O novo D.O.C. em Vila Velha: parrilla (de verdade) e ótimos vinhos

O bife ancho do D.O.C. Gastronomia, novo restaurante de Vila Velha: feito na parrilla e com acompanhamento sugerido pelo chef Rodrigo Quintão. Foto: Divulgação.

Muitos anos atrás, um conhecido pedagogo de Vitória fazia uma pequena brincadeira quando queria salientar o quanto havia espaço para a capital do estado crescer e se desenvolver: “Vitória não tem nem churrascaria!”, dizia ele, entre sorrisos, percebidos mesmo sob a vasta barba branca. Ele tinha razão e continuaria tendo, se ainda estivesse entre nós. Com algumas pouquíssimas exceções, aqui e ali, restaurantes da Grande Vitória oferecem aos moradores, na maioria das vezes, um sistema de churrasco com suas vantagens, principalmente em relação ao preço, mas limitado quanto ao serviço e à qualidade. Estamos falando daquela porção servida em espeto, normalmente acompanhada de pão de alho, vinagrete, farofa e feijão tropeiro. É tradicional, tem o seu momento, mas, convenhamos, está longe de ser um serviço de carnes nobres, como acontece em boas casas de outros grandes centros. Bem, muito provavelmente essa lacuna seja preenchida pela chegada a Vila Velha da D.O.C. Gastronomia, casa ainda a ser oficialmente inaugurada no Shopping Praia da Costa, em Vila Velha.

O empreendimento chega à Grande Vitória depois de dois projetos de sucesso tocados por seus proprietários. O primeiro restaurante foi o Pueblo Parrilla, em São Paulo. O nome já mostra a vocação argentina da casa. O segundo, aberto em Criciúma, trouxe a marca D.O.C. Gastronomia, mas com um diferencial importante: o cardápio elenca pratos da cozinha contemporânea e busca proporcionar boas combinações com a carta de vinhos da casa, composta por mais de 200 rótulos. Já o D.O.C. Vila Velha combina a parrilla de São Paulo e a boa oferta de vinhos do restaurante de Criciúma.

O restaurante D.O.C. oferece vinhos em taças pelo sistema wine station

Cortes nobres, tradicionais, como picanha, bife ancho, cordeiro etc., podem ser acompanhados por rótulos enfileirados em uma wine station, ou, para ser mais claro, um equipamento para servir vinhos em taça. Algumas casas já oferecem esse serviço por aqui, mas poucas parecem ter entendido como esse sistema deve funcionar: o ideal é oferecer vinhos com preços mais íveis, para quem quer acompanhar o almoço, apenas, e ir subindo a oferta com garrafas mais caras, possibilitando a prova de algo bem melhor para quem prefere provar um tinto especial sem ter de gastar muito. Na última segunda-feira, dia 6, por exemplo, era possível provar vinhos bem honestos, como o chileno Toro de Piedra Cabernet Sauvignon (R$ 36 a taça de R$ 150 ml), até argentinos, italianos e ses mais elaborados e, naturalmente, com preços superiores.

A casa ainda está funcionando em sistema de pré-abertura, ou soft-opening, como virou moda falar. Durante a semana, o almoço executivo funciona a preço bem competitivo. O cardápio está sendo ajustado, alguns pratos devem ser acrescidos. Tudo natural na fase inicial de qualquer restaurante. Mas já é possível experimentar algumas entradas, saladas, massas e sobremesas. E, lógico, conhecer a carta de vinhos.  As carnes vêm com acompanhamentos sugeridos pelo chef Rodrigo Quintão. A picanha, por exemplo, é servida com aioli de alho assado, batata da casa e arroz ramona (arroz puxado na manteiga, farinha de milho, bacon, salsinha e pimentão). Os cortes, assados em carvão, com aquele defumado típico e especial, muito provavelmente seriam capazes de provocar um sorriso sob aquela vasta barba branca, do nosso amigo pedagogo. Não por conta de seu comentário a respeito de Vitória, mas pela satisfação de notar como sua brincadeira começou a perder o sentido…