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A sociedade civil se une para defender a democracia

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A expressão se consolidou durante a ditadura. Como contraponto à estrutura militar estabelecida no país, dirigentes de organizações representativas de classes (OAB, ABI etc.) e personalidades com reconhecida importância por conta de sua trajetória profissional e social formavam a chamada “sociedade civil”. Ou seja, eram as vozes civis de resistência aos militares, à ditadura. Em nome dessa resistência, deixavam de lado eventuais diferenças políticas ou ideológicas porque havia um adversário comum a ser combatido: o autoritarismo. Pois essa ‘sociedade civil’ começou a se reorganizar na semana ada, diante da tensão gerada pelos confrontos do presidente Jair Bolsonaro com outros poderes.

Não é segredo para ninguém o apoio dos seguidores do presidente à intervenção militar. Nas redes sociais, a defesa de atos autoritários por parte dos bolsonaristas é cada vez mais comum. Tornou-se inevitável a organização das forças sociais para defender a democracia. Os exemplos dessa organização são muitos. O movimento Estamos Juntos lançou um manifesto na sexta-feira, dia 29, se propondo a “unir pessoas de diferentes matrizes ideológicas em defesa de temas como a lei, a ordem, a política, a ética, as famílias, o voto, a ciência, a verdade, o respeito e a valorização da diversidade, a liberdade de imprensa, a importância da arte, a preservação do meio ambiente e a responsabilidade na economia”. Até a noite de domingo, dia 31, o manifesto já tinha mais de 150 mil s. A enorme relação junta defensores do socialismo e liberais radicais.

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Não é caso único. No domingo, um outro manifesto, chamado de “Basta!” trouxe a de 720 profissionais do Direito. “O Brasil não pode continuar a ser agredido por alguém que, ungido democraticamente ao cargo de presidente da República, exerce o nobre mandato que lhe foi conferido para arruinar com os alicerces de nosso sistema democrático”, diz o texto. Ele é precedido de um pensamento do filósofo austríaco Karl Popper para justificar a necessidade de reagir diante de posições extremistas. “Menos conhecido é o paradoxo da tolerância: a tolerância ilimitada pode levar ao desaparecimento da tolerância. Se estendermos a tolerância ilimitada até àqueles que são intolerantes; se não estivermos preparados para defender uma sociedade tolerante contra os ataques dos intolerantes, o resultado será a destruição dos tolerantes e, com eles, da tolerância…”

O recado não poderia ser mais direto. Porque agora não se trata de defender ideias, mas de defender a democracia. E a história mostra como a sociedade civil é vitoriosa quando se dispõe a defender algo tão valioso para todos…

Antonio Carlos Leite

Antonio Carlos tem 32 anos de jornalismo. E um tempo bem maior no acompanhamento das notícias. Já viu muitos acontecimentos espantosos. Mas sempre se sente surpreendido por novos fatos, porque o inesperado é a maior qualidade das coberturas jornalísticas. E também da vida...

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