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Apesar do coronavírus, a economia não pode parar

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  • Por Marcelo Otávio de A. B. Mendonça

Ninguém quer parar, nem o maior dos preguiçosos… Por mais contraditório que possa ser, para exercitar o ócio, o cidadão não quer deixar de ver Netflix, comer pipoca e esperar a comida pronta. Porém, se o mundo parar, acabará o ócio, já que o preguiçoso sairá da inércia para buscar a sobrevivência… Afinal, nem a Netflix conseguirá se manter, nem o agricultor plantará o milho e não haverá mais restaurantes para lhe fornecer a comida.

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A introdução é uma crítica construtiva a todos aqueles que, preguiçosos ou não, por medo ou cautela excessiva, preferem manter o atual estado de isolamento total e suspensão das atividades econômicas (lockdown), pensando que esse é o melhor caminho contra o coronavírus.

O vírus é real e perigoso (ainda que para alguns), mas impedir a atividade econômica sem prazo definido é ainda pior. As empresas deixarão de ter faturamento, sem o qual será gerada uma onda de demissões (ainda que caras, não há outro caminho) e postergação/suspensão do pagamento de fornecedores.

Esses fornecedores, por sua vez, estarão diante da mesma situação: falta de faturamento, demissão, inadimplemento. O ciclo econômico vicioso não tem fim. E não adianta o Estado tentar impedir que as empresas façam as demissões. Não adianta congelar preços, nem dar liquidez com crédito a juros subsidiado. Não tem dinheiro, a conta não fecha! O capital é fruto da produtividade, em que um cria algo que traz valor a outro, que está disposto a ceder seu dinheiro por esse bem/serviço.

Com o lockdown, menos pessoas terão como pagar por algo, já que grande parte foi demitida, reduzindo o poder aquisitivo e, portanto, a demanda. Sem demanda, muitas empresas (que já estavam em crise por conta da queda do faturamento) fecharão as portas. Mais demissões. E o ciclo vicioso apenas se alimenta alegremente do caos econômico.

Isso tudo sem contar o aspecto psicológico do ser humano. O homem (como espécie) da atualidade não possui a capacidade de viver em cativeiro. Assim, esse ser preso, sem trabalho e sem dinheiro não terá a capacidade psíquica de ver um filho ando fome ou o(a) companheiro(a) com necessidades não supridas.

Esse homem vai cometer desvios que não cometeria. Vai roubar para comer, furtar para pagar a luz, enlouquecer, ficar doente, suicidar-se. Claro que isso não ocorrerá com todos, mas será em maior quantidade do que de mortos pelo coronavírus. E, mesmo que não seja, ainda assim teremos os mortos pelo vírus e os criminosos criados em função dele. Um ciclo vicioso social.

A paralisação do setor econômico tem impacto direto também na própria manutenção do sistema de saúde (afinal, tudo parou). A diminuição da arrecadação impacta diretamente os recursos ados à Saúde. Como serão produzidos remédios e outros itens necessários aos hospitais?

A paralisação é necessária, mas desde que curta e planejada, o suficiente para identificar os contagiados e isolar aqueles que são do grupo de risco. Seria necessário, desde já, apresentar a todos um planejamento organizado para retomada da atividade econômica. Esse é o único caminho saudável a ser seguido.

A retomada econômica deve ser feita pensando em todos os aspectos, desde a manutenção do isolamento dos idosos, ao plano de fiscalização de possíveis infectados, à redução da carga tributária e à postergação dos tributos, à facilitação das relações de emprego. Um plano de ação completo, único.

O homem da atualidade vive para trabalhar, porque ele quer consumir, ele quer viver, aproveitar a vida, lucrar. O homem da atualidade não quer parar.

Sobre o autor

Marcelo Otávio de A. B. Mendonça. Foto: Divulgação

Marcelo Mendonça. Foto: Divulgação

Marcelo Mendonça, advogado especialista em operações societárias e empresário, é presidente do Ibef Jovem ES e membro do Líderes do Amanhã.

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O IBEF Academy é o programa de auto formação do IBEF-ES, com foco em gestão, economia, finanças e filosofia. Seu objetivo é contribuir para a evolução do ambiente de negócios no Espírito Santo, qualificando profissionais e fortalecendo o ecossistema econômico e financeiro do estado.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.