Coluna André Andrès
R$ 40 a R$ 400: 12 rótulos para combinar vinho e torta capixaba
Uma seleção de rótulos para você escolher algo do tamanho do seu bolso e faça a combinação perfeita de vinho e torta capixaba

Torta capixaba. Foto: Divulgação
Há muitos anos, durante uma degustação histórica no restaurante Pirão, capitaneada por Roberto Serpa, literalmente um doutor do mundo do vinho, e pelo saudoso jornalista Saul Galvão, a Sauvignon Blanc foi considerada a casta ideal para acompanhar a moqueca capixaba. Realmente, os brancos feitos com essa uva têm uma acidez marcante (provoca uma reação parecida com aquela causada por frutas cítricas, como o abacaxi, deixando a boca muito úmida). Isso prepara o paladar para receber os pratos. Vinhos com essa propriedade são definidos como “gastronômicos”. Em outra prova, mais recente, organizada por Silvestre Tavares Gonçalves e com participação de Carlos José Vieira, outro doutor no assunto, um branco produzido pela Ervideira se saiu muito bem diante de outros 13 rótulos na tarefa de acompanhar uma torta capixaba. Neste caso, estamos falando de uma mescla de várias castas, como é típico dos vinhos produzidos no Alentejo. Como se vê, a culinária capixaba permite muitas combinações, principalmente porque ela também tem muitas variações: a moqueca pode ser feita com vários peixes e acompanhamentos, enquanto a torta vai desde a receita completa, com vários frutos do mar, até àquelas com o recheio formado apenas pela combinação de bacalhau, camarão e palmito, por exemplo. Por isso a lista a seguir eia por várias castas, países e preços. É só escolher qual cabe no seu bolso e escoltar a mais típica das tortas capixabas com um bom branco. O seu paladar agradece…
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Aurora Varietal Chardonnay – É muito comum encontrarmos a Chardonnay submetida a longas agens por barricas de carvalho. Isso confere ao vinho uns toques de manteiga e de amêndoa por vezes até exagerados, enjoativos. Não é o caso desse varietal, bastante honesto, produzido pela vinícola Aurora. Nele, a fruta se sobressai e, com ela, uma acidez gostosa, equilibrada, além de muito frescor. Vinho fácil de beber, principalmente se for acompanhar uma torta mais leve.
Custo: R$ 33.
Onde: vários pontos de venda.
Don Luciano Airén – Um vinho muito curioso por conta da história da uva usada em sua produção, uma ilustríssima desconhecida. A Airén é a uva mais cultivada da Espanha (e, até o final do século ado, a mais cultivada do mundo), principalmente por conta de sua enorme adaptação a solos muito secos. Depois, por conta de sua produtividade menor e da liberação da irrigação para cultivo das vinhas, ela acabou perdendo espaço para castas hoje mais conhecidas, como Cabernet Sauvignon, Merlot e, lógico, Tempranillo. Mas, note: ela continua sendo a casta branca com maior produção e predomina em várias regiões espanholas, como em La Mancha, onde o Don Luciano é feito. A uva rende vinhos com toques florais e de frutas expressivos e tem acidez marcante. Pode combinar muito bem com a torta feita de camarão, bacalhau e palmito.
Custo: R$ 40
Onde: Gran Cuvée (telefone 27 999458543)
Santa Ema Sauvignon Blanc Classic Selection – Quer conhecer a Sauvignon Blanc sem gastar muito? O Santa Ema Classic é uma boa opção. Há uma velha regra no mundo do vinho: você conhece uma grande vinícola a partir de seus vinhos mais básicos. É o caso da Santa Ema. Seus rótulos mais elaborados ganham vários títulos mundo afora. E seus vinhos mais íveis são muito bons. O Classic é um Sauvignon Blanc honesto: um vinho branco de boa qualidade a um preço camarada. Vai muito bem com qualquer uma das tortas capixabas.
Custo: a partir de R$ 42.
Onde: vários pontos de venda.
Vinho Verde Quinta da Lixa – O vinho verde é sempre uma boa opção para nosso clima quente. Para quem não o conhece, é bom explicar: o nome nada tem a ver com a cor do vinho. Ele pode ser branco, rosé e até tinto. “Vinho Verde” é a denominação da região onde ele é produzido. Há duas versões para essa denominação: seria uma referência para o campo, sempre verde, onde as uvas são produzidas; seria uma referência ao momento de colheita das uvas, um pouco antes de elas estarem totalmente maduras. Talvez daí venha a acidez acentuada desse branco, sempre muito leve, baixa graduação alcoólica, descompromissado, de “beber aos montes”, como se diz em Portugal. E sempre uma ótima companhia para frutos do mar, e, portanto, para a nossa torta, principalmente se for a de bacalhau.
Custo: R$ 43.
Onde: vários pontos de venda.
Caballo Dorado Gran Reserva Chardonnay – Sim, você provavelmente já leu sobre esse vinho neste espaço. Mas acredite: é difícil encontrar algum branco com tanta qualidade por este valor. Os vinhos produzidos pela Ravanal, no Chile, têm a enorme vantagem de entregar vinho de um nível sempre superior ao seu preço. A Chardonnay é muito bem conduzida, a por estágio em madeira e resulta num branco amanteigado, mas na medida certa, sem exageros. Muito rico em seus aromas e sabores. Vinho muito gostoso. E estruturado. Vai muito bem com uma torta completa. Excelente opção.
Custo: R$ 59.
Onde: Carone.
Altosur Reserve Torrontés – Se a Malbec é a uva tinta com melhor adaptação ao solo argentino, a Torrontés é, por excelência, a uva branca da terra de Messi e de Maradona. Os vinhos são sempre muito perfumados. E, neste caso, “perfume” é a melhor definição, porque os aromas surgidos da taça de um Torrontés são muito florais, muito presentes, quase exuberantes. É uma aula de aromas, principalmente para quem não consegue decifrar essas notas quando prova um vinho. Vai acompanhar muito bem a torta feita com camarão e bacalhau.
Custo: R$ 66.
Onde: Espaço DOC.
Crios Rosé of Malbec de Susana Balbo – É, há anos, um dos rosés mais confiáveis da Argentina. Susana Balbo é uma referência na produção local. E este Crios está em promoção. Mas mesmo seu preço sem desconto é vantajoso. Como diz o rótulo, o rosé é extraído do contato rápido do mosto com a casca da Malbec. É um vinho bem equilibrado, um pouco mais encorpado quando se compara com os brancos, e com uns toques frutados, principalmente de goiaba, bem gostosos. Por conta dessa estrutura, pode acompanhar uma torta também mais estrutura, mais completa. Ótimo vinho!
Custo: R$ 79 (na promoção: R$ 59)
Onde: Sam’s Club
Quinta da Alorna Verdelho – Vinho produzido na região do Tejo, em Portugal, com uma uva muito conhecida na região ibérica. A Verdelho é uma casta capaz de render vinhos muito frescos, como é o caso do Quinta da Alorna. O vinho tem muitos toques de frutas cítricas, principalmente limão e maracujá. Sob esse aspecto, lembra a Sauvignon Blanc, embora esses aromas e sabores sejam menos intensos na Verdelho. É uma boa opção para quem deseja provar algo de uma região menos conhecida de Portugal. E vai escoltar bem qualquer uma das tortas capixabas.
Custo: R$ 79
Onde: Gran Cuvée (telefone 27 999458543)
Loma Larga Sauvignon Blanc – Uma aula de Sauvignon Blanc. Quer conhecer as características dessas uva? Prove um Loma Larga. Está tudo ali: o frescor, a acidez equilibrada, os toques de frutas cítricas. Quando se fala na combinação ideal para provar uma torta capixaba, como a degustação citada no início do texto, estamos falando de brancos assim. Tem Sauvignon Blanc mais elaborado? Sim. Os australianos e neozelandeses, por exemplo, são sensacionais, mas também são mais caros. Enfim, o Loma Larga cumpre exemplarmente o papel de acompanhar uma torta com todos os ingredientes e mais um pouco. Excelente vinho.
Custo: R$ 90.
Onde: vários pontos de venda
Conde d’Ervideira Escolha do Enólogo Branco de Inverno – A mais nova criação da vinícola do sempre ousado Duarte Leal da Costa é um vinho estruturado, corpulento e delicioso. Feito com castas típicas portuguesas. A Antão Vaz predomina, mas ganha o acompanhamento da Viosinho (cerca de 10%). A primeira casta entra com a estrutura e a elegância, a segunda, com a mineralidade e o frescor. Já imaginou o resultado final? Um branco de presença marcante na boca, mas com frescor e toques minerais. É bom demais. E com essas características, torna-se um vinho extermamente gastronômico. Combina com qualquer das nossas tortas. O risco é exagerar na atenção da qualidade do branco e simplesmente esquecer de provar o prato…
Custo: R$ 250.
Onde: Wine Vix.
Champagne Bernard Remy – E por que não um champagne? É um coringa. Só para se ter uma ideia de sua capacidade de combinar com os mais variados pratos, alunos de faculdades de gastronomia são proibidos de propor harmonizações de pratos com espumantes (só para lembrar: champagne é um espumante feito na região de mesmo nome, na França) simplesmente porque eles vão bem com tudo, de carne suína a frutos do mar, ando por risotos e massas. Este Bernard Remy é produzido apenas com Chardonnay, colhida na região de Mesnil-sur Oger. Combina acidez com os tostados típicos dos bons champagnes. É simplesmente delicioso. E, assim como a torta, champagne tem um ar de celebração. Tem tudo para dar certo.
Custo: R$ 330
Onde: Carone
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