Dia a dia
Deputado federal do ES vira réu em processo de injúria racial
A denúncia foi feita pela deputada estadual Camila Valadão, que acusa o parlamentar também de violência de gênero

O deputado federal Gilvan da Federal foi denunciado pela deputada estadual Camila Valadão. Foto: Divulgação
O deputado federal Gilvan da Federal (PL) se tornou réu em processo por crime de violência política de gênero e injúria racial contra a deputada estadual Camila Valadão. O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) ofereceu denúncia contra o parlamentar.
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Os crimes ocorreram em 2021, quando os dois ainda eram vereadores de Vitória. Na época, o então vereador mandou que Camila Valadão calasse a boca e ainda a chamou de “assassina de bebês” e “satanista”, com o objetivo de injuriar a vítima e ofender a dignidade e o decoro.
“Para tanto, utilizou de menosprezo à condição de mulher, com a finalidade de impedir ou de dificultar o desempenho de seu mandato eletivo; outrossim, ele a injuriou, ofendeu sua dignidade e decoro, ao utilizar elementos diferenciados, pejorativos, referentes à religião”, narra a denúncia do MPES.
“Meu caso não é isolado, o que estou ando atinge milhares de outras mulheres em vários locais do Brasil. Violência política de gênero é um problema sistemático. Quando ele me ataca desta forma, com tanta violência, ultraa todos os limites e nada tem a ver com posicionamentos políticos contrários, não se trata só de alguém proferindo opinião, trata-se de agressão e não só a minha pessoa, mas a todas as mulheres”, disse a deputada.
Após investigação da Polícia Federal em inquérito policial, o MPES aceitou a denúncia e Gilvan da Federal se tornou réu no processo por infringir o artigo 326-B, caput da Lei 4.737/65 e artigo 140, caput e § 3º, na forma do artigo 69, ambos do Código Penal, ou seja, pelos crimes de violência política de gênero e injúria racial.
Na denúncia, o MPES diz que o denunciado “praticava comportamento em plenário que extrapolava a defesa de ideologias e posicionamentos políticos, o que demonstra que ao mandá-la calar a boca o fez com clara sinalização de descrédito”, o que revelaram “preconceito e desprezo aos avanços e conquista da mulher em nossa sociedade. Suas atitudes revelaram uma rotina de violência simbólica e desvalorizadora da mulher”.
“Recebi a decisão muito emocionada, foram dois anos na Câmara de Vitória de sucessivas agressões. E receber essa notícia tão próximo do 8 de março, que, além de ser uma data simbólica para evidenciar as lutas das mulheres contra as várias violências, inclusive no meio político, é também a data que marca outro episódio de agressão do mesmo homem contra mim em plenário, que também tomou repercussão nacional”, desabafa Camila.
A reportagem do ES360 procurou a assessoria de imprensa do deputado, mas ainda não obteve retorno. Assim que houver o contato a matéria será atualizada.
