Dia a dia
Lula defende igual prioridade no combate à desigualdade durante discurso em Paris
Presidente Lula critica o Fundo Monetário Internacional em cúpula e reforça necessidade de mudança na atuação das instituições financeiras

Lula durante o discurso na Cúpula sobre Novo Pacto de Financiamento Global. Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (23) que a luta contra a desigualdade deve receber a mesma prioridade que a questão climática. O pronunciamento ocorreu durante um discurso na Cúpula sobre o Novo Pacto de Financiamento Global, em Paris, na França.
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Ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, Lula ressaltou que não é “possível” que a palavra “desigualdade” seja ausente em reuniões entre líderes de países importantes. Ele enfatizou a importância de abordar a desigualdade em âmbito global, abrangendo a disparidade salarial, racial, de gênero, educacional e na área da saúde.
O presidente ainda destacou o aumento da concentração de riqueza nas mãos de poucos, enquanto a pobreza afeta um número cada vez maior de pessoas. Ele ressaltou que é essencial tratar a questão da desigualdade com a mesma prioridade dada à crise climática, pois não é aceitável ter um clima favorável enquanto as pessoas continuam morrendo de fome em diversos países do mundo.
Lula também mencionou as realizações de seus dois mandatos anteriores, entre 2003 e 2010, e os de Dilma Rousseff (PT), entre 2011 e 2016, e afirmou que recentemente o Brasil “regrediu, assim como muitos outros países”.
Em seu discurso, o presidente brasileiro criticou o Fundo Monetário Internacional (FMI), uma organização criada após a Segunda Guerra Mundial para reestruturar as economias de países pós-conflito. Hoje, a instituição fornece empréstimos a nações em dificuldades financeiras.
Segundo Lula, as instituições criadas após a Segunda Guerra Mundial não estão mais funcionando adequadamente e não atendem mais às aspirações e interesses da sociedade. Ele expressou sua insatisfação com o Banco Mundial e o FMI, afirmando que eles não correspondem às expectativas das pessoas. Lula destacou a atuação irresponsável do FMI, especialmente no caso dos empréstimos concedidos à Argentina, e ressaltou que essas instituições não podem continuar agindo de maneira equivocada.
Lula é aliado do atual presidente da Argentina, Alberto Fernández, e possui opiniões diferentes de seu antecessor, Mauricio Macri, que governou o país entre 2015 e 2019.
O presidente brasileiro tem se esforçado para ajudar o governo vizinho e está programado um encontro entre Lula e Fernández em Brasília, na próxima segunda-feira (26).
Viagem à Europa
Hoje é o último dia dos compromissos de Lula na Europa, marcando sua terceira viagem ao continente desde o início de seu mandato. O presidente também participou de um almoço com o presidente francês, Emmanuel Macron.
A agenda de Lula durante essa viagem foi intensa. Nesta quinta-feira (22), ele fez um discurso no evento “Power Our Planet”, organizado pela banda Coldplay, que contou com apresentações artísticas e pronunciamentos de líderes mundiais. Durante o discurso, Lula enfatizou que os países ricos possuem uma “dívida histórica” e devem financiar a preservação das florestas.
Lula reafirmou seu compromisso de acabar com o desmatamento na Amazônia até 2030 e afirmou que fará “todos os esforços possíveis” para manter a floresta em pé. Além disso, ele teve reuniões com os presidentes da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez.
Na primeira parte da viagem, na Itália, Lula se encontrou com o presidente italiano Sergio Mattarella, a primeira-ministra Giorgia Meloni e o Papa Francisco, no Vaticano.
