ES360
João Coser: “O PT está anestesiado, paralisado no Espírito Santo”
Candidato à presidência estadual do PT, deputado critica a condução da atual presidente, Jack Rocha, sua adversária na eleição interna. Também fala dos planos para o PT-ES nas eleições 2026 e faz uma promessa, se eleito

Iriny Lopes e João Coser, aliançados, concedem entrevista na sede do PT-ES. Foto: assessoria
Candidato à presidência estadual do PT, o deputado estadual João Coser (PT) recebeu a coluna na sede do Diretório Estadual do partido, o Centro de Vitória, na tarde de terça-feira (3). Na entrevista, que você lê na íntegra abaixo, o ex-prefeito de Vitória critica o modelo de direção da atual presidente, Jack Rocha, sua adversária na eleição interna, marcada para 6 de julho – no chamado Processo de Eleição Direta (PED).
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“Não tem partido funcionando. […] Eles conseguiram, infelizmente, paralisar o PT. O PT está anestesiado. Não tem vida”, afirma Coser.
“Há mais de um ano o PT não se posiciona sobre nada. Então, estamos quase um partido cartorial. Em período de eleição a gente existe. Esse partido não nos interessa.”
“Em vez de se comportar como presidente de partido, ela se comportou como uma liderança de tendência interna”, dispara. Ele também fala dos planos para o PT-ES nas eleições 2026 e faz uma promessa para se registrar, se eleito for.
A entrevista foi dada ao lado da também deputada estadual Iriny Lopes, com quem Coser fez uma aliança para derrotar Jack Rocha nessa eleição interna. Se a chapa deles ganhar, o deputado ará a presidência para Iriny na metade do mandato, de quatro anos. Ela fez algumas intervenções, também registradas na entrevista.
> Entrevista – Jack Rocha: “Sou a candidata do Lula”
Por que o senhor é candidato à presidência do Partido dos Trabalhadores no Espírito Santo?
Coser: Eu fui eleito presidente em 2017 e depois elegemos a presidente Jackeline e, na nossa avaliação, ela não conseguiu dar o dinamismo e cumprir o que nós tínhamos como desejo de funcionamento do partido, em função de uma gestão política da corrente dela. Então nós unificamos, começamos a conversar internamente com todos os agrupamentos e conseguimos construir quase uma unanimidade. Então, conseguimos o apoio do senador Contarato, do Helder Salomão, da Iriny, do Perly Cipriano, do Roberto Carlos, fazendo uma grande mobilização, envolvendo não só as lideranças, mas os movimentos sociais, como MST e sindicatos, movimentos mais ligados também à igreja, e acabamos construindo uma grande massa, que construiu uma chapa. Nessa chapa, o meu nome figura como presidente, mas nós inovamos também com um compartilhamento do mandato. Eu fico dois anos, depois renuncio, e a Iriny entra por mais dois anos.
O foco não é nem a presidência do PT, mas um novo modelo do partido funcionando. A nossa presidente atual não conseguiu, o modelo de gestão dela inviabilizou muita coisa do PT. Decisões equivocadas da tendência dela [a Construindo um Novo Brasil – CNB] levaram o partido a ter muita dificuldade. A primeira: lutar para que o PT não tivesse candidatura de prefeito na eleição ada, em 2024. Eles não tiveram, o grupo dela, nenhuma candidatura de prefeito. Então, nós tivemos 14 candidatos a prefeito no Espírito Santo. Nenhum da CNB. Tivemos candidatos aqui, entre nós e o campo Pra Voltar a Sonhar. Mas tivemos um desempenho muito limitado, porque só elegemos 13 vereadores nos 78 municípios do Espírito Santo. O partido está sem vida e desmobilizado.
Só para entender, quando o senhor fala na decisão da corrente dela, Jack Rocha, a CNB, de não lançar candidatos a prefeito…
Coser: Eles não lançaram nenhuma candidatura. Eram contra lançar. Inclusive, eles eram contra as candidaturas em Cariacica, na Serra, em Vila Velha e em Viana.
A CNB não queria que o senhor, por exemplo, tivesse sido candidato em Vitória?
Coser: A única exceção foi Vitória. Fora Vitória, eles não queriam nenhuma…
Então, se dependesse só da corrente da presidente Jack Rocha, o PT só teria tido candidato próprio a prefeito de Vitória, no caso a candidatura do senhor, mas não teria tido nos demais municípios?
Coser: Sim. Em vez de se comportar como presidente de partido, ela se comportou como uma liderança de tendência interna. Então, ela não foi nos apoiar em mais da metade das nossas atividades, não foi nas campanhas de interior, nem na Grande Vitória. Em algumas, inclusive, o pessoal dela fez campanha contra os nossos. O Ranieri, que é filho do presidente do PT em Vitória, andava direto com o deputado Denninho Silva [aliado de Lorenzo Pazolini]. Ele ficou como suplente do PT na Câmara de Vitória. Em alguns momentos, esteve até em foto com o Pazolini, no caso de Vitória, que era o mais emblemático. Em Cariacica, gente do PT pediu voto contra a Célia Tavares. Na Serra, a vereadora que ela filiou, Elcimara Loureiro, era mais ligada ao Vidigal e ficou com o Weverson. Em Viana, nós tivemos uma federação. O candidato [Fabrício Machado] foi da federação. Eles desistiram da candidatura. Queriam fazer uma campanha direta com o prefeito [Wanderson Bueno]. A federação manteve a candidatura. Eles também não se envolveram na campanha.
O que o senhor está me dizendo, então, deputado, em outras palavras, é que a atual presidente e a corrente dela, a CNB, ou “boicotaram” ou não se engajaram suficientemente nas campanhas dos candidatos?
Coser: Não se engajaram em nenhuma delas. Nem boicotaram. Eles tentaram fazer uma outra política de alianças. Tentaram fazer uma política com os prefeitos. Com o Euclério, com o Wanderson, com o Arnaldinho, com o Vidigal.
Por que isso?
Coser: Foi uma opção da corrente. Foi uma decisão deles: não ter candidatura. Eles tinham como meta eleger vereadores. Também não elegeram.
E a sua campanha em Vitória teve o apoio da CNB?
Coser: Apoio? Muito singelo. Não como nas eleições adas, por exemplo. A campanha de Vitória sempre foi conduzida pela direção estadual. Dessa vez, ela não conduziu a eleição. Não chamava reuniões, não conduziu a eleição. Ela não cumpriu esse papel. Nem na campanha de Vitória. Simbolicamente, ela ava nos nossos eventos muito, muito rapidamente. Nem na nossa campanha contribuíram.
No início da sua primeira resposta, o senhor também falou em falta de dinamismo da parte da atual gestão. O que o senhor está chamando de falta de dinamismo?
Coser: Ela paralisou o PT. O PT não tem mais reunião em nosso Diretório. Não consigo lembrar há quanto tempo não tem isso presencialmente. Só teve uma com a presença de gente da direção nacional no período de campanha. As secretarias não se reúnem, as setoriais não se reúnem. A Executiva, muito limitadamente, se reúne. Então, não tem partido funcionando. E como as presidências municipais na Grande Vitória também são da CNB, o partido também não funciona na Grande Vitória. Eles conseguiram, infelizmente, paralisar o PT. O PT está anestesiado. Não tem vida.
E o que o senhor fará de diferente da atual gestão, se for eleito?
Coser: O nosso objetivo é exatamente dar esse dinamismo, envolver as pessoas, voltar a ter desejo. O petista gosta de participar. Então, nós estamos propondo como meta reuniões da Executiva com dias formais, o mesmo nos diretórios, botar as setoriais para funcionar: juventude, mulheres, antirracismo, LGBT, todos. E fazer uma presença grande no interior. Porque é um abandono total do interior. Eles se sentem abandonados. A presença dela não existe. Não existem reuniões. Os dirigentes estaduais não se conhecem. Tem presidente de partido que nunca conseguiu falar com ela. Então, mudar isso. Qual a nossa intenção? Primeiro, fazer uma grande reunião com o diretório eleito, com os mandatários, com os presidentes municipais. Fazer um grande debate de um ou dois dias, para tentar entender o cenário. E começar a fazer coisas que motivem a militância. Depois nós vamos fazer outros debates. Formação política também não tem sido feita mais. O petista precisa disso. Você vem e se filia ao PT. Hoje se faz pela internet. Você me pergunta: “Onde eu vou participar?”. Eu não tenho como te falar. Porque não tem nenhuma instância funcionando. Não tem nada funcionando.
Como o senhor explica a decisão do senhor e da sua corrente, Alternativa Socialista, de romper a aliança firmada com a CNB de Jack Rocha no último PED em 2019? É por conta dessa insatisfação?
Coser: Eu posso detalhar. No PED de 2017, num modelo congressual, nós recebemos o apoio deles. Nós tínhamos a nossa chapa, tínhamos os nossos delegados. No congresso a gente juntava. E eu fui eleito com o apoio deles. Depois, no PED de 2019, nós nos juntamos de novo e ela foi eleita. Foi prorrogado o mandato dela. Então nós achávamos que ela viria para o processo do PT, de coração aberto, construir com a gente uma nova sucessão, como qualquer um. Ela não quis. Então eu consegui conversar com todo mundo, a Iriny conseguiu conversar com todo mundo. Mas, infelizmente, ela insiste em ficar 10 anos na presidência do PT. Não tem precedente. Vitor Buaiz ficou dois anos, Cláudio Vereza ficou dois anos, Perly ficou dois anos, eu fiquei mais um pouco, por quatro anos.
Iriny: Eu fiquei seis, igual a ela, mas em períodos alternados.
Coser: Mas dez anos corridos não existe. Mas o mais importante, o determinante, não foi isso. O determinante foi a forma como ela fez a gestão do PT. Parou de funcionar o partido. Parou de dar dinamismo ao partido. Parou de formar, parou de qualificar. E esse modelo não inclui ninguém. Não inclui o jovem, não inclui a mulher, não inclui o negro, porque não tem vida partidária. Não tem formulação, não tem protagonismo. O PT não tem opinião sobre nada aqui no Estado. Há mais de um ano o PT não se posiciona sobre nada. Então, estamos quase um partido cartorial. Então, em período de eleição a gente existe. Esse partido não nos interessa. Para as tarefas que nós temos pela frente, de reeleição do Lula, reeleição do Contarato, nosso mandato, é preciso um partido forte, organizado e mobilizado. Nós estamos totalmente sem mobilização.
Afinal, havia mesmo um acordo selado entre os dois grupos, a sua corrente, Alternativa Socialista (AS), e a da Jackeline, a CNB, de alternância na presidência estadual e, mais objetivamente, que ela e o grupo dela viessem a apoiá-lo ou a outro candidato, agora, nessa sucessão? Foi feito esse acordo lá no PED de 2019 como uma condição para que a AS apoiasse a CNB e a candidatura dela?
Coser: Sim, foi feito. Você imagina, naturalmente, eu sou candidato, você me apoia, depois eu te apoio… depois você fica seis anos, você quer ficar dez anos… Não tem acordo de um ficar quatro e o outro ficar dez. Então, a tal da “pula-pula” [alternância] seria natural se não tivesse sido combinado. Mas foi combinado.
Ela nega isso…
Coser: Não foi combinado com ela, porque ela não era dirigente ainda. Há dez anos, não tinha Jackeline. Era com os coordenadores da CNB, o Nunes e o Jackson. Então, tinha isso combinado não com a Jackeline. Ela existe há, talvez, seis ou oito anos. Foi pelas nossas mãos aqui que ela virou candidata a governadora [em 2018], foi pelas nossas mãos aqui que ela virou candidata a vice-prefeita [em 2020] e a deputada [em 2022]. Naquele tempo, a Jackeline não tinha liderança política. Ela veio a partir da nossa própria mobilização. É um fruto novo nessa mobilização. O nosso movimento aqui não é contra a Jackeline. O nosso movimento aqui é em defesa do PT: resgatar a vida do PT, o funcionamento do PT e atrair pessoas que estão saindo do PT ou não vieram para o PT porque não tem partido vivo. Por exemplo, nós temos companheiros que foram vereadores nossos e saíram do PT para ir para outro partido, porque não tinha chapa. Temos seis ou sete que são petistas, com mandato de vereador, e estão doidos para a gente organizar um diretório para voltar ao partido.
O senhor e companheiros seus têm reiterado exatamente o argumento da “dinastia”, da perpetuação no poder, de que, se reeleita, ela ficará por cerca de dez anos na presidência estadual. No entanto, o senhor, não de maneira continuada, mas fragmentada, na somatória das agens pela presidência, também não pode totalizar esse tempo e também não seria uma antirrenovação, nesse sentido?
Coser: Uma renovação não pode ser troca só de nome. Tem que ser a troca do modelo de gestão. Eu não estou disputando a presidência para ficar presidente, tanto que eu vou abrir mão do meu mandato logo. Se eu me eleger deputado federal, na posse eu já saio e deixo a Iriny. Se não, eu vou fazer isso em julho de 2027. Já estamos combinados. Eu não quero ficar presidindo o PT. Meu tempo está determinado para dois anos.
Isso no início de 2017, então?
Coser: O que acontece? Um dos problemas dela é que ela não consegue dar atenção ao PT e aos diretórios. Ela está em Brasília fazendo o mandato, que é um bom mandato. Ela não consegue. Eu não quero ser deputado federal e presidente.
Então, se o senhor se eleger federal, assim que tomar posse em fevereiro de 2027, o senhor já a a presidência para a Iriny?
Coser: Sim, porque nós constatamos que o deputado federal não consegue dirigir o PT. Tem muitas tarefas nacionais e não tem tempo. As pessoas do interior vêm para cá, de segunda a quinta, e ela nunca está aqui. Eu também não estarei. Então, não tem sentido. Ficaria contraditório eu fazer uma coisa que eu acho que não serve para ela e que também não servirá para mim. Um deputado estadual está na Assembleia. Qualquer companheiro vem aqui, bate lá na porta da Iriny ou do João e é recebido. Então, nós vamos fazer um movimento para que não fique nas mãos de um deputado federal neste momento a presidência do PT, porque ele não consegue dar atenção. Ele prioriza a nacional.
“A Jackeline fez uma opção de não funcionar o PT, e o partido se paralisou. Então, a nossa movimentação não é pelo cargo de presidente, mas pelo sofrimento que a gente está sentindo no PT.”
Iriny: Eu quero falar um pouquinho sobre isso, até porque João e eu estivemos em lados opostos nos dois últimos PEDs. Então, o que nos faz, neste momento, fazer essa aliança e com uma expectativa muito positiva nessa aliança? Não é o problema do número de anos, como você perguntou. É a mudança da política. Nós temos diferenças. Vamos começar aqui pelas chapas nacionais. O João tem uma chapa nacional, um candidato a presidente nacional, que é da CNB. O presidente dele é o Edinho Silva. Na eleição nacional, a minha chapa é “Em tempos de guerra, a esperança é vermelha”, e meu candidato a presidente é o Valter Pomar. Outros companheiros que formam a nossa chapa aqui, como o Helder, têm outro candidato à presidência nacional. Isso demonstra que nós somos capazes de conviver com as nossas diferenças. O que nos levou a fazer essa aliança é a possibilidade concreta de mudar a realidade atual do PT no Espírito Santo. Se você andar nos diretórios municipais e conversar com os dirigentes municipais, eles vão falar muito mais abertamente do que nós, porque nós precisamos ter nossas cautelas, porque não queremos ferir ninguém, não queremos agredir ninguém, não é essa a nossa intenção. Eles vão falar do que é esse abandono, do que é falta de estratégia e de tática. Você já viu um partido sem estratégia e tática? Onde você consegue construir estratégia e tática? Em uma reunião.
Coser: O PT perdeu o protagonismo no Estado. Nós vamos voltar a conversar, primeiro, com os partidos do nosso campo: o PSB, o PDT, o PSol… Nós temos que voltar a fazer isso. O PT não faz isso mais. Nós temos que voltar a conversar com Brasília, para ver o que a direção nacional espera do Espírito Santo. O nosso objetivo central é a eleição do Lula. Depois, aqui no Estado, é eleição do Contarato. Para deputados federais e estaduais, nós vamos ter chapa. Mas, para o Governo do Estado, nós ainda vamos refletir. Então esse processo a gente vai dar com orientação da nacional, porque é sempre a nacional que nos orienta sobre o que fazer no Estado.
A deputada Jack Rocha alega ser a candidata do Lula. Isso procede?
Coser: O Lula nunca se envolveu em eleição inteira. Tem quase 10 mil chapas pelo Brasil. O Lula é nosso candidato à Presidência, o candidato do PT inteiro. Ele torce pelo PT forte, mobilizado. Então, não tem condições. Você acha que o Lula ia fazer uma opção aqui no Espírito Santo, escolher uma chapa sem conversar com ninguém, contra o Contarato, contra o Helder, contra o Iriny, contra o João, e decidir o apoio a uma pessoa? Nós não temos nenhum precedente. Não me parece razoável essa afirmação. Mesma coisa o Edinho. O Edinho não é o candidato só dela. O Edinho é o nosso candidato. Na eleição nacional, estamos na mesma chapa que a Jackeline. A Karla Coser está na mesma chapa que ela. Então o Edinho é o nosso candidato. Não é o de Iriny, mas é o nosso candidato.
Se o senhor for eleito presidente estadual do partido no próximo PED, no dia 6 de julho, quais serão as prioridades do PT no Espírito Santo para as eleições de 2026?
Coser: Nós temos um procedimento. A Executiva se reúne e faz um primeiro debate, depois convoca o Diretório para um profundo debate. Eu estou propondo fazer com a presença dos presidentes municipais e os parlamentares, e a Iriny já concorda, como tem tanto tempo que ninguém discute nada, para a gente começar a discutir com um pouco mais de profundidade e até gerar essa oportunidade para compreender o que eles têm como expectativa. Para o Senado, nós já temos confirmado entre a gente que é o Contarato. E o Lula também. Para parlamentar, no PT, cada um se coloca de acordo com a sua avaliação e com a sua necessidade. Eu sou pré-candidato a deputado federal, a Iriny a estadual, Helder a federal. Mas nós vamos conversar sobre a questão de Governo do Estado.
E o que o senhor defende em relação à eleição para governador?
Coser: Primeiro, o que nós vamos fazer? Tendo esse acúmulo, nós vamos lá conversar com eles, Governo Federal e direção nacional do partido, se eles avaliam que é importante ter uma candidatura forte aqui no Estado. Se avaliarem que sim, o candidato é o Helder. Aí vem com o quê? Com apoio do partido, estrutura e apoio político. Se tiver essas condições dadas, nós teremos candidato ao governo, o Helder Salomão, que hoje é candidato a deputado federal. Se não tiver essas condições, nós vamos refletir um pouco mais à frente como é que a gente se comporta. Nós já teremos uma candidatura majoritária, ao Senado, então já temos o Lula e o Contarato para fazer a nossa campanha.
E o senhor, a princípio, defende que o Partido dos Trabalhadores tenha candidatura própria ao Governo do Estado?
Coser: Eu defendo, a Iriny defende, todos nós gostaríamos de votar no 13. Mas nós temos dimensão da importância dessa decisão, ela tem que ser partidária, não pode ser pessoal. Não depende do meu desejo. Ela depende também do Lula, depende da direção nacional. Nós só teremos candidatura própria se ela contribuir com o projeto nacional. As prioridades do PT são: presidente da República, senador, deputado federal, e depois é que vem para o Governo do Estado. A hierarquia é os três de Brasília, então a prioridade sempre está focada no que for importante para o partido.
O senhor acha possível e até viável a reedição no Espírito Santo da aliança com o PSB, do governador Casagrande, e portanto a renovação dessa coligação que uniu vocês aqui em 2022? Ou isso vai depender de quem for o candidato do Palácio Anchieta?
Coser: Vai depender de muita coisa. Primeiro, o Casagrande, nós temos uma relação com ele, uma aliança. Nós vamos caminhar com o PSB provavelmente a nível nacional, na chapa presidencial. O Renato tem, naturalmente, grandes chances de ser o nosso candidato ao Senado, porque nós precisamos de senadores eleitos qualificados, que não vão para lá votar contra o Lula, se o Lula ganhar eleição. Então isso não está construído, mas tem uma formação “Contarato mais um”, e esse “mais um” hoje se afunila mais para o Renato, apesar de isso não estar consolidado pela direção, vai ser fruto de debates depois. Agora, o “a partir daí” ainda não está dado, porque a gente não sabe como é que o Renato vai realmente se comportar. Nós vamos analisar as candidaturas a governador. Tem candidaturas que são mais difíceis, tem outras que a gente consegue dialogar. Mas isso tudo eu só posso falar mais à frente quando eu tiver um aval da direção, senão eu começo a fazer uma política pessoal.
Mas, pensando em Senado, vocês gostariam de estar com o PSB numa coligação majoritária, tendo Casagrande e Contarato como os candidatos ao Senado?
Coser: Sim. Isso facilita para o PT. Estaríamos na mesma chapa, no palanque do Lula. Ajuda muito.
Pela legislação eleitoral, o candidato governador vem nessa mesma chapa… Quer dizer, se PT e PSB estiverem na mesma coligação para senador, terão de apoiar o mesmo candidato a governador…
Iriny: Mas sobre isso nós não temos o acúmulo necessário. A gente estaria colocando o carro na frente dos bois…
Mas com o Ricardo Ferraço (MDB) é possível? Se for ele o candidato a governador apoiado por Casagrande e pelo PSB?
Coser: Nós vamos conversar com o governador, pois a nossa aliança não é com o governo. O governo tem gente do PP e de outros partidos que não são do nosso campo. Vamos conversar com o governador, com quem temos mais liberdade, com o PSB nós temos mais estrada junto. Os outros têm que conversar, começar do zero. Não posso dizer se tem viabilidade ou não. Tem que ter no mínimo uma sintonia e respeito ao presidente Lula, senão não tem como…
Iriny: Nossa prioridade é Lula.
