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Família e amigos de músico morto por PM fazem protesto em Vitória

O músico foi morto a tiro por um policial militar durante uma discussão por som alto em um condomínio de Jardim Camburi, em Vitória

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Familiares e amigos do músico Guilherme Rocha, de 37 anos, protestaram, na tarde desta terça-feira (18), pedindo Justiça na frente do Quartel do Comando-Geral da Polícia Militar do Espírito Santo, na avenida Maruípe, em São Cristovão, Vitória.

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O músico foi morto a tiro por um policial militar durante uma discussão por som alto em um condomínio de Jardim Camburi, em Vitória, na madrugada desta segunda-feira (17). Amigos e familiares pedem Justiça e querem que o homem de camisa branca – que aparece nas imagens empurrando a vítima – também seja responsabilizado pelo crime.

Em um trio elétrico, amigos pediram providências da Polícia Militar e do Estado para que o soldado seja expulso e punido de acordo com a Legislação. Lembrou que cabe a sociedade civil mobilizada e a imprensa cobrar que as autoridades possam fazer a Justiça prevalecer.

“Essa arma foi comprada com o dinheiro dos impostos que nós pagamos e o Guilherme também. Guilherme não estava voltando da noitada, ele estava no condomínio dele, onde pagava uma taxa e foi assassinado como bicho. Nós que pagamos o salário desse assassino, não só a arma, como a munição, o treinamento dele e até a remuneração”, ressaltou um dos amigos.

Ainda durante a fala, o amigo lembrou que o protesto não é contra a Polícia Militar e o Poder Judiciário, mas sim um pedido de Justiça. Para que o assassino e o outro rapaz sejam responsabilizados e que o soldado não saia mais armado nas ruas ou sequer armado.

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Espírito Santo vai oficiar o Comando-Geral da Polícia Militar para que o soldado Lucas Torrezani de Oliveira seja afastado até o final das investigações. O policial é acusado de ter assassinado o músico Guilherme Rocha na madrugada de segunda-feira (17) na portaria de um condomínio em Jardim Camburi, Vitória. O anúncio foi feito, na manhã desta terça-feira (18), pela deputada e presidenta da Comissão, Camila Valadão (PSOL).

Além do afastamento, a parlamentar pede ainda que a comissão seja informada sobre as medidas que estão sendo adotadas pelo comando e convidou a instituição para uma reunião onde será discutida a formação profissional dos policiais militares. “Queremos dialogar, enquanto Comissão de Direitos Humanos, sobre o processo de formação dos agentes de segurança do estado. Queremos uma formação mais efetiva na proteção aos direitos humanos”, disse Valadão.

Durante a reunião, a deputada lembrou três recentes casos de violência policial e amplamente noticiados pela imprensa capixaba. No dia 1° de março, veio a público a execução do adolescente Carlos Eduardo Rebouças Barros, de 17 anos, morto por um policial militar em Pedro Canário, norte do estado. Pouco mais de um mês depois, em 10 de abril, circulou pelas redes sociais um vídeo que mostra um policial agredindo um jovem com rasteira, tapas e spray de pimenta no bairro Jardim Tropical, na Serra.

Na madrugada do último domingo (16), um homem foi assassinado a tiros dentro de uma casa de shows na Capital e a suspeita é que um soldado tenha sido o autor dos disparos. “Como podemos ver, estes não são casos isolados. Em pouco mais de um mês, quatro casos graves envolvendo policiais militares. Não vamos aceitar a violência de quem deveria nos proteger”, criticou.

Os deputados João Coser (PT) e Iriny Lopes (PT) também estiverem presentes na reunião ordinária da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos. Já os parlamentares Lucas Polese (PL) e Capitão Assumção (PL), também membros do colegiado, não comparecerem.

IMAGENS DE MONITOMANETO MOSTRAM O QUE ACONTECEU

Nas imagens da câmera de videomonitoramento do condomínio divulgadas pela Polícia Civil é possível ver que Guilherme Rocha a por uma porta e para na frente de Lucas com as mãos viradas para trás. Neste momento, o policial militar Lucas Torrezani de Oliveira tira uma arma da cintura. Dá para ver um rapaz se levantar e se posicionar ao lado de Lucas, ficando os dois de frente para o músico.

O policial militar bate com a arma na direção do rosto de Guilherme, no momento em que o músico parece tentar segurar a arma e é empurrado pela rapaz que estava em pé ao lado de Lucas. Na sequência, Guilherme já sai cambaleando, em direção a parede e cai no chão. Ainda com a arma na mão, Lucas para ao lado do músico caído, olha para Guilherme e ainda toma mais um gole da bebida que estava no copo.

“Pelas imagens ficam claro que a vítima foi executada. Inclusive existe a participação de outras pessoas que estavam junto ali, que a gente nota claramente que um dos amigos do autor impossibilita que a vítima se defenda. Isso é crime. Esses fatos todos estão sendo investigados. Nenhum vai ficar impune. A investigação só está no começo. Todos os elementos serão colocados nos autos e ao final serão indiciados e apresentados num relatório final no Ministério Público”, explicou o titular da DHPP de Vitória, delegado Marcelo Cavalcanti.

POLICIAL PRESO PREVENTIVAMENTE

Após se apresentar, o policial militar foi liberado pelo delegado de plantão da Delegacia Regional de Vitória, sob a alegação que não tinha elementos suficientes para decretar prisão em flagrante, uma vez que a única versão apresentada foi a do autor. No entanto, o delegado plantonista seguiu com as investigações.

A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória foi acionada e diligências foram feitas. De posse das imagens das câmeras de videomonitoramento e depoimentos de testemunhas, o próprio delegado de plantão representou pela prisão temporária.

O PM se entregou à polícia ainda na noite desta segunda-feira acompanhando de um advogado, mas se reservou ao direito de ficar calado. A defesa do policial também solicitou o aos elementos que estavam nos autos. Uma nova oitiva será marcada para os próximos dias.

O tenente-coronel Alves Christ, da corregedoria da PM, comentou que cabe a PM agora analisar a conduta do acusado por meio do prisma do código de ética. Confirmada a culpabilidade ou não do militar, será instaurado um processo istrativo. A PM aguarda o fim das investigações para tomar as medidas cabíveis.

Lucas Torrezani teve a prisão preventiva decretada e está recluso no Quartel do Comando-Geral da PMES de Vitória.