“Pinga”: no ES, Paulo Guedes debocha de Lula, de Meirelles e de criador do Real

Ministro da Economia, Paulo Guedes. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro da Economia, Paulo Guedes, ironizou o ex-presidente Lula (PT), o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles e o economista Pérsio Arida na mesma palestra, em Vitória, nesta quarta-feira (26). Lula é adversário de Jair Bolsonaro (PL) no 2º turno da eleição presidencial. O petista conta com o apoio de Meirelles, presidente do Banco Central durante seu governo e de Arida, um dos criadores do Plano Real, em 1994.

Guedes falou a uma plateia formada por empresários e estudantes na Fucape Business School, a convite do professor e empresário Aridelmo Teixeira (Novo), dono da faculdade.

Sem citar o ex-presidente, o ministro associou Lula, de modo nada lisonjeiro, ao consumo de bebida alcoólica, ao discorrer sobre beneficiários do Auxílio Brasil:

“Você dá dinheiro para mil brasileirinhos e 999 vão fazer a coisa certa. Um vai tomar uma pinga. Às vezes, até vira presidente”, disse Guedes, provocando risadas em uma plateia bastante favorável.

Na mesma toada, o ministro debochou de Pérsio Arida, um dos arquitetos do Real na equipe comandada pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), durante o governo de Itamar Franco (1992-1994).

Guedes começou dizendo que o economista, ex-presidente do BNDES e do Banco Central, “fez congelamento de preços, aconselhou para sequestro de ativos financeiros” e “tentou dolarizar o Brasil”. E emendou: “Depois ele acertou uma. Quem atira dez, acerta uma, que foi o Real. Depois de muito tempo, ele conseguiu acertar uma”.

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Assim como o próprio FHC, Arida e outros economistas proeminentes durante os governos de Itamar e do tucano estão apoiando a candidatura de Lula, como Edmar Bacha (também criador do Real), Pedro Malan (ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central) e Armínio Fraga (ex-presidente do Banco Central).

Guedes ainda encontrou fôlego para criticar Meirelles. Como ministro da Fazenda no governo Temer (2016-2018), o ex-presidente do BC foi o idealizador da Emenda Constitucional nº 95, que criou o teto de gastos, mecanismo para limitar o crescimento das despesas públicas da União à inflação registrada no ano anterior (tomando por referência o IPCA).

“O teto foi muito mal construído. Foi tão mal construído que o cara que fez o teto está dizendo agora que vai pular o teto. ou três anos xingando a gente, dizendo que a gente tava pulando o teto. Aí ele acabou de declarar hoje que vai ter que pular o teto. Que coisa!”

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Na véspera (25), Meirelles defendeu a continuidade do Auxílio Brasil no valor de R$ 600,00 e afirmou que superar “excepcionalmente” o teto de gastos seria uma alternativa para bancar benefício social. Guedes já criticara essa declaração em outra palestra.

Em entrevista à CNN Brasil, Meirelles afirmou que as palavras nada elogiosas do ministro da Economia a seu respeito são fruto de “desespero” e de “frustração” por não ter conseguido realizar todas as reformas que abarcavam as promessas de campanha de Bolsonaro, num momento em que o presidente aparece atrás de Lula em pesquisas de intenção de voto.

“Paulo Guedes é um ministro que, debaixo do falatório enorme, simplesmente não faz tudo aquilo que anuncia. Não é uma questão de prestar atenção ao que é dito, porque ele mostra incompreensão básica da realidade e, evidentemente, parte para o desespero. Isso mostra o desespero de quem ou a vida inteira esperando um cargo e, de repente, fracassa nessa função”, afirmou o ex-ministro, na entrevista à CNN.

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