Coluna Vitor Vogas
Ex-reitor da Ufes ganha força para ser o candidato do PT ao Senado
Ao receber o apoio das correntes de Coser, Perly Cipriano e Jackeline Rocha, Reinaldo Centoducatte constituiu maioria na disputa interna com Célia Tavares

Reinaldo Centoducatte (o terceiro da direita para a esquerda) recebe o apoio de três correntes do PT. Foto: Reprodução/Instagram
Quarenta anos depois da sua única candidatura a mandato eletivo (em 1982, a deputado federal, pelo PT), o ex-reitor da Ufes Reinaldo Centoducatte está firme na resolução de se lançar candidato ao Senado em agosto, pelo mesmo partido. E não está só nesse projeto. A pré-candidatura de Reinaldo ganhou muita força nesta semana, com a decisão de três correntes internas do PT de se unirem no apoio ao ex-reitor, incluindo as duas correntes majoritárias, que comandam há muitos anos a Executiva Estadual da agremiação: a Construindo um Novo Brasil (CNB), da atual presidente, Jackeline Rocha, e a Alternativa Socialista (AS), do atual vice-presidente, João Coser.
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Além dessas, a CNB-Depar, de Perly Cipriano, também aderiu à pré-candidatura de Reinaldo. Trata-se de um movimento decisivo, pois, na prática, isso garante ao ex-reitor a maioria dos votos dos delegados se a escolha do candidato do PT na eleição ao Senado for feita por votação em um encontro estadual ou até na convenção partidária que antecederá o período de campanha.
Hoje, dos seis pré-candidatos ao Senado que o PT chegou a somar nesse processo, a escolha está praticamente afunilada entre Reinaldo e a ex-secretária de Educação de Cariacica Célia Tavares, que conta com o apoio da corrente da deputada Iriny Lopes (Articulação de Esquerda) e do grupo do deputado Helder Salomão (Resistência). Mas o favoritismo matemático a a ser do ex-reitor da Ufes, engenheiro e físico por formação e especialização.
É só fazer uma conta básica. No último congresso estadual do PT, para eleição da direção estadual, a CNB de Jackeline e a AS de Coser uniram forças e ganharam a presidência estadual com margem mínima de votos. Na prática, o partido ficou dividido meio a meio. Do outro lado, ficaram a Articulação de Esquerda (Iriny), a Resistência (Helder), a CNB-Depar (Perly) e uma corrente chamada Democracia Socialista. Juntas, essas quatro tendências constituíram a outra metade dos delegados.
Mas agora, com a inflexão da CNB-Depar de Perly em prol de Reinaldo, juntando-se à CNB e à AS, o pêndulo se desloca ligeiramente (mas o suficiente) na direção do ex-reitor. Em eventual votação para definição dos candidatos, o número de delegados representantes de cada corrente respeitará a mesma proporção do último congresso estadual. Assim, Reinaldo já garantiu a maioria dos votos internos, ando virtualmente a ser o favorito para o posto de candidato a senador, como confirma Perly Cipriano:
“O candidato ao Senado do PT será definido no próximo congresso ou encontro estadual, em que será mantida a proporcionalidade da divisão dos delegados estabelecida no último congresso estadual. O Reinaldo a a ser o favorito, isso é verdade. Porque, com essa soma, tem maioria de delegados para elegê-lo. Mas é a instância partidária que vai decidir.”
O próprio Reinaldo Centoducatte evita falar em favoritismo e manifesta respeito à pré-candidatura de Célia. Mas, defendendo a sua postulação, argumenta que pode ampliar o espectro de votação do PT na disputa ao Senado, até por não ter histórico de participação em disputas eleitorais (afora aquelas referentes a cargos de direção universitária):
“Estamos ainda numa fase de conversas e de negociação. A Célia é candidata com toda a legitimidade. Tem história de luta e de construção no PT. Já disputou o Senado [em 2018] e a Prefeitura de Cariacica [em 2020]. Eu a respeito muito. Estou me colocando como alternativa, uma alternativa diferente. O PT tem que analisar se é uma alternativa melhor ou não. Mas tenho ouvido de muitas pessoas que sou uma alternativa que pode ampliar o espectro de disputa político-eleitoral do PT, porque eu teria a possibilidade de entrar em outras áreas que não são aquelas de polarização e de disputa histórica em que o PT já está.”
Ao declarar apoio a Reinaldo, a Alternativa Socialista, de Coser, retirou os seus até então dois pré-candidatos ao Senado: o ex-deputado estadual Genivaldo Lievore e o presidente do Conselho Municipal de Política Cultural de Vitória, Valdir Castiglioni Filho. Em câmbio, a AS manifestou o desejo de ocupar uma suplência de Reinaldo e o compromisso de participar ativamente do futuro mandato do professor e pesquisador, em caso de vitória nas urnas.
Além de Célia e Reinaldo, restam na disputa interna o vereador de Cariacica André Lopes – que confirmou à coluna a pretensão – e o empresário Alexandre Ambrosio, citado por Jackeline Rocha em entrevista a este espaço. Os dois últimos, contudo, não possuem chances reais.
Se Célia não conseguir viabilizar a candidatura ao Senado, a tendência é que ela seja candidata a deputada estadual na chapa da federação do PT com o PV e com o PCdoB.
Bom lembrar que o candidato do PT ao Senado, seja quem for (e se realmente houver), será tecnicamente o candidato da federação PT/PV/PCdoB no Espírito Santo.
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