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Em plena crise da pandemia, deputados recebem antecipação de Natal
Possivelmente por conta dos ataques sofridos pelos bolsonaristas, há uma certa preservação do Legislativo e do Judiciário. As falhas, erros e abusos cometidos por integrantes dos dois poderes é apontada, mas a intensidade da crítica é menor quando comparada a outros tempos. O caso recente, mais flagrante, é o dos gastos desses dois poderes. Enquanto grande parte da população sofre as consequências econômicas, a crise a longe de deputados estaduais, federais, senadores, desembargadores, ministros de tribunais superiores e por aí afora…
Os deputados federais e senadores estão, digamos, um pouco menos tristes com a pandemia neste mês de julho. Porque, apesar dela, seus recebimentos de dezembro foram antecipados, como acontece todos os anos. Explicando melhor: trata-se da chamada remuneração natalina, antecipada para os parlamentares na metade do ano. Por conta disso, seus vencimentos em junho, recebidos em julho, chegaram a R$ 50 mil.
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Só para lembrar, conforme informação divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo, as verbas de gabinete dos parlamentares foram mantidas. Em termos gerais, são R$ 111 mil fixos mais o chamado cotão, valor variável entre R$ 30 mil e R$ 45 mil. O total gasto com um parlamentar federal neste mês pode chegar a R$ 206 mil. É bom repetir: só neste mês.
Assim como fizeram deputados federais e senadores, os deputados estaduais do Espírito Santo resolveram ignorar solenemente projeto apresentado para redução de seus salários durante a pandemia. A proposta, do deputado Luciano Machado (PV), foi chamada pelos seus colegas de “politiqueira”, “oportunista”, “demagógica”. E engavetada.
Quando chamados pelo governo do estado a oferecer sua “cota de sacrifício” na redução de gastos orçamentários, deputados estaduais e desembargadores apresentaram a modestíssima economia de 6% de redução de despesas. É bom repetir: 6% de redução de gastos próprios num estado com perda de 41% dos valores referentes aos royalties, e pelo menos 20% de receita própria. Num estado com milhares de trabalhadores formais e informais, comerciantes, profissionais liberais, empreendedores cujos rendimentos foram duramente afetados ou simplesmente zebrados.
Mas os parlamentares, os desembargadores, os ministros vivem num mundo paralelo, perfeito, sem vírus, onde o dinheiro brota de fontes inesgotáveis. O papel dos cidadãos nessa história? Fornecer os recursos para a fonte mágica e este mundo perfeito. Triste sina.
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