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Dia a dia

‘Ditador igual a Chavez’ e ‘dentro das 4 linhas’: parlamentares reagem à declaração de Bolsonaro

Governistas e oposição disputam narrativas em defesa e contrárias a decisão do presidente de pedir abertura de processo no Senado contra Moraes e Barroso

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Foto: Najara Araujo/ Câmara dos Deputados

A declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre a abertura de um processo de impeachment no Senado contra os ministros do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, repercutiu amplamente entre a classe política na manhã deste sábado (14). Senadores e deputados se dividiram entre mensagem de apoio e de repreensão ao movimento do presidente, que prometeu apresentar o pedido para a instauração do procedimento na próxima semana.

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Enquanto uma ampla frente de parlamentares saiu em defesa dos ministros, classificando o avanço de Bolsonaro como um sinal de autoritarismo, apoiadores e aliados – impulsionados pela rede bolsonarista nas redes – saiu em defesa do presidente, afirmando que o procedimento sinalizado está de acordo com a lei. #ReagePacheco estava entre os tópicos mais comentados no Twitter até o início da tarde.

Ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (sem partido-RJ) comparou a iniciativa de Bolsonaro contra os ministros com as ações do ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez. “Assim atuam os populistas. Depois de eleitos, atacam as instituições democráticas e tentam destruir a democracia representativa e o Estado democrático. É, na verdade, um ditador igual a Chávez”, escreveu em seu Twitter.

O caráter autoritário da manobra prometida por Bolsonaro também foi alvo de crítica de vários parlamentares, como senador Humberto Costa (PT-PE). “Cada vez acuado por conta de uma série de denúncias contra o seu governo, Bolsonaro tenta mais uma vez intimidar a Justiça. A olhos vistos, o presidente avança no seu discurso autoritário. É preciso dar um basta de uma vez por todas nessa milícia golpista”, disse.

Uma das primeiras reações favoráveis a Bolsonaro veio de seu filho 03, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Em resposta à publicação do pai, Eduardo afirmou que a medida está “dentro das quatro linhas da constituição”.

O argumento de Eduardo foi endossado por Janaina Paschoal (PSL), deputada estadual em São Paulo e uma das principais mobilizadoras pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. “Impeachment não tem nada a ver com golpe, ou com ditadura. Quem fala em impeachment age nos limites da Constituição Federal, independentemente de se concordar ou divergir do mérito da causa”, escreveu.

Puxões de orelha

Em vez de repercutirem a declaração do presidente sob o viés da legalidade, alguns parlamentares optaram por fazer cobranças ao presidente e fazerem alertas sobre o caminho aberto pelo procedimento. O senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), que abertamente faz oposição ao governo, sendo um dos líderes da oposição na I da Covid, respondeu à publicação mandando Bolsonaro “pegar no serviço”.

“Bolsonaro, vá trabalhar! Ao invés de arroubos autoritários, que serão repelidos pela democracia, vá pegar no serviço! Estamos com 14 milhões de desempregados, 19 milhões de famintos, preço absurdo da gasolina, da comida. E o povo continua morrendo de COVID-19! VAI TRABALHAR!”, escreveu.

Em outra abordagem diferente, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) alertou Bolsonaro que pressionar o Senado pela abertura de um processo de impeachment pode ter um efeito não desejado. “Presidente vai mesmo pedir ao Senado o impeachment de ministros do STF? Quem pede pra bater no “Chico”, que mora no Inciso II, artigo 52, da CF, se esquece de que o “Francisco” habita o Inciso I, do mesmo endereço”, escreveu, fazendo referência ao inciso do mesmo artigo da Constituição que trata sobre a instauração e abertura, pelo Senado, de processo contra o presidente da República por crime de responsabilidade.

‘Cortina de fumaça’

Outros parlamentares classificaram as mensagens de Bolsonaro como mais uma “cortina de fumaça” do governo federal, para mascarar situações mais urgentes e que afetam diretamente o presidente.

“Depois do desfile fracassado dos tanques na esplanada, agora Bolsonaro quer o impeachment dos ministros do STF. A criatividade para cortina de fumaças não tem limites. E, mais uma vez, quem extrapola os limites constitucionais é o presidente”, escreveu a deputada federal Tabata Amaral.

Delírio’

Opositores do presidente também se referiram ao eventual pedido do presidente como “delírio” e “sandice”. O deputado federal Orlando Silva (PCdoB) afirmou que o presidente investe na crise, mas que a iniciativa atual é apenas “para dar satisfação à milícia digital”. Ele também afirmou que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), “não dará ouvidos à sandice”.

Presidente nacional do Cidadania, o deputado Roberto Freire (SP), disse se tratar de “mais um delírio” do presidente. Freire também vê o processo como uma eventual distração à queda de popularidade do presidente.

“Em mais um delírio totalitário-típico de tiranetes de Repúblicas de Bananas-Bolsonaro pensa falar pelo povo, esquecendo que tem apenas 25% de aprovação(e caindo).O que a maioria da população quer é seu impeachment. Ele é a inflação, desemprego, corrupção e necrofilia. Ele é a crise.”, escreveu.

‘Ventríloco do sistema’

Mesmo sem um projeto apresentado formalmente, alguns apoiadores do presidente já deram o próximo o em relação ao próximo o no embate com os ministros. O deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ), que é aliado do presidente em seu principal reduto eleitoral, o Rio de Janeiro, partiu para a ofensiva contra o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que será o responsável por receber o eventual pedido de abertura de inquérito.

“Tenho certeza que o sr sabe o que está fazendo PR, mas lamento que sua atitude louvável servirá de deboche nos “bastidores da canalhice”, pois o sen Rodrigo Pacheco é um ventríloquo do sistema e pré candidato a presidente em seu lugar. Presidente, nessa guerra não haverá empate”, escreveu o deputado.

Otoni também defendeu uma manifestação de rua a ser realizada no dia 7 de setembro, tendo como pauta única o artigo 52 da Constituição. “Temos que forçar o senado federal a abrir processo de impeachment contra Moraes e Barroso. Ou eles abrem o impeachment ou PARAMOS O PAÍS POR TEMPO INDETERMINADO. Não é mais por Bolsonaro é pela nossa liberdade”.