Dia a dia
Estudante acusa professora universitária de comentário racista em Vitória
‘Acho tatuagem horrível, ainda mais em pele negra. Fica parecendo que está sujo, manchado”, teria dito a professora
A estudante de Design de Moda Carolina Bittencourt foi alvo de racismo por uma professora durante a aula na Faesa, em Vitória. Aos prantos, a jovem relatou o fato nesta quarta-feira (22) em seu perfil do Instagram e acionou a Polícia Militar.
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“Eu acabei de ar por um preconceito na sala de aula. A professora Juliana Zuccolotto falou sobre tatuagem, que a origem dela veio do presidiário. Eu estou muito nervosa, não consigo nem falar direito. Ela falou que era muito feio tatuagem, que era mais feio para quem tinha pele negra e parecia pele encardida”, contou a estudante, aos prantos.
Em um áudio que está circulando nas redes sociais, uma outra estudante – que não quis ser identificada – relata que durante a apresentação de um trabalho, a professora aproveitou o tema para questionar se alguém tinha vontade de fazer tatuagem. Carolina levantou a mão, assim como outros colegas. Na sequência, Juliana teria feito o comentário racista.
“A professora falou bem assim: ‘acho tatuagem horrível, ainda mais em pele negra. Fica parecendo que está sujo, manchado. Eu nunca me tatuaria. Eu não sou escrava para ter a pele marcada’. Isso acabou com a menina. Na hora, ninguém notou, depois de uma meia hora ela saiu da sala e começou toda a confusão”, disse a estudante.
NOTA DA POLÍCIA MILITAR
Após o ocorrido, Carolina fez o desabafo nas redes sociais e acionou a Polícia Militar. A assessoria confirmou que uma equipe foi acionada para verificar uma possível ocorrência de racismo na faculdade. No local, a aluna relatou que durante a aula a professora teria solicitado que quem tivesse tatuagem levantasse a mão e, após ela levantar, a mulher teria citado suas características físicas e dito que tatuagem em pele negra parecia encardido e que, também, jamais faria tatuagem nela, pois as marcas seriam coisas de escravos e ela não era escrava.
Para a Polícia Militar, a professora disse que somente fez um comentário sobre a história do uso de tatuagem e que foi mal interpretada pela aluna, contudo se dispôs a prosseguir à delegacia para esclarecer os fatos. As duas foram encaminhadas à Delegacia Regional de Vitória.
NOTA DA POLÍCIA CIVIL
A Polícia Civil informa que uma mulher, de 61 anos, conduzida à Delegacia Regional de Vitória, foi autuada em flagrante por injúria racial. Como as penas não ultraam quatro anos de detenção, uma fiança foi arbitrada pela autoridade policial, conforme artigo 322 do Código de Processo Penal. Ela foi liberada para responder em liberdade, após o recolhimento da fiança. O caso seguirá sob investigação.
NOTA DA FAESA
Em nota, a Faesa disse que iniciou uma apuração dos fatos assim que tomou conhecimento do ocorrido e abriu um processo istrativo para análise do caso e adoção das providências necessárias.
O Centro Universitário destaca que repudia todo e qualquer ato ou manifestação discriminatória e preconceituosa. Qualquer manifestação contrária a esse posicionamento é ato individual, isolado, e não condiz com a política da instituição.
