Dia a dia
Bolsonaro quer dividir Ufes para criar nova universidade no Sul do ES
O nome cotado para a possível nova instituição é Universidade Federal do Vale do Itapemirim

Campus da Ufes de Alegre. Foto: Divulgação
O governo federal quer dividir a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em duas para criar uma nova instituição no Sul do Estado. A criação de uma nova universidade no sul do Estado seria a partir da fragmentação do campus de Alegre da Ufes, formado pelos Centros de Ciências Agrárias e Engenharias (CCAE) e do Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde (CCENS), que ofertam 17 cursos de graduação, oito cursos de mestrado e três de doutorado.
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O assunto foi tratado em uma conversa do ex-senador Magno Malta e o presidente Jair Bolsonaro publicada em rede social, em que o presidente confirma que está nos planos do ministro da Educação a criação de uma nova universidade do Espírito Santo. O nome cotado para a possível nova instituição é Universidade Federal do Vale do Itapemirim e, segundo o presidente, a criação da nova instituição teria “baixo custo”.
“O ministro da Educação, Milton Ribeiro, já fez o planejamento. E nos próximos dias seis ‘puxadinhos’ vão virar universidade. E a do Espírito Santo será uma das primeiras”, afirmou o presidente, no vídeo.
A criação de uma nova universidade no Sul do Estado também foi um pedido do prefeito de Cachoeiro de Itapemirim e presidente da Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes), Victor Coelho em ofício ao ministro da Educação.
“Atuo com expectativas para a criação da nova universidade, visto que o Estado conta com uma demanda educacional extensa e, até o momento, tem apenas uma universidade federal. Além disso, o desenvolvimento da região sul será ampliado com a consolidação da rede de educação superior. Podemos destacar que os benefícios não serão somente locais, pois teremos repercussões positivas no nordeste de Minas Gerais e no norte do Rio de Janeiro, regiões que fazem fronteira com o sul capixaba. De fato, a partir da estrutura existente nos municípios de Alegre e Jerônimo Monteiro, a constituição da Universidade Federal Vale do Itapemirim permitirá abrigar cursos de todas as áreas do conhecimento, bem como atender às demandas da região”, afirmou Victor Coelho.
O Ministério da Educação foi procurado para comentar o assunto, mas ainda não deu retorno.
Ufes é contra proposta
O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) e o Conselho Universitário da Ufes são contrários à criação da nova universidade, “com muito pouco custo”, como tem sido divulgado, argumentando que a medida pode trazer impactos negativos tanto para a Ufes quanto para a universidade que se pretende criar. Segundo a Ufes, a proposta em nenhum momento foi formalmente apresentada e dialogada com a universidade.
“Essa ação, além de impactar diretamente o futuro da Ufes, pode resultar na criação de uma outra universidade acanhada e sem condições mínimas de sustentabilidade. O Sul do Estado já possui uma universidade e esta universidade é a Ufes”, afirmam as entidades
A universidade argumenta que a forma exógena, sem diálogo e sem o devido planejamento, como está sendo conduzida a proposta, sob pressão de atores políticos apartados da realidade do sistema universitário em geral e da Ufes, em particular, configura flagrante desrespeito ao princípio constitucional da autonomia universitária. Por outro lado, essa ação, além de impactar diretamente o futuro da Ufes, pode resultar na criação de uma outra universidade acanhada e sem condições mínimas de sustentabilidade.
“Há que se entender que a criação de uma nova universidade no nosso Estado não pode se dar pela mera separação de dois Centros da Ufes para formar uma outra instituição federal de ensino superior, sem um projeto claro, associado a uma estratégia de desenvolvimento regional, que preveja a criação de novos cursos, a expansão de vagas e um aporte significativo de investimentos, tanto em termos de infraestrutura quanto de pessoal. Sem esses requisitos, configura-se pura e simplesmente a divisão ou o desmantelamento da única universidade federal existente no nosso Estado. Uma proposta concebida desta forma não contribui para a expansão do sistema de educação superior no Espírito Santo e no Brasil, como seria desejável, de forma a atender mais estudantes, ampliar a formação profissional e a produção de pesquisa e extensão no nosso Estado”, afirmou a universidade.
