Coluna Vitor Vogas
(D)ramalhão: fim da novela Ramalho agora está nas mãos da direção nacional do Podemos
Na convenção do partido, na noite desta sexta-feira (29), direção estadual vai delegar ao comando nacional as decisões sobre coligação e candidatura majoritária

Da esquerda para a direita: Marcelo Santos, Gilson Daniel, Alexandre Ramalho, Arnaldinho Borgo e Victor Linhalis: cúpula do Podemos
A novela “Ramalhão” virou mesmo um autêntico “dramalhão” e tão cedo não há de ter um desfecho – a menos que o protagonista, por vontade própria, retire-se de cena (o que não dá sinal algum de que fará). Como uma “boa” novela mexicana, daquelas com duração interminável e uma “barriga” que se arrasta por mais alguns capítulos não previstos inicialmente, o Podemos deve deixar para definir o destino eleitoral do coronel Alexandre Ramalho só depois do fim do prazo para realização das convenções partidárias, que termina na próxima sexta-feira (5).
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Filiado ao Podemos desde março, o ex-secretário estadual de Segurança Pública quer ser candidato a senador, mas não tem apoio integral nem legenda garantida pela direção estadual do próprio partido, presidido no Espírito Santo pelo ex-prefeito de Viana e ex-secretário estadual de Governo e de Planejamento Gilson Daniel.
Na noite desta sexta-feira (29), na Câmara de Vila Velha, o Podemos vai realizar a sua convenção estadual. Havia a expectativa de que o partido pudesse definir na própria convenção se Ramalho será ou não candidato a senador, ou que os envolvidos chegassem a um acordo antes mesmo do evento partidário.
Entretanto, minha apuração aponta que o script escrito para este episódio é o seguinte: ao fim da convenção, a direção estadual do Podemos vai delegar à Executiva Nacional do partido o poder de decidir sobre candidaturas majoritárias e coligações no Espírito Santo, até o fim do prazo para o registro de candidaturas, no dia 15 de agosto.
Ou seja, o Podemos do Espírito Santo vai decidir não decidir, lavar as mãos e transferir para a direção nacional a responsabilidade de manter ou derrubar a pré-candidatura de Ramalho ao Senado, nas próximas duas semanas. Basicamente, ganhará mais tempo.
Em síntese, incluem preocupações de ordem financeira (o partido teria que remanejar para uma onerosa campanha majoritária recursos do Fundo Eleitoral até então previstos para as candidaturas a deputado estadual e federal) e de ordem política (o partido e seus candidatos ficariam isoladões na campanha, visto que, se registrar Ramalho, será forçado a se desligar da coligação de Renato Casagrande ao governo, cumprindo determinação legal).
Por falar em Casagrande…
Em tempo, minha apuração também indica que o próprio governador entrou no circuito para que a direção do Podemos ganhe tempo e mantenha a pré-candidatura de Ramalho viva, em stand-by, em vez de tirá-lo do jogo agora. Por que isso?
Resposta a ser dada nos próximos capítulos. Mas, só para soltar um spoiler, é possível que essa carta na manga ainda seja muito útil ao Palácio Anchieta e que o grupo de Casagrande realmente precise lançar mão delanas próximas duas semanas.
To be continued…
Bate e volta
Na tarde desta sexta-feira (29), consultei a assessoria de imprensa da Executiva Nacional do Podemos e perguntei se a instância máxima do partido no país defende o lançamento de Ramalho ao Senado no Espírito Santo. A resposta, lacônica, foi que eu deveria questionar a Executiva Estadual, “que tem autonomia”.
Mas a Estadual vai abrir mão dessa autonomia e jogar a batata quente para a Nacional.
Constatação
Ramalho figurou por muitos anos, desde a década de 1990, nas páginas policiais dos jornais capixabas. Nos últimos anos, ao assumir cargos como gestor público na área de segurança (em Vila Velha, em Viana e no Estado), migrou para as páginas políticas. Agora (quem diria?), foi parar em folhetins e na “Revista da TV”.
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