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Coluna Vitor Vogas

Giro 360: Para virar o jogo contra Casagrande, Manato aposta no “Eu acredito!”

E mais: candidatura de Marcelino é barrada; a vitória de Erick sobre Rose na Justiça Eleitoral; Jack com Rose (mas não é o “Titanic”); Rose com Lula (mas não é o petista); os compromissos eleitorais de Erick e seu aceno a bolsonaristas; mais capítulos da “guerra santa” pelo voto evangélico

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Carlos Manato é candidato a governador

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Em sua campanha a governador, o segundo colocado nas pesquisas, Carlos Manato (PL), adaptou um pouco a estratégia e começou a apostar no discurso de que é possível alcançar o líder, Renato Casagrande (PSB), com o slogan “Eu acredito”.

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Sua propaganda de rádio e TV nesta segunda-feira (5) foi aberta com o som de uma multidão gritando isso – como uma torcida esportiva cujo time precisa virar um jogo.

Manato, aliás, apropriou-se da metáfora esportiva. Também buscou descolar-se dos demais desafiantes como único capaz de derrotar o atual governador, tratou de pôr, subliminarmente, Casagrande e Paulo Hartung no mesmo saco e ainda deu um jeito de esfregar “corrupção” no atual governo.

“Eles querem que você pense que não adianta mais acreditar. Mas eu acredito! […] Eu também acredito que este jogo está só começando”, inicia o candidato.

O locutor entra e diz: “As pesquisas mostram que, na realidade, até agora mais da metade dos eleitores sequer decidiram direito em quem votar”.

Manato retorna: “Não existe jogo ganho antes de a bola rolar. A campanha é pra isso. E, como você já percebeu, a nossa candidatura é a única capaz de fazer frente a esse time que domina o governo há 20 anos”.

Volta o locutor: “Nota A na gestão fiscal à custa do aumento da violência e da falta de saúde, educação e transporte”.

E Manato arremata: “À custa da fome e da miséria de milhões de capixabas. É isso que dá deixar a corrupção tomar conta”.

Na última pesquisa Ipec/Rede Gazeta, divulgada no dia 2, Casagrande lidera com 56% das intenções estimuladas de voto (mesmo percentual de entrevistados que consideram sua istração boa ou ótima). Manato desponta em segundo, com 19%. Na espontânea, porém, mais da metade dos entrevistados não apontaram nenhum candidato.

> Pesquisa Ipec/Rede Gazeta impõe a nova verdadeira pergunta desta eleição ao governo do ES

Marcelino Fraga é barrado

O ex-deputado federal Marcelino Fraga (PSDB) teve o pedido de registro de candidatura a deputado estadual negado pela Justiça Eleitoral. O juiz federal Rogério Moreira Alves, titular do Pleno do TRE, acolheu ação de impugnação movida contra Marcelino pela Procuradoria Regional Eleitoral, com base na Lei da Ficha Limpa.

Marcelino foi barrado por já ter sofrido condenação em ação de improbidade istrativa por órgão colegiado, um dos critérios de inelegibilidade previstos pela Lei da Ficha Limpa. A condenação se refere ao esquema que ficou conhecido como Máfia das Ambulâncias, que envolveu, à época, direcionamento de emendas parlamentares por deputados federais e senadores.

E o Orçamento Secreto?

Emendas parlamentares de mais de 15 anos atrás geraram condenações judiciais e tornaram políticos inelegíveis, como é o caso de Marcelino. Mas a Máfia das Ambulâncias foi fichinha perto do excrescente Orçamento Secreto. No próximo governo, essa farra terá que acabar.

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Vitória de Erick sobre Rose

Desde a semana ada, a campanha da senadora Rose de Freitas (MDB) vinha exibindo, no horário eleitoral, um programa recheado de manifestações de prefeitos do interior do Estado em apoio à sua reeleição. Apareciam, nesta ordem, os prefeitos de Colatina, Guerino Balestrassi; de Pancas, Sidiclei; de Águia Branca, Jailson José Quiuqui; de Conceição do Castelo, Cristiano Spadetto; e de São Mateus, Daniel da Açaí.

Essa propaganda não pode mais ir ao ar.

Por decisão da desembargadora Janete Vargas Simões, suplente no Pleno do TRE, Rose ficou impedida de voltar a veicular tal inserção, sob pena de multa em caso de reincidência. A relatora atendeu a uma ação apresentada pela coligação de Erick Musso (Republicanos) ao Senado, sob duas alegações:

As manifestações de apoio dos prefeitos estavam ocupando, proporcionalmente, um tempo acima do permitido pela legislação eleitoral. O limite é de 25% do tempo total da inserção ou do programa. Além disso, não estavam sendo exibidos os nomes das suplentes de Rose, como determina a lei.

Enquanto não forem feitas as devidas adequações, Rose fica obrigada a exibir as últimas mídias entregues à Justiça Eleitoral antes da mídia contendo as falas dos prefeitos.

> Entrevista: a ascensão dos evangélicos na disputa eleitoral no Brasil e no ES 

Jack and Rose juntos! Mas não é Titanic!

Por falar nas suplentes de Rose, em mais uma demonstração de proximidade com o PT nesta eleição, a senadora não compareceu, no último sábado (3), ao ato de lançamento da campanha da presidente estadual do partido de Lula, Jackeline Rocha… mas mandou sua 1ª suplente, Solange Lube (MDB), para representá-la no evento.

Com o nome de urna Jack Rocha, a dirigente petista é candidata a deputada federal. No dia 20 de agosto, durante o ato de lançamento de João Coser (PT) a deputado estadual, Rose não só se fez presente como declarou voto no ex-prefeito de Vitória para a Assembleia Legislativa. E a própria Jackeline afirmou, no dia 4 de agosto, que Rose apoia Lula para presidente (o que a própria senadora nunca confirmou publicamente).

Rose com Lula

Com um Lula, pelo menos, Rose com certeza está. O músico e compositor de mesmo nome, um antigo colaborador da senadora desde os anos 1990, é quem assina o jingle usado por Rose nesta campanha. Ele inclusive apareceu cantando, tocando violão e abraçando a emedebista na estreia dela no rádio e na TV, em 26 de agosto.

Rose responde a Erick

Ainda tratando da campanha de Rose no horário eleitoral, no mesmo “programa da discórdia”, antes da aparição dos prefeitos, a senadora de certo modo deu uma “resposta” a seu adversário Erick Musso. Em um de seus primeiros programas eleitorais, o presidente da Assembleia afirmou que muita gente se pergunta para que serve o Senado e o que faz um senador da República.

Rose respondeu: “Algumas pessoas perguntam, no horário político, para que serve o Senado. Eu vou dizer para que serve o Senado”. Sua resposta enfatiza a representação dos interesses do Espírito Santo em paridade com as bancadas dos demais estados e, claro (como não poderia faltar), o aporte de investimentos federais para os municípios capixabas, para devolver os impostos pagos à União.

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A campanha de Erick

Por sua vez, com um tempo respeitável de TV e rádio (garantido pelo União Brasil e pelo Republicanos), Erick tem procurado fazer uma campanha propositiva, assumindo alguns compromissos específicos por área temática. Nesta segunda (5), por exemplo, acenou para “o produtor rural e o empresário capixaba”, dizendo que vai “visitar e criar oportunidades em todas as embaixadas”.

À noite, entrou na pauta da segurança pública, prometendo trabalhar no Senado para atualizar o Código Penal e o Código de Processo Penal (promessas de campanha de Fabiano Contarato em sua eleição ao Senado, pela Rede, em 2018).

Na corrida pelo Senado, Erick corre por fora contra os favoritos iniciais, Rose e Magno Malta. Aliás, está procurando correr entre eles pela raia do centro, ou da centro-direita, buscando se firmar como terceira via para quem não se anima a votar em nenhum dos dois veteranos. No mesmo sentido, a campanha de Erick tem apostado no discurso de juventude (ele tem 35 anos) e de renovação política, com frases como “É hora de colocar um jovem no Senado”.

Senado ainda fora do radar

Na pesquisa Ipec/Rede Gazeta de 2 de setembro, Rose e Magno lideram, empatados, com 27% das intenções estimuladas cada um. Erick está em terceiro, com 5%. Mas a maior parte dos eleitores ainda nem atentou de verdade para a disputa pela vaga no Senado (a qual sempre fica ali, ofuscada, em meio às eleições para os cargos majoritários do Poder Executivo).

Na consulta espontânea, só 14% dos respondentes indicaram algum candidato. Três em cada quatro entrevistados (75%) não souberam ou preferiram nem responder.

> Manato tenta barrar candidatura da Tenente Andresa a vice de Audifax

Aceno a bolsonaristas

Nesta terça-feira (6), Erick postou o seguinte tweet:

“Um único magistrado não pode derrubar decisões construídas, democraticamente, por vários poderes. Isso é uma aberração contra os valores republicanos. Vou trabalhar no Senado para aprovar projeto de lei proibindo que decisões de um ministro do STF suste efeitos de lei. Vamos dar um basta à arrogância e respeitar as decisões construídas pelos verdadeiros representantes do povo.”

A motivação da tuitada foi a canetada do ministro Luís Roberto Barroso, divulgada no domingo (4), que suspendeu os efeitos da lei que cria o piso salarial da enfermagem no país inteiro.

O alcance da mensagem de Erick é amplo, mas não deixa de ser um aceno para eleitores bolsonaristas mais extremados (que tendem a ir com Magno) ou da direita mais moderada, pois, neste momento, o excesso de decisões monocráticas de togados do STF incomoda particularmente a esses segmentos. Sem falar que Barroso foi eleito por bolsonaristas como um dos seus maiores inimigos, ao lado dos ministros Moraes e Fachin.

O ufanismo de Magno

Falando em Magno e em tretas com o STF, o ex-senador usou sua propaganda de rádio e TV nesta segunda (5) para convocar os eleitores, em tom ufanista, a participar de atos públicos com viés eleitoral pró-Bolsonaro neste 7 de setembro.

Até que enfim!

Aliás, nesta campanha, aquela histórica camiseta preta com o dizer “Todos contra a Pedofilia”, que já andava sozinha, foi trocada por Magno por outro “uniforme”: uma camiseta verde com o slogan “Tem que ter Coragem”.

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Apoio evangélico

O presidente do Conselho Político da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), pastor Ronaldo Fonseca, de Brasília, declarou apoio a Magno e pediu ao “povo do Espírito Santo” que o reconduza ao Senado Federal. Chamando o aliado de “guerreiro”, o pastor lembrou que, quando foi deputado federal, ele e Magno enfrentaram juntos “as pautas contra a família, contra os valores cristãos”.

Oração entre adversários

A propósito da busca por apoio, ou pelo menos simpatia, do público evangélico – uma regra nesta eleição –, Renato Casagrande e Audifax Barcelos (Rede) participaram juntos do mesmo culto, na noite do último domingo (4), na Primeira Igreja Batista de Vitória, no Centro da Capital. Audifax é frequentador da igreja desde os anos 1980.

O pastor que ministrava o culto chamou ao altar os dois e o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), adversário de Casagrande. Separados pela política e pela campanha, os três oraram juntos no altar.

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: vitor.vogas@es360.com.br

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