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Após morte de músico, PM criou grupo para combinar versão

A vítima pediu silêncio em dois momentos ao policial militar acusado de executá-lo. Na segunda tentativa, o músico acabou assassinado

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Músico Guilherme Rocha. Foto: Reprodução/Instagram

Músico Guilherme Rocha. Foto: Reprodução/Instagram

O soldado da Polícia Militar Lucas Torrezani de Oliveira, de 28 anos, criou um grupo de WhatsApp após executar o músico Guilherme Rocha, de 37 anos, durante uma briga em um condomínio de Jardim Camburi, em abril deste ano.

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Foi o que afirmaram os responsáveis pelas investigações policiais durante uma entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (19). O objetivo do grupo, formado pelo policial juntamente com o amigo Jordan Ribeiro de Oliveira e uma terceira testemunha, era combinar versões e mentir sobre o crime cometido.

Segundo o delegado titular da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, Marcelo Cavalcanti, o grupo foi criado logo após Lucas ter prestado depoimento na delegacia.
“Ali eles tentaram combinar versões para que prevalecesse a mentira inventada de que foi em legítima defesa. Mas a vítima foi executada com requinte de crueldade, por motivo fútil e sem chance de defesa”.

O delegado contou que o músico foi assassinado após ter três contatos com o policial. Na primeira delas, às às 2h20 da manhã, ele pediu silêncio pela primeira vez. Às 2h50, o músico volta ao local e nada fala. Na terceira tentativa, pouco depois de três da manhã, a vítima novamente pede pra o PM diminuir o barulho. Nesse momento, o músico foi empurrado pelo amigo do soldado.  Já no chão, ele foi executado por Lucas, segundo o relato da Polícia. Logo em seguida, segundo as investigações, o acusado ingeriu goles de bebida alcoólica.

No grupo de conversa usado para marcar as festas, o acusado mandou uma mensagem para os demais amigos debochando do crime. “Se ele queria silêncio, agora ele está no silêncio eterno”.

Lucas foi indiciado pelos crimes de homicídio duplamente qualificado: por motivo fútil e sem chance de defesa para a vítima. Ele está detido no quartel da Polícia Militar. Já o amigo também foi indiciado como co-autor, mas vai responder o processo em liberdade.

O delegado explicou que no depoimento ele alegou que empurrou o músico para tentar afastar a vítima da confusão. Essa versão não foi sustentada pelas análises da perícia.

PM É RÉU

A juíza Lívia Bissoli Lage aceitou a denúncia do Ministério Público do Espírito Santo e tornou o policial réu no processo. Ele ter a prisão preventiva decretada.

Em sua decisão, a magistrada diz que Lucas costumava promover confraternizações informais com amigos “para uso de bebida alcoólica e fumígenos ao som de músicas altas, na maioria das vezes em horário posterior às 22h00”.

“A conduta reiterada do denunciado Lucas em promover as mencionadas confraternizações ou a ocasionar transtornos à vítima Guilherme e seus familiares, na medida em que a proximidade do apartamento deles ao banco do hall de entrada do Bloco I fazia com que o barulho das músicas e conversas atrapalhassem as noites de sono da família, tanto que a vítima Guilherme, em ocasiões pretéritas, chegou a conversar com o denunciado Lucas solicitando-lhe que encerrasse as confraternizações, o que não foi atendido, de modo que a vítima acabou registrando a ocorrência no livro do condomínio”.

No processo conta ainda que “apesar de formalmente notificado pela istração do Condomínio Residencial Parque dos Flamboyants, Lucas novamente promoveu uma confraternização por volta das 22h30, estendendo o encontro madrugada adentro, razão pela qual, por volta das 02h22, a vítima Guilherme foi ao encontro do grupo e solicitou que diminuíssem o tom das conversa”.

“Diante disso, às 03h02 a vítima novamente saiu do seu apartamento e dirigiu-se à presença do grupo informando que ela e sua família não estavam conseguindo dormir por conta do barulho que eles estavam fazendo, solicitando mais uma vez que eles deixassem o local.

“Nesse momento, o denunciado Lucas, que é policial militar, sacou a arma de fogo que portava consigo e intimidou a vítima dizendo “eu sou PM, o que você vai fazer?”, instante em que o denunciado Jordan se aproximou de ambos. Ato contínuo, o denunciado Lucas, com a arma de fogo em punho na mão direita e uma bebida alcoólica na mão esquerda, se aproximou da vítima e projetou o cano da arma por duas vezes em direção ao tórax dela, e em seguida bateu o cano da arma no rosto de Guilherme, que tentou se defender avançando em direção à arma que o denunciado portava, momento em que foi empurrado pelo acusado Jordan, perdendo o equilíbrio. Diante disso, aproveitando-se da condição de vulnerabilidade da vítima, o acusado Lucas efetuou um disparo de arma de fogo contra ela, provocando-lhe as lesões que foram a causa suficiente para sua morte”.

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