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Coluna Vitor Vogas

Dr. Hércules, Neucimar, Erick Musso: os novos aliados de Manato

O apoio de Erick já era esperado, mas Neucimar deu mais um cavalo de pau político, enquanto Hércules não esconde o ressentimento com Casagrande. Messias Donato segue sendo o grande enigma

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Em primeiro plano, da esquerda para a direita: Neucimar Fraga, Manato e Audifax; ao fundo, da esquerda para a direita: Guerino Zanon, Aridelmo e Bruno Lourenço

Em primeiro plano, da esquerda para a direita: Neucimar Fraga, Manato e Audifax; ao fundo, da esquerda para a direita: Guerino Zanon, Aridelmo, Bruno Lourenço e Devacir Rabello. Foto: assessoria de Manato

Nas últimas 24 horas, o ex-deputado federal e candidato a governador Carlos Manato (PL) recebeu novas adesões à sua campanha no 2º turno: agora, também estão no seu palanque o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), o deputado federal Neucimar Fraga (PP) e o deputado estadual Hércules Silveira (Patriota).

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O primeiro já era aguardado, o segundo chama a atenção pela rápida mudança de lado e o terceiro, porque é (ou era) um antigo aliado do governador Renato Casagrande (PSB).

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Candidato ao Senado derrotado no último domingo com 17% dos votos válidos, Erick Musso não apoiou nenhum candidato ao governo no 1º turno, assim como sua coligação. No 2º turno, porém, ele segue a tendência de alinhamento dos principais nomes do Republicanos no Estado com Manato. O deputado federal Amaro Neto, por exemplo, reeleito no último domingo, já havia anunciado apoio ao candidato do PL.

A direção estadual do Republicanos ainda não se pronunciou oficialmente sobre a disputa local. Nacionalmente, porém, o partido está na coligação do presidente Jair Bolsonaro (PL), cujo candidato no Espírito Santo é Manato. Além disso, na política local, PL e Republicanos são partidos muito próximos nos últimos anos.

Neucimar: de um palanque para o outro

No caso de Neucimar Fraga, a subida no palanque de Manato não é tão natural assim. Ao contrário, desperta atenção justamente porque, até a votação do último domingo, o deputado federal era aliado de Renato Casagrande. Seu partido, o PP, não só faz parte da coligação de Casagrande como reafirmou o apoio oficial da sigla ao governador no 2º turno.

Esse pode ser considerado mais um dos cavalos de pau que pontuam a trajetória política de Neucimar. Fazendo o recorte só da última década, após perder a reeleição na Prefeitura de Vila Velha em 2012, ele foi candidato ao Senado na chapa de Casagrande em 2014, sem sucesso nas urnas.

No último governo Paulo Hartung (2015-2018), já no PSD, Neucimar reaproximou-se do adversário de Casagrande e chegou a comandar uma subsecretaria ligada à pasta do Desenvolvimento. Como presidente estadual do PSD, no último dia para fechamento das chapas em 2018, ele transferiu o partido da coligação de Rose de Freitas (então no Podemos) para a de Casagrande e apoiou a volta do socialista ao Palácio Anchieta.

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Até março deste ano, Neucimar ainda era presidente estadual do PSD. Assistindo à desintegração do partido no Estado, pulou fora do barco a tempo de escapar do naufrágio e filiou-se ao PP, para participar de uma chapa que ele julgava capaz de fazer de três a quatro deputados federais.

Durante os meses que antecederam a campanha, Neucimar foi muito prestigiado pelo Palácio Anchieta: foi visto ao lado do governador em várias solenidades oficiais (como s de ordem de serviço), realizadas em diversos municípios.

No último domingo, com pouco menos de 40 mil votos, Neucimar não conseguiu se reeleger. Essa é o sexto infortúnio seguido que ele sofre nas urnas: 2012 (prefeito de Vila Velha), 2014 (senador), 2016 (prefeito de Vila Velha), 2018 (deputado federal), 2020 (prefeito de Vila Velha) e 2022 (deputado federal). Em 2021, ele voltou à Câmara como suplente de Sérgio Vidigal (PDT), eleito prefeito da Serra no ano anterior.

Agora, Neucimar volta a trocar de barco, pulando do palanque de Casagrande para o de Manato.

Também pode ter pesado em sua decisão a ajuda dada por Casagrande a um concorrente direto de Neucimar em Vila Velha: o vice-prefeito da cidade, Victor Linhalis (Podemos), eleito no último domingo.

Linhalis foi o candidato a deputado federal do prefeito Arnaldinho Borgo (Podemos), contou com a máquina municipal a seu favor e, literalmente, com a presença de Casagrande em seu palanque erguido no bairro Parque das Gaivotas.

Neucimar é apoiador do presidente Bolsonaro.

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Hércules Silveira: ressentimento

Hércules Silveira foi candidato a deputado estadual pelo Patriota e, após quatro mandatos seguidos na Assembleia, não conseguiu se reeleger, apesar de ter ficado entre os 30 mais votados nominalmente. A chapa do Patriota não o ajudou.

Instado pela coluna a explicar seu apoio agora a Manato, Hércules não disfarça uma nota de ressentimento com Casagrande, de quem foi aliado na Assembleia durante o atual e o primeiro governo (2011-2014):

“No 1º turno, apoiei Guerino Zanon. Depois de domingo, o governo não teve nenhuma atenção comigo. Eu perdi a eleição e ninguém falou nada comigo nem me procurou. E o Manato fez isso comigo, me procurou logo depois da eleição, e estou no palanque dele. Ajudei o Casagrande durante sete anos, como presidente da Comissão de Saúde da Assembleia. Se eu fosse importante para eles, teriam me procurado.”

O poço de mágoas de Hércules com Casagrande remonta ao episódio crucial no qual ele começou a perder a reeleição. Até março, o médico e deputado estava no MDB, mas a chapa desse partido se desmantelou e os poucos candidatos competitivos, incluindo Hércules, debandaram em busca da sobrevivência eleitoral.

Hércules bateu à porta de muitos dirigentes partidários, inclusive de siglas aliadas do governo (como o PDT e o próprio PSB). Porém, considerado bom de voto, não encontrou nenhuma aberta. No limite do prazo de filiações de pré-candidatos (2 de abril), ele insistiu com Casagrande, maior líder estadual do PSB, por uma acomodação na chapa do partido, porém o governador não interveio em seu socorro.

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Numa manobra extrema, Hércules chegou a o pedido de filiação ao PSB no site oficial do partido. Mas o presidente estadual da legenda, Alberto Gavini, veio a público dizer que Hércules fizera aquilo por conta própria e que a filiação não seria endossada, porque a chapa do PSB já estava completa. Hércules acabou anunciando filiação ao Patriota, após o encerramento do prazo.

“Com certeza, o governador não fez nenhum esforço para me ajudar. Fiz uma reunião com ele na Residência Oficial no último dia do prazo. Eu já estava com a ficha de filiação ao PSB pronta. Bastava ele dar um murro na mesa. Mas ele não fez isso. Assim como ele colocou deputados no PP e no PDT, ele poderia ter me levado para o PSB. Tentei entrar no PSB pela nacional, mas o Gavini fez um áudio muito desagradável para mim. Por isso fui para o Patriota. E agora estou com Manato.”

Na “sessão da ressaca” na Assembleia na última segunda-feira (3) – a primeira após a apuração dos votos na véspera –, Hércules falou fora dos microfones, logo após discursar da tribuna: “O governador foi um banana!” Deu para ouvir perfeitamente o desabafo.

Para a Presidência, ele diz ter votado em Simone Tebet (MDB) no 1º turno. Agora, afirma que já está pedindo votos para Manato e para Bolsonaro em Vila Velha.

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Messias Donato: o enigma que resta

Entre os dez deputados federais eleitos pelo Espírito Santo, podemos contabilizar seis que apoiam Casagrande – Foletto (PSB), Helder Salomão (PT), Jack Rocha (PT), Gilson Daniel (Podemos), Victor Linhalis (Podemos) e Josias da Vitória (PP) – e três do lado de Manato – Gilvan (PL), Evair de Melo (PP) e Amaro Neto (Republicanos).

O ponto de interrogação paira sobre Messias Donato, metido em uma sinuca de bico: seu partido, o Republicanos, tende a ir em peso com Manato, mas ele mesmo deve a sua eleição a Casagrande e ao prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (UB), seu padrinho político e um dos principais aliados do atual governador.

Procurado pela coluna, Donato diz que segue aguardando o posicionamento oficial da direção estadual do Republicanos, que não se pronunciou até o presente momento: “O Erick já externou apoio ao Manato. O Amaro também. O partido, até agora, não se manifestou”.

Donato dá uma pista, porém:

“A gente precisa ter responsabilidade com a cidade. Cariacica tem um prefeito muito bem avaliado. O prefeito Euclério é o maior articulador do governador Renato Casagrande. E é inegável que o governador apoia muito a nossa gestão em Cariacica e que os 86% de aprovação do Euclério hoje se devem à articulação do atual governador, à nossa parceria com ele e ao canal direto aberto com ele.”

Quanto à eleição presidencial, Messias Donato apoia o outro Messias e já esteve até em Brasília nesta semana com Bolsonaro, num evento com deputados eleitos por siglas aliadas.

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Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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