Dia a dia
Após garantir veto, Bolsonaro sinaliza aceitar fundo eleitoral de R$ 4 bilhões
Presidente defende reajuste pela inflação e explica que vetará ‘extra de R$ 2 bilhões’; em negociação com Congresso, na prática Bolsonaro mantém aumento superior a 50% de valor aplicado em 2020

Jair Bolsonaro, presidente da República. Foto: Alan Santos/PR
Depois de garantir que vetaria o fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões, o presidente Jair Bolsonaro sinalizou nesta segunda-feira, 26, que vai manter cerca de R$ 4 bilhões de verba destinada às campanhas dos partidos para o ano que vem.
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Agora, Bolsonaro diz que vetará o “extra de R$ 2 bilhões” do valor estabelecido pelos parlamentares na votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022. O presidente alegou novamente que incorreria em crime de responsabilidade caso cortasse integralmente a verba do chamado ‘fundão’.
“(Quero) deixar claro uma coisa: vai ser vetado o excesso do que a lei garante. A lei (prevê) quase R$4 bilhões. O extra de R$ 2 bilhões vai ser vetado. Se eu vetar o que está na lei, eu estou em curso de crime de responsabilidade”, justificou aos apoiadores na manhã desta segunda-feira, 26, na saída do Palácio da Alvorada. Bolsonaro ainda não recebeu o texto da LDO. Assim que receber, terá 15 dias para sancioná-lo ou vetá-lo.
O presidente tem dito que o valor do fundão deve contemplar o reajuste inflacionário; na semana ada, afirmou que a correção significaria valor “na casa dos R$ 3 bilhões”. Cálculo realizado por técnicos do Congresso, porém, apontam que o fundão reajustado por esse modelo ficaria em torno de R$ 2,2 bilhões, bem abaixo do patamar citado agora por Bolsonaro. Nenhuma estimativa do Executivo, porém, foi formalizada até o momento.
Na conversa com apoiadores, Bolsonaro também se queixou de críticas e itiu a possibilidade de não chegar ao segundo turno das eleições presidenciais de 2022. Pesquisas divulgadas recentemente têm revelado desgaste do governo perante o eleitorado e o crescimento das intenções de voto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Espero não apanhar do pessoal como sempre. Se o pessoal começar a bater muito vai escolher no segundo turno Lula ou Ciro”, disse, em tom de brincadeira.
O presidente também voltou a questionar, sem provas, a segurança das urnas eletrônicas e cobrou a implementação do voto impresso para o pleito do ano que vem. “Tá na cara que querem fraudar, de novo. Eleições democráticas são aquelas que você confirma o seu voto”, disse.
Desde 9 de março de 2020 (ou seja, há mais de 500 dias), o presidente vem repetindo que vai apresentar “provas” de fraudes nas eleições. Bolsonaro já foi desafiado a apresentar essas evidências em três ações na Justiça, mas nunca o fez.
Agora, Bolsonaro voltou a declarar que vai apresentar, na próxima quinta-feira, 29, em uma live, provas de que houve fraudes em eleições anteriores. De acordo com o presidente, essas provas teriam sido fornecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele disse que poderá transmitir a live direto do Ministério da Justiça.
“São três momentos que é inacreditável o que a gente vai mostrar com fotografias, de dados fornecidos pelo próprio TSE. Se bem que faltam mais dados ainda que não entregaram pra gente. Então logo a gente concluiu isso daí, que o trabalho não é fácil. Se bem que agora já da pra demonstrar claramente, até pela maneira como o ministro Barroso está se posicionando, está esquisito”, disse o presidente, voltando a criticar o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso.
Supernotificações
Ainda sem provas, Bolsonaro voltou a atacar dirigentes regionais no combate à pandemia. Ele sugeriu que Estados e municípios inflaram o número de casos e mortes por covid para obter mais rees do governo federal.
“Quantas vezes vocês já ouviram falar, ou viram vídeos, a pessoa chegou no hospital, não tinha covid, foi pra UTI de covid, porque custa R$2.000 UTI de covid. A UTI normal, R$ 1.000 reais. Então, é interesse de super notificação”, declarou o presidente.
