Coluna Vitor Vogas
Jackeline Rocha: “O PSB precisa reconhecer o tamanho do PT”
Em momento decisivo nas negociações eleitorais entre os dois partidos no Espírito Santo, presidente estadual do PT manda um recado sonoro para Casagrande e sua sigla

Jackeline Rocha. Foto: Facebook
“Há um desejo de construção política, que não seja só uma aliança eleitoral. Para isso, o PSB precisa reconhecer o tamanho que o PT tem nesse cenário.”
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A declaração é da presidente estadual do PT, Jackeline Rocha. Foi dada após a reunião virtual desta terça-feira (5) entre ela, o governador Renato Casagrande (PSB), o senador Fabiano Contarato (PT) e dirigentes estaduais e nacionais dos dois partidos. E pode ser entendida como um recado, sonoro e retumbante, ao PSB, num momento decisivo das negociações eleitorais entre as duas siglas: o PT do Espírito Santo até topa apear da candidatura de Contarato ao governo e montar no palanque da reeleição de Casagrande (como querem aliás, os capas-pretas do PT)… mas esse apoio não virá de graça.
Jackeline reconheceu que, por parte dos dirigentes nacionais do PT, há o desejo, exposto na reunião desta terça, de que os dois partidos, coligados nacionalmente na chapa Lula-Alckmin, consigam reproduzir essa união de forças na eleição ao governo do Espírito Santo.
Ela itiu, ainda, que dirigentes nacionais do PT (a presidente nacional, Gleisi Hoffmann, e o deputado federal José Guimarães) aproveitaram a reunião para conclamar os representantes das duas legendas no Espírito Santo a envidar os esforços necessários para chegar a um entendimento, visando àquele que é o interesse maior de todos os envolvidos nas tratativas: levar o ex-presidente Lula de volta ao Palácio do Planalto, se possível no 1º turno.
“A reunião desta terça tratou do posicionamento de duas agremiações que hoje estão juntas na eleição presidencial e separadas no Espírito Santo. O que pode ser feito para essa construção existir aqui? Onde Lula é a expressão dessa unidade? Foi exposto o desejo de que a construção nacional entre PT e PSB seja reproduzida aqui no Espírito Santo. O Renato [Casagrande] vai fazer campanha para o Lula. O Contarato vai fazer campanha para o Lula. Cada um vai fazer campanha para o Lula de um jeito. Mas a gente consegue reproduzir essa unidade em um palanque único aqui no Espírito Santo? De ambas as partes, o clamor é: ‘Vamos pensar no projeto nacional. Vamos tentar eleger o Lula no primeiro turno’. Portanto, precisamos consolidar as construções políticas em cada estado. Esse é o desejo exposto pela direção nacional do PT e pela direção nacional do PSB”, explicou Jackeline.
Ela destacou que, durante a reunião, dirigentes nacionais de PT e PSB, inclusive Gleisi Hoffmann, enfatizaram a necessidade de um esforço de petistas e socialistas com vistas à unificação de candidaturas em estados onde cada partido ainda tem um candidato a governador (como São Paulo e Rio Grande do Sul, além do Espírito Santo).
“Existe, sim, uma preocupação nacional dos partidos que estão conduzindo a eleição de Lula, porque os palanques nos estados também acabam ficando mais polarizados e, com isso, algumas decisões precisam ser construídas. PT e PSB veem que é necessário fazer um esforço de unificação de candidaturas nos estados onde temos duas candidaturas”, disse a presidente estadual do PT.
Segundo Jackeline, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, salientou que o PSB prioriza a manutenção do comando dos estados já governados pela sigla (Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Espírito Santo).
Os representantes socialistas também argumentaram que, na eleição ao Palácio Anchieta, a coligação erguida em torno de Casagrande é muito maior que a de Contarato (na verdade, este só tem a federação PT/PV/PCdoB), além do fato de o atual governador já estar no cargo, o que lhe confere chances bem maiores de vitória nas urnas. Essa vitória, nesse caso, seria a dessa frente de centro-esquerda que apoia Lula.
Mas isso, pelo que indica Jackeline, não basta para convencer o PT do Espírito Santo a desistir de lançar Contarato em um palanque próprio. Inclusive, segundo ela, foi reafirmada durante a reunião a resolução aprovada por unanimidade pelo PT do Espírito Santo no Encontro Estadual de Tática Eleitoral realizado no último sábado (2): a de manter a pré-candidatura de Contarato (pelo menos até segunda ordem).
“Nós reafirmamos nosso posicionamento do encontro do último sábado. Isso foi apresentado para o Carlos Siqueira, da mesma maneira que eles nos colocam, como condição para buscar a reeleição, que o PSB tem uma coligação mais ampla.”
Jackeline considera, ainda, que PT e PSB não podem só pensar numa aliança pontual para a eleição estadual deste ano; precisam começar a reconstruir uma relação política esgarçada nos últimos anos. Desde 2014, os partidos estão distantes no Espírito Santo: na eleição de 2014, em articulação conduzida por João Coser, o PT apoiou a candidatura de Paulo Hartung (então no MDB) contra Casagrande e lançou a de Roberto Carlos (ajudando Hartung a vencer no 1º turno); em 2018, Casagrande não teve o PT na coligação pela qual se elegeu governador em 2018 (na ocasião, por sinal, a própria Jackeline foi sua adversária). E o PT não faz parte da atual istração do socialista.
“O Lula é a expressão dessa unidade política que pode haver entre o PT e o PSB. Essa é a mesma regra que vai valer para o Espírito Santo e para todos os estados. Ambas as direções têm o desejo de consolidar esse movimento. O desejo das direções nacionais é que haja uma composição que aponte para a frente. Nós vamos governar o Brasil. O PT e o PSB vão governar o Brasil. Então precisamos entender o que o PSB espera do PT no Espírito Santo. Precisamos repactuar alguns pontos e reconstruir a relação que já existiu entre PT e PSB no Estado”, concluiu a dirigente.
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