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Dia a dia

“Estou no meu melhor momento”, diz Lais Souza

A ex-ginasta, que ficou tetraplégica há cinco anos, fala sobre sua nova vida no Espírito Santo, os desafios e os planos para o futuro

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LAÍS SOUZA

De acordo com Lais, a mudança para Vila Velha trouxe benefícios em sua saúde. Foto: Chico Guedes

Habilidade para vencer obstáculos sempre foi marca registrada de Lais Souza, 30 anos. Depois de 21 anos brilhando na ginástica artística, a ex-atleta ensinou ao Brasil que é possível superar muito mais barreiras. Cinco anos depois do acidente que a deixou tetraplégica, ela não tem medo de dizer que está vivendo a melhor fase da vida. Morando na Praia da Costa, em Vila Velha, com a namorada, Lais faz planos de casamento e não abre mão de viver de maneira leve e divertida. Saiba mais

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Como foi a sua mudança para Espírito Santo?
Já faz um ano que estou no Espírito Santo, já sou um pouco canela-verde. Me sinto muito acolhida e gosto muito da cidade. Como ganhei muito mais tempo em casa para cozinhar, acabo tendo uma vida mais saudável. Ainda tem muitas coisas para conhecer por aqui, porque faço muitas viagens, mas quero conhecer muito mais.

E onde você costuma ir?
Normalmente, vou perto de onde eu moro. Mas quando tenho um tempo maior, vou para Guarapari e Alfredo Chaves. Cada lugar que eu fui acabei me apaixonando e as pessoas também foram muito acolhedoras. E ao mesmo tempo se mantém aquela coisa de eu ter meu espaço.

Qual a diferença que sentiu daqui para São Paulo?
Amo São Paulo. A maioria dos meus amigos é de lá. Mas a grande diferença que senti foi a poluição, porque o meu nariz – tenho sinusite – melhorou muito e os olhos, não sinto mais a secura. O pouco que mudou já senti muito. A alimentação também, porque aqui tem mais peixe e é muito mais barato para comer. Então, querendo ou não, a minha saúde melhorou muito com essa mudança.

Você mora com a sua namorada e anunciaram que vão se casar?
Quando eu a conheci, ela me trouxe para visitar a cidade e acabei me apaixonando. Conheci ela nas redes sociais e me apaixonei. Depois de dois anos que estou com ela, penso em fazer uma pequena cerimônia, nada demais, porque digo para ela que quero me casar muitos anos seguidos. Está legal nosso entrosamento, é um amor muito leve. Ela é uma pessoa muito boa. Temos um cachorro, o Skank, e um gato, Baguera.

Como é sua relação com as redes sociais, é uma forma de apoio?
Eu acho que a rede social é um caminho muito bom e uma forma muito boa de mostrar o meu trabalho. Não sou muito boa nisso, de manter as pessoas e os fãs muito informados. Não é muito a minha praia, mas quando eu sinto que está positivo, é legal mostrar, eu acabo postando alguma coisa. Você vai ver que meus bichos estão sempre ali, mas eu mesma prefiro não estar tanto. O retorno das pessoas é a minha gasolina, me move demais, porque acabo conhecendo outras histórias, não fico só massificando o meu problema, abre um leque gigante de histórias para conhecer e acabo conseguindo ajudar outras pessoas, fazendo uma pequena doação para uma vaquinha ou uma cadeira de rodas ou simplesmente apresentando o problema daquela pessoa para uma outra que possa ajudar.

Cinco anos depois, como vê o acidente?
Vi muita coisa. Tive que amadurecer muito rápido para entender o que estava ando comigo e aceitar. Hoje me vejo muito feliz, acho que é meu momento mais feliz, conseguindo me dedicar a mim, à minha saúde e ao meu trabalho. Acho que é um momento que estou conseguindo mais olhar a minha vida de cima e traçar um caminho e um plano.

Você ministra palestras pelo país. Como surgiu a ideia?
A palestra surgiu antes mesmo de eu sofrer o acidente. Era mais voltado para o esporte e para a ginástica. Depois do acidente, em que me vi sem chão, sem saber o que fazer, comecei a ar para frente a minha história. Mas eu gosto de chamar de um bate-papo, porque eu me sinto mais à vontade para falar, então dessa forma consigo me soltar um pouco mais. Eu venho me encontrando mais em cada palestra e trago mais para dentro da minha vida. E também ganho dinheiro, que é mais do que necessário.

O tratamento consome muito do seu orçamento?
Em alguns momentos. Uma cadeira é muito cara. Você não fazer xixi e não ir ao banheiro sozinha é muito caro. A sonda que uso é cara. Existem algumas a partir de R$ 3,50, que não têm segurança nenhuma. Mas eu gosto de usar uma que não tem no Brasil, então, são pelo menos R$ 12 a cada xixi. Aí tenho a chance de não ter bactérias e não precisar ficar tomando antibiótico todos os dias. Imagina, a imunidade fica muito baixa.

Você tem publicado vídeos com seus progressos no tratamento. Como está a sua recuperação?
Eu tenho a sorte de poder fazer um ótimo acompanhamento aqui. Mas o tratamento mesmo eu faço em Miami, onde fiquei internada e onde fiz as células-tronco. O aparelho OrthoWalk (em que ela fica de pé) é meu, é um molde. Vou uma vez ao ano a Miami e o por uma bateria de exames. Tive progressos sim, mas não recuperei nenhum movimento. Não prometeram isso, mas tive progressos. Não posso perder a esperança.