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Coluna Vitor Vogas

Da esquerda à direita: a crítica mais comum de adversários ao governo Casagrande

Aridelmo Teixeira (Novo), Erick Musso (Republicanos), Fabiano Contarato (PT), Jackeline Rocha (PT)… Políticos de perfis tão diferentes encontram um “ponto de contato” quando chamados a avaliar o governo do socialista

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Da esquerda para a direita: Fabiano Contarato, Aridelmo Teixeira e Erick Musso

Aridelmo Teixeira (Novo), Erick Musso (Republicanos) e Fabiano Contarato (PT). O que esses três políticos tão diferentes entre si têm em comum, além de serem aspirantes ao cargo de governador na eleição de outubro e, consequentemente, desafiantes de Renato Casagrande (PSB)? Resposta: o teor das críticas que têm feito à istração estadual do socialista.

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Aridelmo é um liberal convicto, refletindo a ideologia de seu partido; Erick é um político de direita, autodeclarado “liberal na economia e conservador nos costumes”, além de defensor da “tradicional família brasileira”; Contarato é um senador que segue linha progressista na economia, nos costumes e nas pautas sociais, certamente posicionado à esquerda de Casagrande. Os três “se encontram”, porém, em entrevistas concedidas à coluna sobre as respectivas pré-candidaturas, nas críticas endereçadas ao governo Casagrande.

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Quando instados a avaliá-lo, dizem basicamente o mesmo com palavras variadas. E o cerne da crítica pode ser resumido assim: o Espírito Santo vai bem em matéria de saúde fiscal, mas a “saúde social” vai muito mal. E de nada serve ostentar a famosa “nota A” concedida pelo Tesouro Nacional – atestado de qualidade e eficiência em gestão fiscal – se a nota das políticas sociais fica bem distante disso.

Segundo esses oponentes de Casagrande, de nada adianta o governo do Estado apresentar equilíbrio financeiro, fazer superavit primário (isto é, gastar menos do que arrecada), ter dinheiro “sobrando” no caixa do Tesouro Estadual e ter criado um Fundo Soberano, se isso não se traduz para os capixabas em prestação de serviços de qualidade e se faltam políticas públicas que atendam a população que mais carece.

É, repito, a crítica primordial que o governo Casagrande tem recebido nesta pré-campanha, de todos os lados, da esquerda lulista à direita bolsonarista. No caso de Contarato cabe um acréscimo: igual crítica já havia sido feita pela presidente estadual do PT, Jackeline Rocha, também em entrevista à coluna.

E o que mais chama a nossa atenção, mais até que o próprio conteúdo das críticas, é precisamente isto: estamos falando de políticos que estão ou muito à direita de Casagrande (Erick, Aridelmo), ou à esquerda dele (Contarato, Jackeline), mas que convergem nessa avaliação – e, podemos pressupor, na estratégia eleitoral a ser adotada para tentar minar o favoritismo do atual governador.

Afinal, encontramo-nos naquele momento em que os potenciais candidatos ainda estão calibrando o discurso de campanha. Mas se todos, por todos os lados, estão dizendo mais ou menos a mesma coisa a esta altura do processo, Casagrande e seus estrategistas podem se preparar para apanhar bastante por esse flanco.

Para que não reste dúvida quanto a isso, resgatamos e republicamos abaixo, ipsis litteris, as declarações dadas por cada um dos nossos entrevistados acima mencionados:

Aridelmo Teixeira (17/04)

“A parte financeira do Estado ficou muito boa. Ela já vinha boa, porque o Paulo Hartung entregou um governo muito bem organizado financeiramente. Mas, na parte econômica, que é você desenvolver o Estado, ficamos para trás. […] Não adianta nada você virar um bom poupador se você não for um bom aplicador. Então, nesse caso, foi um desastre. Mais de 10 mil capixabas foram rebaixados à extrema pobreza, com base na Pnad. Como é que um estado acumula R$ 3 bilhões no caixa, sendo mais de R$ 2 bilhões livres, e deixa que aumente a população em extrema pobreza? O caixa do Estado enriqueceu, mas a extrema pobreza aumentou. Isso é inissível. Muitas famílias quebraram, se endividaram… Então o desempenho econômico foi um desastre.”

Jackeline Rocha (21/04)

“O governo Casagrande está devendo muito na área social. Muito. E por que eu acredito que está devendo? Não adianta um governo falar que tem dinheiro em caixa, enquanto a população está ando fome. […] A gente percebe que o objetivo muitas vezes é criar fundos, fundos e fundos, Fundo Cidades, Fundo Soberano… mas não está sendo ‘soberano’ para a população que mais precisa e não está tocando naquilo que mais precisa dentro das cidades.”

Erick Musso (08/05)

“Nós entendemos que, com o caixa que o Espírito Santo tem, conquistado ao longo dos últimos anos, desde o ex-governador Paulo Hartung, com a construção de todos os Poderes e da sociedade capixaba, podemos fazer muito mais pelo Espírito Santo. Não dá para ter um caixa cheio e um jovem morrer na porta do hospital, após quatro horas à espera de um leito. Não dá para ter um caixa cheio e as pessoas não conseguirem tirar carteira de identidade no interior e na Grande Vitória. Não dá para ter um caixa cheio e uma empresa superavitária como é a Cesan, por exemplo, e a Capital ficar desabastecida por quase 15 dias, e o governador dizer que vai abastecer as pessoas com caminhão-pipa.”

Fabiano Contarato (22/05)

“Acho, com todo o respeito, que você ficar se vangloriando com uma saúde fiscal, uma nota A em saúde fiscal, a troco de quê? Tem nota A em saúde fiscal, mas fica indiferente à dor da população? Basta você ver: aumentou o número de pessoas desempregadas, a uberização das relações trabalhistas. As pessoas estão sendo despejadas de suas casas, não têm onde morar. Aumentou o número de pessoas em situação de rua. Então a saúde social tem que acompanhar a saúde fiscal. Eu penso que o governo podia, sim, ter uma marca muito mais voltada para o campo social.”

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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