Rampinelli e o cardiologista Henrique Bonaldi nesta segunda-feira (8)

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“O sistema de saúde no Espírito Santo já está colapsando. Tudo está caindo em cima do profissional de saúde, principalmente os médicos. É fato, é notório que estamos trabalhando em um sistema colapsado. Estão faltando medicamentos e insumos”. A afirmação foi feita pelo médico intensivista Adenilton Rampinelli durante uma live no Instagram com o cardiologista Henrique Bonaldi nesta segunda-feira (8).

 

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Atualização covid 19.

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Os médicos têm usado as redes sociais para disseminar informação sobre a situação do estado no combate à pandemia do coronavírus. Nesta segunda-feira, eles falaram sobre a capacidade das UTIs e as condições enfrentadas pelos profissionais da saúde. Adenilson alertou que hospitais particulares do estado estão trabalhando com um médico para 15 pacientes, quando é recomendável que essa proporção seja de um para dez.

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O médico intensivista ressaltou que o governo do estado conseguiu ampliar o número de leitos, mas a taxa de ocupação não a de um retrato da situação. Ele explica que as altas hospitalares e os óbitos fazem os números mudarem em questão de horas. E a partir dos relatos de colegas e da situação vivida por ele durante os plantões, afirma que os hospitais da Grande Vitória já estão trabalhando com taxa de ocupação de UTIs de 100%.

“O secretário da Saúde falou que os médicos terão que escolher quem sobe ou não para a UTI. Já está acontecendo. O colapso já está estabelecido. Estamos vivendo um colapso, estamos sobrecarregados e não se fala em colapso. A conversa é sobre polarização política, acabou a pandemia no Brasil, virou discussão política”, frisou Adenilton durante a live.

Na visão do cardiologista Henrique Bonaldi, a decisão de quais pacientes deverão ser encaminhados à UTIs ou não, deveria ser tomada pelos profissionais da UBS (Unidade Básica de Saúde). “O médico do pronto-socorro tem a covid-19 para lidar e família gritando do lado de fora. Ele já não consegue ver a dor torácica, apendicite, pneumonia ou sequer um quadro renal. Aí eles vão dar a ele a responsabilidade se entuba ou não. Esse profissional já não tem tempo de atender quem está lá dentro, muito menos de conversar com a família e explicar as possibilidades, o que pode durar até meia hora”, alegou.

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Para o médico intensivista, exercer a medicina durante a pandemia do coronavírus tem sido difícil e cansativa. Ele desabafou sobre a dificuldade em discutir até sobre protocolos medicamentosos com pacientes, familiares e até colegas.

“Não tem como você conversar com seu paciente ou a família. Muitas vezes nem com um colega é possível discutir sobre terapia porque virou política. O médico fica acuado para exercer seu trabalho quando o paciente já chega querendo impor o que quer porque tem uma posição política. Está cansativo”, lamentou Adenilton.

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Outra dificuldade apontada pelo cardiologista é a falta de capacitação e a baixa remuneração de profissionais como técnicos de enfermagem que recebem R$ 1,2 mil. Ele frisou a importância desses profissionais em meio a pandemia principalmente na aspiração dos pacientes com covid-19. Mas disse ainda que com os baixos salários, esses profissionais podem se cansar de estarem na linha de frente se expondo, sem reconhecimento.