Linha de pipa já deixou sem energia mais de 80 mil casas

Orientação é soltar pipa em parques e campos abertos onde não haja fiação elétrica. Fotos: Chico Guedes

De janeiro a junho deste ano, mais de 80 mil imóveis tiveram o abastecimento de energia interrompido no estado em 396 ocorrências com pipas. No período de férias escolares de julho esse número tende a aumentar, e a EDP, distribuidora de energia no estado, faz um alerta à população. Além do transtorno para quem fica sem energia, o risco de acidentes graves é grande para quem solta pipa próximo à rede elétrica.

Na Grande Vitória, as regiões com mais casos de queda de energia por causa das pipas são Alto Lage, em Cariacica; Maruípe, em Vitória; Terra Vermelha, em Vila Velha, e Jacaraípe, na Serra. Os ventos mais fortes, comuns até agosto, acabam favorecendo as ocorrências. O município com maior número de imóveis afetados neste ano é Cariacica. Por lá, foram registradas 73 ocorrências, que afetaram mais de 24,4 mil pessoas.

Só nos meses de julho e agosto do ano ado, mais de 72 mil residências e estabelecimentos comerciais ficaram sem energia por causa das pipas. Em todo o ano, foram cerca de 1,2 mil ocorrências, que afetaram 195 mil clientes da EDP. Na maioria os casos, a rede elétrica tem a camada protetora da fiação cortada pela linha da pipa, interrompendo o fornecimento na região.

Risco à segurança

O gestor executivo da EDP, Lino Pedroni, explica que quando os acidentes acontecem, a empresa trabalha para restabelecer o fornecimento de energia à região afetada o mais rápido possível, mas a segurança das pessoas é a maior preocupação. “Sabemos que o cerol e a linha chilena ainda são muito utilizados nas pipas e, por ser composto de pó de vidro, são também condutores de energia, podendo causar sérios acidentes com quem está brincando e com outras pessoas”, alerta.

Os acidentes causados por descarga elétrica podem provocar queimaduras e até levar à morte.

A EDP afirma promover ações de conscientização para alertar adultos e crianças sobre os riscos de brincar próximo à fiação elétrica. O mais seguro, sempre, é soltar pipa em locais onde não haja nenhum tipo de cabo, como em campos abertos e parques. Vale lembrar também que o uso de cerol e “linha chilena” é proibido.

Grande Vitória

As ocorrências por município em 2019, até junho:

– Cariacica: 73 ocorrências com 24.417 clientes afetados .
– Serra: 81 ocorrências e 17.935 impactados.
– Vila Velha: 85 acidentes e 9.189 imóveis afetados.
– Guarapari: 28 ocorrências e 6.880 clientes impactados.
– Vitória: 21 acidentes e 2.602 afetados.

Cuidados ao soltar pipa

– Não solte pipas perto da rede elétrica. Prefira campos abertos ou parques, onde não haja nenhum tipo de cabo de energia, de serviço telefônico ou antenas de celular. Isso evita acidentes e interferências na qualidade desses serviços.

– Não use cerol ou a chamada “linha chilena”. Além de serem proibidos, eles trazem risco para motociclistas e pedestres e oferecem perigo no contato com a rede de energia. Ao cortar a camada protetora da fiação, a linha interrompe a transferência de corrente elétrica, podendo provocar curto-circuito.

– Se a pipa ficar presa nos fios elétricos, não tente retirá-la. Nunca use varas nem suba no poste para tirar uma pipa. O choque, nestes casos, pode ser fatal.

– Arremessar objetos na rede elétrica para o resgate da pipa pode causar graves acidentes. O “lança-gato” (pedra presa a uma linha) ou qualquer outro objeto não devem ser lançados na rede.

– Não suba em telhados, lajes e muros para soltar ou recuperar pipas. A proximidade com os fios de alta tensão aumenta o risco de acidentes graves e fatais, além do perigo de quedas.

– Não solte pipas em dias de chuva ou de vento muito forte. Em caso de relâmpagos, recolha a pipa imediatamente.

– Alguns materiais usados na confecção de pipas são condutores de energia e aumentam o perigo quando em contato com a rede elétrica. Evite rabiolas feitas de fita VHS ou cassete e papel alumínio, por exemplo.