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Dia a dia

Dia do Motorista: os desafios de quem leva a vida atrás do volante

Motoristas profissionais da Grande Vitória falam sobre a paixão pela profissão, engarrafamentos e a falta de gentileza no trânsito

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Mesmo com problemas já bem conhecidos, como engarrafamentos em pontos específicos e falta de sincronismo nos semáforos de algumas vias, o trânsito da Grande Vitória é sempre diferente ao olhos de quem lida, profissionalmente, com ele todos os dias.

E é justamente a falta de rotina e a possibilidade de viver novas histórias que mais motiva quatro motoristas profissionais entrevistados pelo ES360 para falarem a respeito da profissão. Nesta quinta-feira (25), Dia do Motorista, um taxista, um motorista de guincho, uma motorista de ônibus e um motorista de ambulância contam os desafios diários enfrentados por eles, as histórias curiosas vividas atrás do volante e o que pensam do comportamento das pessoas no trânsito da Grande Vitória.

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Nas estradas de Norte a Sul do Estado

Responsável pelo setor de logística e motorista de guincho de uma empresa na Serra, Judismar Schiffler, 40 anos, atende a ocorrências e chamados praticamente 24 horas por dia. Não é raro ter que sair no meio da madrugada para recolher veículos envolvidos em acidentes ou socorrer motoristas que precisam de ajuda com o veículo. O que ele mais gosta é ter a possibilidade de, a cada dia, ver uma paisagem diferente. “Hoje estou na Serra, amanhã posso estar no Norte do estado e, no outro dia, no Sul. Todo dia é um horizonte novo”, conta.

Judismar Schiffler

Pela janela do seu guincho, Judismar Schiffler viaja o Espírito Santo e acompanha as mudanças na paisagem e cidades por onde a. Foto: Chico Guedes

Quem trabalha com guincho, ele conta, também precisa lidar com situações difíceis. “Já vi acidentes graves e vítimas sendo socorridas. Temos sempre que ter paciência para lidar com o motorista que chama o guincho, porque ele pode estar ando por um momento difícil ou de estresse”, explica.

Paciência, aliás, é algo que, para ele, falta no trânsito da Grande Vitória. Judismar conta que, no ano ado, trabalhou por seis meses em São Paulo e percebeu uma diferença significativa no comportamento dos motoristas de lá. “Apesar do trânsito em São Paulo ser mais complicado, as pessoas são mais gentis. Se você dá seta para mudar de faixa, o veículo desacelera para te dar a vez. Aqui, é o contrário: a pessoa acelera para impedir que você entre”, diz.

Falta educação no trânsito

O motorista socorrista Jamerson Douglas Silva, 51 anos, de São Paulo, também pontua outras diferenças. Ele dirige ambulâncias há 32 anos, sendo sete no estado. Segundo ele, enfrenta mais dificuldades de locomoção aqui que em São Paulo. “São Paulo tem um volume de carros muito maior, mas lá nunca cheguei a ficar parado no trânsito, sem poder seguir com a ambulância. Aqui, isso já aconteceu algumas vezes na Reta da Penha e na César Hilal (avenidas de Vitória). O condutor de São Paulo tem uma consciência maior e libera a faixa da esquerda para a ambulância ar. Aqui, normalmente temos que seguir no corredor”, explica.

Outros problemas são as vias estreitas e esburacadas. “Tenho que andar com agilidade e desviar dos buracos ao mesmo tempo. Não é fácil”, brinca.

Apaixonado pela profissão, Douglas também ajuda no atendimento às ocorrências. Isso porque, além de motorista, ele é técnico de enfermagem. A quantidade de partos que já ajudou a fazer, nem se recorda. “Juntei o prazer de dirigir com o de ajudar as pessoas”, lembra.

Atrás do volante, realizando um sonho de criança

Quem também adora o que faz é a motorista do Transcol Erica Nogueira, 35 anos. Ela sonhava ser motorista desde criança, assim como o pai. Hoje, é conhecida pelo bom humor. Sua alegria ajuda a tornar o trajeto dos ageiros mais leve. No comando da linha 508 – que liga o terminal de Laranjeiras, na Serra, ao terminal de Vila Velha – não tem engarrafamento que a tire do sério.

Erica Nogueira

A profissão do pai ganhou o coração de Erica Nogueira, que hoje é motorista de ônibus. Foto: Divulgação

“Quando os ageiros começam a reclamar, digo para ficarem calmos, que vai dar tudo certo. A única coisa que podia melhorar no trânsito é a gentileza das pessoas”, opina.

Uma experiência nova a cada ageiro

A convivência com pessoas diferentes todos os dias também motiva o taxista Marcos José de Amorim Junior, 42 anos, e o ajuda a aliviar o estresse inevitável do trânsito. “Cada dia é uma experiência nova”, conta.

JOSÉ CARLOS DE AMORIM

Como taxista, José Amorim Júnior vive uma nova experiência todos os dias de trabalho em Vitória. Foto: Chico Guedes

Marcos é taxista há 22 anos e diz que, nesse período, viu sua profissão mudar e se reinventar, mas são as mudanças nas ruas da Grande Vitória que mais o incomodam. “Os buracos e desníveis só aumentam, e há anos não vejo recapeamento nas avenidas principais. Faltam investimentos e também mais cuidado por parte dos motoristas e pedestres”, diz.